Agora que a noite já espancou todas as résteas sangüíneas do sol poente, instalando as sombras sobre a cidade cansada; quando os homenes e as mulheres que trabalham duro regressam extenuados para seus lares; que as luzes artificiais procuram afastar a escuridão e traçam um colar ao redor do lago, refletindo-se nas águas mansas do Paranoá, eu resolvi escrever uma mensagem para o meu país.
Uma mensagem de esperança, de fé, de amor, de confiança.
Sim, porque os acontecimentos dos últimos meses, numa sucessão desagradável e estonteante, têm espalhado descrença, tristeza, desinteresse, medo, em todas as camadas da nossa população, exceto aqueles desligados e indiferentes, que graças a Deus são poucos, que não se dão ao trabalho de meditar sobre os destinos da nossa pátria, que rumo ela irá tomar nas mãos de tantos bandidos.
A minha mensagem é como um credo: esta nação, que já foi berço de tantos nomes dignos, ainda possui ânimo, fôlego e forças para sair deste lodaçal tão violento e tão humilhante. Ainda existem nomes dignos de nossa admiração. Eu sei que eles andam escondidos, cabisbaixos, olhando de lado ou para o chão, mas estão aqui no nosso seio, aguardando uma oportunidade de sair do casulo, de soltar o verbo, de agir na hora precisa.
Para tanto, urge saibamos utilizar o voto. Pesquisar, deixar de lado a troca simples de favores e agir com a razão, dando um não aos corruptos, aos irresponsáveis, aos indignos de nos representar. |