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Poesias-->Cecília Meireles - Quatro belos poemas -- 15/06/2002 - 17:19 (Márcio Filgueiras de Amorim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Motivo ( Cecília Meireles)



Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.



Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.



Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.



Sei que canto. E a cançào é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

- mais nada.



--------------------------------------------



2)Das Palavras Aéreas (parte)( Cecília Meireles)



Ai, palavras, aí palavras,

Que estranha potência, a vossa!

Aí palavras, aí palavras,

sois de vento, ides no vento,

no vento que não retorna,

e, em tão rápida existência,

tudo se forma e transforma!



Sois de vento, ides no vento,

e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, aí palavras,

Que estranha potência, a vossa!

Todo o sentido da vida

principia à vossa porta.;

o mel do amor cristaliza

seu perfume em vossa rosa.;

sois o sonho e sois a audácia

calúnia, fúria, derrota......



A liberdade das almas

ai! com letras se elabora.....

e dos venenos humanos

sois a mais fina retorta:

frágil, frágil como o vidro

e mais que o aço poderosa!

Reis, impérios, povos, tempos,

pelo vosso impulso rodam......



--------------------------------------



3)Canção ( Cecília Meireles)



Nunca eu tivera querido

dizer palavra tão louca :

bateu-me o vento na boca

e depois no teu ouvido.



Levou somente a palavra,

deixou ficar o sentido.



O sentido está guardado

no rosto com que te miro,

neste perdido suspiro

que te segue alucinado,

no meu sorriso suspenso

como um beijo malogrado.



Nunca ninguém viu ninguem

Que o amor pusesse tão triste.

Essa tristeza nao viste,

e eu sei que ela se ve bem...

Só se aquele mesmo vento

fechou teus olhos, também...



-----------------------------------



4) Timidez ( Cecília Meireles)



Basta-me um pequeno gesto,

feito de longe e de leve,

para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...

-- mas só esse eu não farei.



Uma palavra caída

das montanhas dos instantes

desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes...

-- palavra que não direi.



Para que tu me adivinhes,

entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,

ponho vestidos noturnos,

-- que amargamente inventei.



E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando

nos ares certos do tempo

até não se sabe quando...

-- e um dia me acabarei.
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