Quarta-feira é o dia...
maria da graça almeida
O sol surge sem medo,
tudo é alegria,
o céu veste-se de céu...
Nem me lembro da poluição cinza
que comumente cobre a cidade.
Os carro buzinam freneticamente?
Ora, sei lá, só ouço pássaros
e estes cantam em tom maior.
Preparo-me com cuidado.
Cabelo ao lado, brincos cintilantes
nos lábios um batom claro,
leve, mas brilhante.
Sandálias baixas
põem-me mais ágil,
auxiliam na correria,
que o entardecer deste dia
promete.
As horas? Ah! Ainda dezessete...
O relógio anda sem pressa,
irritante, tiquetaqueia
com preguiça.
Quedo-me na sacada,
o coração aos saltos.
E meu amor não chega...
São Paulo anda parada,
caminho de lá para cá.
Aperta -me o peito
a resfolegar impaciente,
insatisfeito.
Novamente, espio o relógio.
Ué, será que parou?
De repente,
uma buzina...sinaliza alegria!
O portão abre-se,
vagarosamente.
Pela janela,
a mão inquieta acena pra mim.
Retribuo o aceno, sorridente.
Ouço a vozinha ansiosa:
-Vó, cheguei, vamos até à lojinha?
Faço um sinal positivo
e entro correndo.
Aguardo-o na porta
com a bolsa na mão!
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Marcela, minha filha, sinto muito,
agora é sua vez. Faça sua parte.
Coloque os limites necessários.
Eu já cumpri o meu papel.
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De mãos dadas,
com pacotes coloridos,
e o riso abundante,
retornamos felizes,
não sei mais quem,
se eu ou se o Enrico,
o meu passarinho falante. |
