Inquilino
Alugastes um espaço dentro de mim.
Grande e oblíquo, escuro.
Não me permite esquecer
Que há um vazio,
Incomoda e perturba
De dentro para fora
Da boca para o centro
De mim.
A boca que te viu
Com olhos de garganta,
Que percorreu teus passos
No espaço alugado.
Deixaste teu quarto
E viestes de novo
Na chuva, no frio
Mendigo e doloroso- pedinte.
Quebrastes o vidro, invadistes.
Desta vez, não alugastes.
Tomastes conta, janelas-
Janelas e portas-
Escada, paredes,
O chão. As chaves.
Desta vez, o coração inteiro.
|