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Contos-->38. OS IRMÃOS DO MÉDIUM -- 11/05/2002 - 05:39 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Valfrido era médium desenvolvido. Conseguia ver, ouvir e atender mecanicamente os espíritos, de sorte que se destacava entre seus pares do centro. Em casa, contudo, os quatro irmãos sequer suspeitavam daqueles atributos e o tratavam como a qualquer outra pessoa.

Valfrido achava tudo muito bom, até que, certa feita, foi discutido o assunto religião entre eles. Querendo captar os familiares para a crença espírita, precipitou argumentos e revelou-se intempestivamente como mediador dos planos. O desvelamento ocorreu de modo subitâneo, apanhando de surpresa os desavisados irmãos, que não comentaram de imediato a condição do médium, mas reservaram-se o direito de prestar-lhe auxílio oportuno.

Dos quatro, Antônio era o mais velho e mais compenetrado da necessidade de levar ao irmão a notícia de Deus. Adepto fervoroso do cristianismo protestante, não admitia a hipótese de que alguém da família pudesse ter-se desviado tanto da linha de conduta evangélica predisposta pelo pai para toda a família. Pensava ele:

— O velho — Deus o tenha! — não deveria ficar um pouco só satisfeito com tal defecção. Tenho de levar de volta a ovelha ao redil. Essa será a minha missão.

Bolou plano de aproximação e, tendo convidado o Valfrido para cerimônia de culto na igreja, aproveitou o ensejo para dar relevo às palavras da pregação do irmão orador. Tendo o tema sido previamente combinado, discorreu o bom pastor a respeito da proibição de os viventes se comunicarem com os mortos. Buscou no Velho Testamento as passagens abonatórias, esclareceu que o Cristo prometeu voltar para o Juízo Final e prognosticou as chamas dos infernos para todos os que desrespeitassem as leis de Deus e seus sublimes mandamentos.

Valfrido, vendo a sofreguidão do irmão e a insistência do ministro em se voltar para sua direção, consultou intimamente os guias e adquiriu a certeza do complô para sua salvação. Não se fez de rogado, contudo, e ouviu pacificamente a todas as recomendações.

Em casa, procurou o Antônio e fez ver a ele que em nada interferiria no que respeitasse à crença do irmão. Punha-se a seu dispor para as explicações cabíveis, mas não arredaria pé de sua crença. Fosse, agora, ao centro, da mesma forma que o acompanhara ao templo, e lá poderia observar que não eram demônios que vinham falar em nome de Deus.

Antônio arrepiou-se todo e negou provimento ao convite do irmão. Abjurava a fé espírita e, se o irmão persistisse nela, teria de afastar-se dele, para que não houvesse contaminação. Exercia direitos de pai, na ausência do velho senhor desencarnado há vários anos e lídimo representante da congregação evangélica no bairro. De resto, o pai fora pessoa preeminente na religião, pois exercera, por largo tempo, as missões de ministro auxiliar, tendo conduzido à fé protestante inúmeras pessoas que sua insistência e sagacidade verbal conseguiram convencer nas pregações dominicais. Ia de porta em porta com as revistinhas e com as palavras de muito amor e advertência. Sua integridade, sua postura moral, sua projeção no seio da comunidade, sua constante ajuda aos pobres e sua assistência aos infelizes fizeram dele pessoa benquista de todos. Antônio, portanto, temia também pela memória do pai.

Valfrido, por seu turno, lembrava que o pai fora, isto sim, bom espírita, pois jamais falara mal de ninguém, jamais intentara demover quem quer que fosse para a sua crença, desde que notasse sincera convicção. Aliás, fora acompanhando-o nas visitas domiciliares que percebeu o largo espectro de bondade e a grande clarividência do pai.

Episódio assinalado nesse aspecto se deu no dia em que, ao ser recebido em residência espírita, o pai saiu de lá sobraçando O Livro dos Espíritos, o qual deixou largo tempo à sua cabeceira, sem coragem para abrir. No dia de sua morte, escândalo dos escândalos, lá estava o livro aberto em belíssima mensagem. Antônio, sem saber o que fazia, com medo até de tocar na obra, pediu a Valfrido que se desfizesse daquilo.

Foi a partir daí que tomou contacto com a doutrina, pois leu todas as mensagens dos espíritos e ponderações de Kardec, com o máximo de zelo. Ao seu lado, vinham postar-se diversas entidades que via e ouvia e com quem mantinha edificantes diálogos. Por essa ocasião, não chegara aos dezessete anos e se poderia considerar médium desenvolvido. Durante uma dessas manifestações, foi-lhe pedido que comparecesse ao centro e que, se fosse o caso, mantivesse o fato incógnito, para não ferir susceptibilidades. A revelação extemporânea precipitara os acontecimentos.

Ciente de que Antônio voltaria à carga, resolveu Valfrido preparar-se convenientemente, lendo todos os argumentos apresentados por Kardec para enfrentar os opositores, quer nas diversas obras, quer na monumental Revista Espírita. Ao tempo desta narrativa, não havia qualquer tradução portuguesa, de modo que preciso lhe foi desdobrar-se para entender o texto na língua de origem. Surpreendeu-se, contudo, com a facilidade da compreensão. Ao perlustrar os diversos artigos, acabou por esquecer-se completamente do objetivo inicial e passou a abeberar-se da história do espiritismo vertida para aquelas páginas inolvidáveis.

Ao ser surpreendido pelo irmão mais novo com a obra na mão, não teve outro recurso senão mostrar-lhe o de que se tratava. Este sentiu curiosidade pelos desenhos de várias casas em Júpiter e ficou tão impressionado que se interessou por conhecer a doutrina. O rapazinho beirava os treze anos e já se compenetrava de que a razão deveria reger o procedimento humano.

Valfrido considerou a idade do irmão e, para não deixá-lo às voltas com considerações demasiado filosóficas, entregou-lhe para leitura O Evangelho Segundo o Espiritismo. Otávio era o melhor aluno da turma e nunca se atrapalhara com a interpretação bíblica. Se até aquela data fora capaz de aceitar a visão problemática do céu e do inferno, era bem possível acompanhar Kardec em seus comentários de muito amor e elucidação a respeito da palavra do Senhor.

Ao cabo de três semanas, eis o pequeno às voltas com O Livro dos Espíritos, naquela velha brochura do pai. Quando tinha dúvidas, à sorrelfa, buscava as explicações do irmão e com ele entretecia comentários muito ajuizados e ponderados.

Certa ocasião, contudo, Alfredo, íntimo no relacionamento com o mais velho, surpreendeu a confabulação dos dois e entregou-os à justiça do venerável irmão. O dia foi de imensa tristeza para Otávio, que se viu terminantemente proibido de conversar em particular com Valfrido. Aliás, este só não foi excluído de casa por intervenção da irmã, última das personagens que habitava aquele modesto sobradinho nos arrabaldes da grande cidade. Virgília achou a propositura de Antônio desarrazoada e ameaçou ir com o irmão, desamparando os demais. Que se lembrassem dos pais, sempre amigos dos filhos, estremecidos e compreensivos. Antônio que cuidasse do mau gênio, pois a religião estava para unir as pessoas, não para que houvesse cizânia e discórdia. Citou o Velho Testamento e disse que a casa de Israel precisava continuar sob os olhares do Pai. Feliz coincidência, Israel era como se chamava o pai, de modo que as palavras tocaram fundo a emoção do mais velho, que se penitenciou diante de todos, mas exigiu que dentro daquela casa só se lesse a Bíblia e só se comentassem os Evangelhos à luz do protestantismo. Fazia calar-se Valfrido e esfriava o entusiasmo ao caçula.



Por aquela época, os trabalhos no centro intensificaram-se. A comunidade espírita preparava-se para receber um dos próceres do movimento, de modo que tudo se engalanava com ares de festa. A pessoa era verdadeiramente importante e muita alegria estava depositando no coração de todos. Valfrido foi escolhido o orador da recepção, de modo que suas palavras viriam em primeiro lugar. Para desempenhar o papel com extrema responsabilidade, julgou oportuno encontrar lugar isolado onde pudesse ensaiar o discurso. Busca que busca, encontrou saída brilhante. O templo em que o irmão exercia influência ponderável ficava durante o dia com as portas fechadas. O recinto do centro estava constantemente ocupado para os preparativos do grande encontro, de sorte que foi uma bênção o fato de poder ficar à vontade naquele lugar deserto.

Sem que o Antônio percebesse, apanhou a chave que ficava à disposição dos crentes em sua casa e lá foi, com as anotações, ocupar a tribuna do pastor. Não reparou estar sendo seguido e entrou pela porta dos fundos, deixando-a entreaberta para avaliar o movimento de fora. Contudo, ao postar-se no púlpito, perdeu de vista a porta, por onde entrou pequena sombra que se foi esconder em desvão da escada que levava ao coro. Já se sabe quem estava lá: o jovenzinho Otávio, ávido por matar a curiosidade a respeito do que poderia fazer ali aquele espírita convicto.

Valfrido pigarreou e percebeu que o recinto aceitaria tom oratório, pois a acústica era boa e a reverberação da voz emprestava à solenidade da fala a respeitabilidade do sagrado. Arrepiou-se todo quando viu os guias postados nas primeiras fileiras, tendo-se surpreendido com a verdadeira multidão espiritual que abarrotava todo o anfiteatro. Desacostumados com aquela compenetração, os curiosos ouvintes queriam novas a respeito da vida e da existência. Valfrido sentiu-se em casa.

Mal começou a falar, notou superior presença no meio do auditório. Lá estava o pai, o velho Israel, a ouvir-lhe atentamente a peroração. Era o primeiro contacto que estabelecia com o venerando senhor e as lágrimas começaram a escorrer-lhe pelas faces. A seriedade do ambiente, contudo, despertou-o para as responsabilidades e deu curso à oratória com grandiloqüência e profundo amor. A voz embargada dava o tônus da emotividade conveniente para a ocasião e ele omitiu as referências à personalidade do homenageado, preferindo estender-se de modo especial a respeito das virtudes e da conquista da suprema felicidade por meio do amor ao próximo e da caridade. Terminou com o lema espírita e foi aplaudido de pé pela multidão.

Para Otávio, o único a aplaudir era ele mesmo, que se perturbara enormemente com a vibração emprestada pelo irmão à sublime oração. Ao repetir a célebre frase de que fora da caridade não existe salvação, o menino saltou ao pescoço do irmão a agradecer-lhe profusamente as sábias orientações. Não sabia que o amplexo abrangia a figura do pai, enlevado pela sublimidade da disposição moral dos filhos.

Aquela tarde passou despercebida para os demais membros da irmandade. Crente de que estava deveras amparado pelo plano superior, Valfrido julgou inútil repetir o feito e deu por encerrados os preparativos.

De fato, na noite grandiosa da casa de benemerência espiritual, pôde constatar que o auditório estava repleto para a efeméride. Discursou para encarnados e desencarnados e revelou-se aos olhos do arguto ministro da espiritualidade ali recebido, como promissor divulgador do espiritismo.

Ao final da alegre e proveitosa sessão, após os costumeiros cumprimentos, o irmão homenageado fez questão de anotar o endereço do novo amigo e orador. Não se arrependeria de ter tão profundamente manifestado sua habilidade oratória. Seria aproveitado em larga escala. Aguardasse.

De fato, um mês após, eis Valfrido em salão de grandes proporções, escalado como um dos oradores da noite. Previamente foi conhecer o local e assustou-se com a responsabilidade. Preparou-se, todavia, o melhor que pôde e, com o irmãozinho designado como porteiro e vigia, foi treinar de novo no templo evangélico.

Essa vida perdurou por mais de dois anos e a multidão que lhe acorria às conferências enchia todos os auditórios, principalmente no plano dos desencarnados. Valfrido consagrou-se como um dos primazes do espiritismo e só não atingiu o pessoal de casa porque proibido lhe fora trazer os temas espíritas à discussão.

Antônio, Alfredo e Virgília, com extensos trabalhos na comunidade, deixavam o pequeno Otávio mais ou menos à solta, de modo que Valfrido podia passear com ele à vontade, administrando-lhe os ensinamentos mais convenientes para a idade do irmão. A família estava, portanto, apaziguada, até que...



Já famoso no âmbito do espiritismo, Valfrido foi convidado a escrever os discursos para publicação. Não querendo, contudo, oferecer obra que cheirasse a ranço de sacristia, como dizia a brincar, julgou de bom alvitre testar todas as peças de modo bem prático, diante de público atento. Para isso, nada mais conveniente do que o templo evangélico, cuja chave continuava à disposição. Combinou com o Otávio e lá foi treinar a oratória.

No quinto dia, estranhamente, o auditório estava absolutamente vazio. Nem o pai compareceu naquele dia, o mais freqüente dos ouvintes. Os guias e instrutores também não estavam presentes por mais fervorosas fossem as preces com que os evocava. Estava ao desamparo da espiritualidade. Respirou fundo, sem saber o que fazer, e resolveu retirar-se sem discursar, para meditar a respeito. Otávio estranhou a atitude do irmão mas não lhe pediu explicações, dado o ar de profundo abatimento e da mais séria compunção que o afligia.

Em casa, ao encontrar-se só, Valfrido quis saber dos orientadores espirituais o que sucedia. Nenhuma resposta. No centro, participou de todas as atividades, viu os orientadores da casa mas não teve oportunidade de receber deles qualquer informação. O trabalho havia sido absolutamente normal, o que lhe indicava que algo estaria errado no local que freqüentava às ocultas, a ponto de afastar de si até os mais íntimos. Não mais se desesperou mas pôs-se curioso para a resolução definitiva do mistério.

Na tarde seguinte, à hora habitual, chamou o irmão e lá foram ambos de novo para o ensaio. De volta a casa, atirou-se sofregamente à leitura de suas obras. Evidentemente, algo estava impedindo-o de repetir o que por inúmeras vezes conseguira. Estaria o mal nele? Teria afastado o pessoal com o teor das mensagens? Poderia alguma força desconhecida obrar para impedir que a multidão, que tantas vezes o aplaudira, voltasse a ouvir-lhe a palavra de amor e orientação? Tê-lo-iam os instrutores abandonado, tendo em vista ter crescido em orgulho, vaidade e egoísmo? Poderia estar ocorrendo que os irmãos estivessem a espreitá-lo, de modo a surpreendê-lo no ato, acusando-o de impiedade, à vista da doutrina que professava? Quem estaria por trás de tão insólita perturbação de rumo?

Leu, ou melhor, percorreu vorazmente todos os autores que mantinha hermeticamente fechados em grande mala debaixo da cama. Ao seu lado, dormia o menor, de sorte que tinha certa liberdade de manipulação das sagradas obras. Na escrivaninha, os mais velhos não tocavam, com medo de contaminação. Aliás, o seu relacionamento estava há muito abalado e os irmãos já se recusavam a conversar com o orador, especialmente quando descobriram que sua preeminência estava estabelecida.

Valfrido imaginou que aí pudesse estar o princípio de tudo e, naquela noite, puxou conversa. Surpreendentemente, recebeu todas as respostas e até lhe foi indagado quando é que conseguiria ter o livro publicado. Surpresa das surpresas! Levou bastante a sério o interesse dos irmãos mas calou-se para não precipitar fatos que, um dia, seriam de conhecimento de toda a humanidade.

Na tarde seguinte, ao ir apanhar a chave da igreja, não mais estava no lugar. Otávio também desconhecia a razão de lá não estar e se prontificou a ir ao templo, a fim de verificar o que ocorria àquela hora. Estavam todas as portas fechadas. Arrumou desculpa para bater, mas ninguém o atendeu. Voltou com a notícia ao irmão, que mais curioso ficou sobre o que poderia estar ocorrendo. Primeiro o auditório deserto. Agora as portas trancadas. Decididamente, queriam afastá-lo daquele local.

À noite, estando trancado no quarto a preparar o último discurso da série, Virgília veio chamá-lo, pois a família precisava conversar.

Soube, então, diante do ar alegre dos irmãos, que todos haviam sido excluídos da irmandade por abuso de confiança. Estranhas vozes e tremores vibratórios poderiam sentir-se durante as tardes na casa de orações. Passantes testemunhavam que, estando o templo deserto, podiam ouvir alguém pregando em altas vozes. Correu entre os fiéis a notícia de que algum demônio estaria ocupando a sagrada tribuna. Em nenhum momento suspeitaram de que poderia ser alguém de carne e osso, de modo que foram lá realizados exorcismos para afastar os espíritos do mal.

Valfrido ignorava tudo, mas tinha sido prevenido pelos amigos da espiritualidade pelo fato de encontrar o recinto vazio. Naquelas tardes, vinha postar-se o pastor no fundo da igreja, com tremores de frio e o suor a escorrer-lhe pelas faces. Metia-se debaixo do pano que cobria o piano e lá ficava aguardando as vozes do além. Convidara outros fiéis, mas nenhum havia reunido coragem suficiente para enfrentar o demo, até que, no último dia, corajosamente, ao ouvir os passos costumeiros, resolveu tirar a cabeça fora da coberta e deu com a presença ali da figura do Valfrido, famoso na coletividade como representante das forças ocultas. Não teve coragem de enfrentar a figura, na indecisão de que se tratava do próprio ou de algum fantasma transvestido. Enfiou-se de novo sob a coberta e aguardou que algo sucedesse. Diante do silêncio que se fez, saiu a custo do esconderijo, com a idéia perfeita de que estava na hora de tomar dos irmãos a chave que lhes fora confiada. Com a chave, a comunidade resolveu solicitar de todos que se afastassem do santuário até que convertessem o irmão, de forma clara e insofismável.

Enquanto os dois irmãos mais velhos deliberavam a respeito do que fazer, Virgília chorava num canto da cozinha, desesperada com a tempestade que se aproximava. Era a hora em que Valfrido, no quarto, solicitava dos guias intervenção e ajuda especiais. Pois naquele instante de pressão e angústia, Israel fez-se presente para os filhos reunidos. Através de fala direta, utilizando-se dos recursos magnéticos do filho em oração, exortou a família que se unisse em torno do espiritismo. Fez longa explanação a respeito da doutrina e saiu prometendo voltar na noite seguinte. Deixava demarcada a presença com linda rosa branca colhida em jardim de amor.

Tal presença se repetiu por três vezes, de modo que todas as dúvidas e interrogações íntimas dos filhos puderam ser respondidas e explicadas à exaustão. O poder espiritual se exercia completamente.

Na quarta noite, Valfrido foi convidado a participar. Recebeu os informes acima referidos e inteirou-se da vontade do pai. Sentiu a ascendência que o velho mantinha sobre os filhos e agradeceu intimamente a todos os guias as providências que jamais teria condições de imaginar. Leu para os irmãos o que seria seu penúltimo discurso e com eles, absolutamente emocionado, realizou a primeira sessão mediúnica de que participava conscientemente em casa. Após as belíssimas manifestações dos guias, que muito se regozijavam com os efeitos de suas elucubrações, recebeu a incumbência de narrar todos os acontecimentos em forma de palestra a ser consignada como página final da primeira obra.

Hoje, a família dedica-se com afinco ao estudo e ao trabalho, tendo Otávio manifestado dotes maravilhosos para o mediunato.

Eis que, de repente...

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