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Artigos-->Síndrome de Adão -- 05/01/2007 - 19:25 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Síndrome de Adão





Os três personagens a seguir têm em comum a síndrome de Adão: foram expulsos porque infringiram as regras ditadas pelos seus superiores.



No começo de 2007, eu passeava pelos corredores do Senado e logo a minha frente caminhava um certo senador. Poucos metros a frente dele, uma eleitora o aguardava com um largo sorriso e uma postura de quem iria abraçá-lo. Com a aproximação dele, ela se afastou para a direita ao perceber que ele não pararia para cumprimentá-la. Ele quase a ‘atropelou’. Ainda assim, ela ficou com o braço estendido esperando um aperto de mão. Novamente o senador a ignorou. Ela manteve o braço estendido, sua mão roçou no braço direito dele e nem sequer ele a olhou. Ele certamente não saberia descrever o rosto e a roupa daquela mulher, embora ela estivesse paramentada de baiana - traje típico da região dele.



Dias depois, cheguei a uma lanchonete na Avenida W3 Sul, em Brasília, e pedi o lanche de sempre: uma vitamina mista e um pão de queijo. Muito solícito, o rapaz me atendeu, serviu a vitamina no copo e me trouxe o salgado. Para minha surpresa, ele se esgueirou do patrão, que estava no caixa e nada viu, e sorrateiramente bebeu o resto da vitamina que sobrou no fundo do copo do liquidificador. Com o gesto daquele rapaz, entendi que os funcionários eram proibidos de comer em serviço. Terminei o lanche, mas não me satisfiz. Não foi prazeroso. Durante dias, tentei entender o porquê de o patrão negar que seus funcionários aproveitassem as sobras. Tentei entender o funcionário que, embora estivesse faminto, não podia se queixar ao patrão e tampouco quebrar aquela regra.



Dias depois estive num Centro de Compras. À saída, quando fui pagar o estacionamento, dei-me conta de que havia perdido o comprovante de entrada do estacionamento. Expliquei ao caixa e ele me encaminhou ao supervisor. Este anotou os dados do meu carro e perguntou há quanto tempo estava estacionado. Disse que umas três horas, mas não tinha certeza. Ao que ele me respondeu: “Tá bom, vou lhe cobrar uma hora. Tanto faz o senhor pagar uma ou três, o chefe aqui não me paga por comissão mesmo”. Como a decisão era dele, e eu detesto pagar estacionamento nesses lugares em que a empresa não faz nenhum investimento que justifique a cobrança, confesso que não protestei e fui embora.



Para escrever essas mal traçadas linhas, procurei saber como aquele senador se saiu nas eleições seguintes, visitei a lanchonete à procura daquele balconista, e, no Centro Comercial, simulei que havia perdido o comprovante do estacionamento. Por fim, descobri que o senador Antonio Carlos Magalhães sofreu talvez a maior derrota eleitoral de sua vida e que tanto o balconista quanto o supervisor não trabalhavam mais naqueles lugares.



Nesses três casos, todos os personagens deram pouca importância para as regras ditadas pelos seus superiores. Como foram expulsos dos seus locais de trabalho, espero que não façam igual a Adão e saiam povoando a Terra.



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