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Artigos-->Viena é assim... -- 16/03/2007 - 17:12 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Viena é Assim

Ao chegar em Viena, capital da Áustria, vê-se logo que estamos pisando num país de primeiro mundo, de prédios antigos, limpos e ruas bem cuidadas. Povo bonito assim nunca vi. Surpreendeu-me sua hospitalidade e educação para com os turistas. Numa dessas demonstrações, uma senhora que passeava com uma criança no parque, ao ver-me tirando minhas próprias fotografias, se ofereceu para me ajudar. Não posso esquecer a vergonha que ela ficou ao deixar cair a minha câmera. Foi um constrangimento só, mas, imediatamente, tratei de acalmá-la e dizer que fora apenas um acidente e que a máquina estava intacta.

No Der Park Ist Geöffnet, uma garota passeava com seu cachorro perto do chafariz. Enquanto ela escorava a bicicleta, o cãozinho escapou e na correria caiu na água. Como a borda da fonte era alta, ele não conseguia sair sozinho, e a garota gritava desesperada sem saber como salvá-lo. Então, aproximei-me para ajudá-los. Mas o cãozinho só aceitou minha ajuda quando ela chegou e junto o puxamos pelas orelhas. Ele me molhou sacudindo a água do seu pelo branco e sorriu para mim com um latido e um abano de rabo, a mocinha, menos entusiasmada, apenas sorriu.

Em Viena, algumas curiosidades saltaram-me aos olhos. No Brasil, o que chamaríamos de desperdício de água, lá é usado em abundância para regar os lindos jardins dos parques abarrotados de gente branca descansando e lendo. Aliás, seja nos jardins ou no metrô, livro é o que não falta nas mãos daquele povo. As nossas diferenças não param por aí: para quem anda nas ruas do Brasil esbarrando em mendigos, crianças abandonadas e indigentes estranha Viena, pois não se topa com esses tipos por lá.

Não ter cobrador ou catraca eletrônica nos metrôs foi o maior sinal de civilização que já vi! Outro destaque foi pedir a conta no restaurante e o garçom mesmo acertar o preço, receber o dinheiro e passar o troco, sem aquele negócio de ficar esperando, como comumente acontece em outros lugares e no Brasil. Lá tudo é certinho, nada anda fora do lugar. Mesmo sabendo disso, arrisquei a nossa famosa pechincha numa loja de chocolates, porém não obtive sucesso: o vendedor ameaçou guardar os bombons se eu não tivesse os dez centavos que faltavam para completar o valor dos chocolates.

Muitas dessas experiências aconteceram na companhia do meu amigo-cicerone-pesquisador Arnaldo Caliman que, mesmo puxando do pé machucado, me levou em seu carro vermelho a Pratislava, capital da antiga República Theca, e aos mais belos restaurantes e cervejarias. Emocionei-me andando naquelas calçadas em que pisaram Hitler, Mozart e Strauss. Igualmente emocionante foi conhecer verdadeiros esconderijos de paredes largas que suportaram duas guerras mundiais. Era impossível não imaginar as lágrimas, os gritos e o sangue derramado das vítimas dos canhões alemães.

Todavia o que mais me impressionou foi o sistema de educação da Áustria. Lá, todas as crianças tem acesso à escola pública e gratuita, dos 6 aos 15 anos. Há também poucas escolas particulares, que, muitas vezes, são preferidas por pais que optam por um colégio religioso ou porque em algumas escolas públicas há muitos alunos estrangeiros sem o domínio da língua alemã, ou mesmo do inglês, o que desacelera o ritmo das aulas. Tanto para o ensino público, quanto para o particular, as famílias recebem do governo cerca de 200 euros mensais por filho matriculado na escola e até mesmo na universidade. Só perde o benefício quando o aluno começa a trabalhar.

Os quatro primeiros anos da escola austríaca (equivalente ao nosso ensino fundamental) são iguais para todos os alunos. Entre os 10 e 11 anos começam as diferenças. As crianças que tenham notas iguais ou superiores a 80% em matemática, inglês e alemão vão para o 5º ano em um "grupo de elite" (este termo é apenas simbólico, não é usado lá, só significa que são os colégios com os alunos de melhores notas que passam para a escola secundária). Em alemão diz-se Gymnasium – palavra de origem latina – o que lembra o nosso antigo ginásio, também elitizado, já que naquela época os pobres raramente chegavam à quinta série. Os demais alunos continuam freqüentando a escola em um grupo secundário, que terá um ano a mais de duração. A partir dos 14 anos, o "grupo de elite" deverá optar pela grade curricular que os preparará para entrar sem vestibular na universidade ou em outra carreira e os alunos do grupo secundário que tenham se recuperado e conseguido os 80% de média poderão entrar também no "grupo de elite". Aqueles que não atingirem os 80% farão uma prova de admissão como última chance. Geralmente poucos conseguem passar nessa prova. Finalmente, os alunos que continuarem no grupo secundário optarão por fazer cursos profissionalizantes, que os habilitarão a trabalhar ou a entrar na faculdade, ou ainda por deixar a escola a partir dos 15 anos, pois não serão mais obrigados a estudar, sobrando para eles o trabalho num subemprego.

Pois é... Viena é assim!



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