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Artigos-->O VÍRUS DO RACISMO E DA DISCRIMINAÇÃO -- 29/03/2007 - 20:17 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O VÍRUS DO RACISMO E DA DISCRIMINAÇÃO



João Ferreira

29 de março de 2007



Escrevo preocupado com algumas coisas essenciais necessárias ao funcionamento normal de nossa sociedade. Preocupado com aquelas coisas que são a base da convivência e da harmonia social, necessárias à maneira democrática de entender a vida.

Escrevo ainda chocado com a manchete do "Correio Braziliense" de hoje, dia 29 de março de 2007: “Atentado contra africanos na UnB”. Alunos africanos vítimas de incêndio criminoso. Puro vandalismo. Foram usadas toalhas encharcadas com gasolina para atear fogo na porta de três apartamentos na casa do Estudante, no centro olímpico da Unb. O incêndio se alastrou e atingiu mais uma residência. Era madrugada por volta das 4 da madrugada. Os 14 moradores africanos, acordaram sufocados pela fumaça e puderam ser salvos. A comunidade universitária ficou perplexa com o crime racista. Alunos, professores, servidores fizeram manifestação em solidariedade às vítimas. Chocou-me a notícia. Acho muito grave o fato. Uma ocorrência destas no seio de uma instituição educacional que deveria afinar a inteligência e a sensibilidade pelos padrões de uma cultura superior básica, bem debatida, bem esclarecida e bem assumida, é estranha. Torna-se mais grave e preocupante pois coloca em causa toda a natureza da ideologia e da mentalidade de certos universitários. O fato põe a nu certas realidades ocultas. Mostra como há mercenários na universidade a quem falta o talento e a imaginação necessários ao desenvolvimento da mente. Além disso, a notícia evidencia como há seres humanos selvagens que chegam ao claustro universitário sem saberem a natureza da casa que querem freqüentar. O fato põe a claro como há indivíduos primitivos com instintos ainda não domados e que desconhecem os benefícios da sabedoria de convivência social. Indivíduos que são a mera repetição dos guetos racistas condenados pela história. Gente que tem de regressar à escolinha de reeducação. Gente que desconhece as tradições de convivência racial do país. Gente xenófoba. Pseudo-universitários dogmáticos e intolerantes, fascistas e fundamentalistas, que têm que aprender da grande massa popular o que é ser humano e convivente, o que é ter uma atitude multirracial e democrática. Nossa preocupação nasce da percepção da menoridade intelectual de uns, do excesso de zelo de outros, e também da falta de sensibilidade e habilidade da maioria em saber conviver se negando a compreender e a estender a mão para o outro. A base sociológica de tudo está aqui. No outro. Quando falamos do outro, falamos de tudo o que resta, além de nós. Quando não somos nós, é o outro. Verdade. O outro nos cerca por todos os lados. É o nosso próximo. É o nosso semelhante. Seja bárbaro seja civilizado, esteja cheio de amor ou cheio de ódio. Está ali. É o outro. Precisamos dele para tudo. Para as relações sociais, para o trabalho, para a produção, para a industrialização, para a distribuição, para a família, para a amizade, para o ensino, para a aprendizagem, para o divertimento, para o amor. É o outro. Para entender isto, temos de partir do princípio de que o mundo não é de ninguém. Nem de brancos, nem de negros, nem de amarelos, nem de mestiços. A sociedade é essa aí, essa em que estamos integrados. Não somos mais nem somos menos do que ninguém. Somos nós simplesmente. Nós e os outros. Temos apenas de nos ajustar. De saber conviver e de não partir para a ignorância. Triste daquele que não sabe respeitar e ver o outro, na sua representação humana, nos seus direitos, e sobretudo na dimensão do que ele também é. Muitas vezes presumimos mais do que somos na verdade. Muitas vezes achamos que somos o mundo. Que somos uma nação. Que somos a razão. Que somos os heróis. Os civilizados. Os tais. Mas é ilusão. Somos apenas aquele pedacinho de gente. Quanto mais ignorantes mais pequeninos ainda. E por isso, como ensina a sabedoria popular, respeitar é bom. É necessário. Respeitar ajuda a crescer, a conscientizar, a aprender. Quem sabe, neste momento, depois de tudo, na UnB, alguém está aprendendo? Quem sabe se depois desse incêndio criminoso denunciado pelos jornais e pela opinião pública, alguém está meditando e transformando o ódio em tolerância, a caminho da compreensão e do amor? Oxalá!



João Ferreira

29 de março de 2009

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