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Artigos-->CONTRASTES SALARIAIS ENTRE MERENDEIROS E PROFESSORES -- 12/04/2007 - 14:16 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MERENDEIROS E PROFESSORES

Um debate superquente em Brasília





João Ferreira

12 de abril de 2007



O Brasil é uma caixinha de surpresas. A última e mais escandalosa surpresa é a de que existem merendeiras marajás em Brasília, ganhando acima de 4.000,00 reais, algumas delas ganhando até 8.000,00 reais por mês. São distorções que foram escandalosamente publicadas nos jornais mas que ainda não tiveram explicação oficial. A notícia está viva e fresquinha na memória dos brasilienses. Os jornais candangos veicularam, por estes dias, a notícia de 117 merendeiras de escolas públicas do Distrito Federal ganhando esses valores por mês. Uma das supostas marajás da merenda, teria recebido 13.632,00, dois mil a mais do que o próprio governador do DF, José Arruda. Para melhor informação, convém consultar as reportagens do Correio Braziliense de 7, 8 e 9 de abril e acompanhar os detalhes. É algo surpreendente.

A classe dos professores está agitada e revoltada com “a discrepância em relação aos vencimentos recebidos pelos merendeiros” e “ameaça parar na semana que vem e cobra mudanças no plano de carreira”.

Num quadro publicado pelo Correio Braziliense são mostradas as realidades salariais dos dois grupos. De um lado, os merendeiros. Do outro lado, os professores. Um quadro impressionante. Todos eles têm categorias profissionais de classificação na carreira. Acompanhemos o quadro do “Correio Braziliense”.

I - A classe A dos merendeiros exige, para exercício profissional, escolaridade até à quarta série. O piso salarial de 40 horas é de 1.581,10. Após 30 anos de profissão, a classe passa a ganhar 2.538, 50 reais. É o nível mais baixo do merendeiro.

Quanto aos professores, o nível mais baixo é a classe C, que exige a escola normal, ou magistério. No regime de 40 horas, o professor da classe C ganha, 1.800,00 reais. Duzentos e dezoito reais e noventa centavos mais que o nível mais baixo do merendeiro. Depois de trinta anos de profissão, passa a ganhar 3.500,00 reais.

II – Há, ainda, os outros pisos das duas categorias.

A classe B dos merendeiros, que é a segunda escala na carreira, exige, para a função, o ensino fundamental e curso especial. Tem como piso salarial para 40 horas, 1.729,23. O salário após trinta anos de profissão, passa para 3.360,65 reais.

Na carreira dos professores, a classe B é a escala intermediária. Exige concurso para o exercício e diploma universitário de licenciatura curta. O piso salarial para 40 horas é de 2.000,00. Duzentos e setenta reais e setenta e sete centavos mais do que a classe intermediária do merendeiro, apesar da exigência de seu diploma universitário, em contraste com a exigência escolar feita para o merendeiro, que é apenas o ensino fundamental e curso especial, que ninguém sabe de que natureza é. Depois de 30 anos de profissão, o professor integrado nessa categoria, passa a ganhar 4.000,00 reais.

III - Na mais elevada etapa da carreira de merendeiro, a função pública exige dele escolaridade de ensino médio. Seu piso salarial é de 1.850,33 reais. Após 30 anos de profissão, seu salário passa a 3.878,30.

No mais alto grau da carreira do professor, que é a classe A, exige-se diploma universitário de licenciatura plena. Nessa categoria, o piso salarial de 40 horas é de 2.300,00. Depois de 30 anos de profissão, o professor passa a receber 4.400,00.

Sem entramos no confronto das duas categorias, não podemos renunciar ao uso da razão e da avaliação da prática profissional. Valem critérios sociais e profissionais, em nível nacional e internacional. Desde o tempo de nossos mestres maiores criadores da cultura ocidental que são os gregos e os romanos, a figura do professor se apresenta como uma figura sacralizada. O professor entre os romanos era o "magister", o mestre de formação. Sua função era a de arrancar o povo da estado selvagem para o estado de civilização. Um trabalho centrado na alfabetização e na formação para que o aluno descobrisse e adquirisse um estado de espírito de cultura que o levasse à civilização e à cidadania. Foi esta indiscutivelmente a missão que se estabeleceu nas sociedades evoluídas para o professor. Nas sociedades modernas, por mais diferenciadas que sejam as formas de exercer o magistério, incluindo as formas cibernéticas de transmissão do conhecimento, a figura do professor continua insubstituível. É por isso que uma administração pública não pode diminuir nem arrasar nem desfuncionalizar uma profissão secular que tem garantido uma consciência crítica de equilíbrio, uma visão humanista e tecnológica nas sociedades civilizadas. De maneira particular, não pode haver a sibilina tentação de aviltar essa nobre função através de critérios simplistas e inversão de valores. O magistério continuará a ser, em todas as suas formas de expressão, a mola principal de evolução da humanidade. Muitos anos são expendidos para um professor se formar. Muitos professores buscam, além da licenciatura plena, cursos de mestrado, cursos de especialização, congressos e estágios para se manterem atualizados. Compram livros. Assistem e participam de seminários e semanas de reciclagem. Dedicam horas e horas de leitura em casa. Levam exercícios escolares para ler e corrigir em casa. Dão aulas. Orientam alunos. Participam de conselhos de classe. Zelam pelos cadernos de classe. Coordenam cursos de informática. Organizam eventos. Criam a face cultural da escola para os pais, e para o público em geral. Há muitos detalhes de dedicação, muitos anos de trabalho e de esforço. Tem que haver valorização do professor. Ele é o símbolo do grau de cultura, do grau de saber, da capacidade de educar. Há que melhorar, ajudar a construir uma melhor educação do profissional e não inverter valores, criando injustiças e mal-estar. A autoridade pública deverá promover mais freqüentemente a reciclagem dos professores para melhoria da qualidade de ensino.

É justo que a autoridade pública tenha preocupação em cuidar de todos os profissionais e de todos os trabalhadores que prestam seus serviços na escola. Mas deve fazê-lo criteriosamente, sem injustiça, e sem inversão de valores. Gari é gari. Engraxate é engraxate. Merendeiro é merendeiro. Professor é professor. Fácil de entender. Aliás, é um assunto perfeitamente captado por todas as gerações da história humana, em todos os países. No Distrito Federal não vai ser diferente. Reponham-se, pois, as diferenças, incluindo as diferenças salariais. Será sempre uma distorção e inversão que na função pública, um professor da classe C –Magistério, com curso de ensino médio e Escola Normal ganhe menos que um merendeiro da classe C (a quem se exige apenas escolarização de ensino médio).

Temos que avaliar muitos fatores, mas principalmente: preparação, exigências sociais, escolarização, preparo tecnológico, exercício, prestígio social.





João Ferreira

12 de abril de 2007





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