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Artigos-->Uma Verdade em 1º de abril: uma Carta de Amor -- 22/04/2007 - 11:48 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma Verdade em 1º de abril: uma Carta de Amor

Final de tarde numa mesa de bar, eu ouvia as lamentações de um amigo que havia se desentendido com a namorada e não sabia o que fazer para reconciliar-se com ela. Sugeri que ele mandasse um buquê de rosas com um convite para jantar ou então que ele contratasse um carro de som e fizesse uma estrondosa declaração de amor em frente ao trabalho dela. Ele se recusou alegando que todos os homens fazem isso e também porque a exporia muito. Ele queria algo diferente. Meu lado cupido já quase sem argumentos sugeriu que ele contratasse um helicóptero e jogasse uma chuva de pétalas sobre a casa dela. Ele alegou que ela morava num prédio residencial e as pétalas não cairiam necessariamente no telhado dela. Já pensando em deixá-lo falando sozinho, sugeri que ele fizesse uma carta de amor nos moldes de J. G. de Araújo Jorge. Aí o sorriso dele brilhou. Lembramos da nossa adolescência quando escrevíamos, digo, copiávamos, cartas inteiras do poeta J. G e de quando numa dessas cópias uma moça respondeu que a resposta estava na página 20. Sem titubear, pedimos caneta e papel ao garçom e como adolescentes escrevemos uma carta de amor para a tal namorada. Só que ele desconfiou que a moça pudesse rasgá-la sem sequer apreciar o seu talento de dublê de J. G. Então me prontifiquei eternizar os seus sentimentos, guardando uma cópia e enviando outra a ela. Veja só como ficou a carta e, logo ao final, saiba o resultado dessa presepada.

“Oi meu bem, tudo bem?

Paixão da minha vida, não é de hoje que sou parado na sua, já te falei isso várias vezes. Sempre te achei muito bonita e brincalhona. Aquela nossa brincadeira de falarmos “dez real” confirmou a sua simpatia. Quero dizer que desde quando nos conhecemos sorrio ao seu lado, antes mesmo de existirmos como amantes, quando ainda éramos apenas colegas de trabalho.

Quis Deus que nossos caminhos se cruzassem num cinema, final de um lindo domingo, e que uma mulher desmaiasse na minha sala para, enfim, nos aproximarmos e daí nossas mãos, braços e corpos se entrelaçarem por mais de ano.

Durante esse tempo, inventamos novas palavras e expressões como “exagerótica”, “spau” e “cheguei a babar e comer de colher”. Só nós sabemos o que elas significam. Descobrimos nossos corpos, nossos sentimentos, mudamos nossas atitudes, juntamos nossas famílias, aumentamos o círculo de amigos e nossa vida tomou outro rumo: gostoso, incerto, desafiador... e até picante. Muito picante!

Nessa trilha encontramos muitas flores. Aspiramos seus perfumes, apreciamos suas belezas. Curtimos todas as belezas que apareceram. As que não apareceram, nós as buscamos e aproveitamos. Ah, como aproveitamos! Encontramos também muitos espinhos. Machucaram-nos, e as lágrimas rolaram. Às vezes não só as lágrimas dos olhos, mas também as do coração.

Ao longo desse caminho, traçamos planos e rumos, tentamos um levar o outro pelo caminho mais suave. Tentamos um proteger o outro dos abismos, das pedras, do sol escaldante. Enfim, tentamos nos confortar um na sombra do outro. Éramos um ancoradouro em terra firme. Fomos companheiros. Ah, isso fomos!

Foi lindo fazer essa trilha ao seu lado! Hoje, encontramos uma bifurcação e bruscamente decidimos trilhar caminhos diferentes. Mas nem por isso quero (como se isso fosse possível) que você encontre abismos, pedras e sol abrasador em seu caminho. Quero, mesmo distante, ser o seu porto seguro. Para isso não medirei esforços. Nas minhas orações pedirei a Deus que te ilumine e te dê sabedoria, muita sabedoria para você vencer os obstáculos que surgirão.

Falando de hoje à tarde. Como hoje é 1º de abril, pensei que você estivesse brincando. Juro por Deus, pensei que você estivesse brincando ao dizer que nosso namoro havia terminado. Quanta ingenuidade minha pensar que você voltaria do portão. Ainda esperei uns dez minutos, aí me toquei que você tinha ido embora, já ia longe. Não sei nem se olhou pelo retrovisor. Minha casa de repente ficou pequena, sufocante. Saí e dei uma volta só para respirar. Tirei umas fotos do pôr-do-sol do Cruzeiro atrás do Monumento JK. Veja como ficaram lindas! Aquele sol chamava os apaixonados. Vários casais atenderam o chamado e apreciaram todo o encanto daquele fim de tarde. Chegando a casa vasculhei os meus telefones à procura de alguma chamada não atendida. Fui à internet, e nenhuma notícia sua no correio eletrônico. Hoje é o primeiro dia dessa nova e dura rotina. Já vejo que não será fácil.

Mas vamos parar de chororo e colocar os pés no chão. Esta é a última vez que me dirijo a você com essa cara de pidão. Não quero ser inoportuno, não quero te atrapalhar. Como eu disse antes, quero contribuir para sua felicidade.

Não vai ser fácil cruzar com você lá na empresa. Cruzar o seu caminho foi maravilhoso. Difícil é descruzá-lo.

A vantagem do computador é que as lágrimas não mancham o papel. (Pois não é que falei bonito!)

Boa sorte”





Três dias depois ele me telefonou avisando que se reconciliaram. Obrigado, J. G.!



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