DOMINGO NO ZOOLÓGICO
Fui buscar no azul da manhã
A inspiração para dizer que a amo.
Há tanta paz neste recanto
Que é difícil para mim acreditar
Que em algum lugar do planeta
Homens maus tramam a destruição
De tudo que a natureza levou
Milhões de anos para construir.
Ouço a alegria barulhenta das minhas filhas
O vento balança as folhas das árvores
Refrescando a quente tarde de domingo.
Sobre uma toalha na relva
A mulher amada dorme o sono reparador
Dos que têm a consciência tranqüila
E o corpo saciado.
O rádio do carro toca uma música contagiante
E eu estou aqui parado, tentando
Descobrir o segredo das palavras.
Sonho com um mundo sem miséria,
Sem sofrimentos, sem injustiças.
Gostaria de escrever belas odes à amizade,
Mas não tenho amigos.
Gostaria de escrever lindas poesias
Em louvor à mulher amada,
Mas não sei rimar.
E ela dorme sem suspeitar
Que por ela sofre um coração amargurado.
Recife, 07 de agosto de 1983.
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