Um homem perdido numa manhã de chuva...
Dois pés andarilhos a percorrer
distâncias molhadas, ruas êrmas,
caminhos antigos onde a Felicidade outrora
costumava passear.
Olhos que enxergam a triste poesia
da neblina que cai...
Tênue cortina que se dilui no ar.
Um vento brando a soprar
contando histórias de um amor caduco,
repetindo notas de um concerto
que já findou...
Vultos que passam abrigados,
fugidios, distantes,
misturados na garoa da manhã cinzenta.
Céu sem cor, embaraçado, sisudo...
lembrando uma enorme e desgraciosa tela
sem imagens.
Árvores verdes espalhando
mensagens de esperança
no bojo de um dia de desilusões e desencantos.
O pensamento num vôo bem alto, além das nuvens,
em busca de um sol para aquecer-se,
em demanda do arco-iris...
Monotonia....
Vez por outra, perpassando
pela mente semi-vazia,
a imagem de um leito aquecido,
desejado, desfeito...
INACESSÍVEl!...
04 de fevereiro de 1962 |