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Cordel-->Prudência Borges de Carvalho -- 11/01/2003 - 19:18 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Prupru
texto


"Prude" Borges de Carvalho,
pouca roupa, muito nome.
Dizia ela: — "Caralho!
Vê se você não mais some!"

Carioca adotiva,
tinha um dente de ouro
na dentadura ativa,
e comia mais que touro.

No pescoço a corrente
grossa, com a cruz de Cristo.
Na orelha, um pingente:
dezoito K., sempre visto.

Areava a panela
deixando-a como nova,
mas, a cada esfregadela,
sai de baixo: — "Uma ova!"

Xingava a empregada:
—"Porca, safada, imunda,
mulher que não é de nada,
só pensa em dar a bunda!"

Cada sobrinho comprava
com um relógio de pulso,
e, ái, se não a mimava,
xingava logo, de impulso.

Dancei com tia Prudência,
muitas vezes, quando alegre,
mas, "não vem com indecência,
que estou com muita febre."

Salsicha, de preferência,
bacalhau, só português.
Com toda irreverência,
pagava contas do mês.

Punha a joia no prego
pra joia poder comprar:
brilho forte, que até cego
conseguia enxergar.

Lia mão como cigana.
No baralho, nem se fala:
—"ponho malfeitor em cana
e criminoso não cala."

Para mim, só adivinhou,
ao ver as cartas de ouro,
o que comigo passou:
uma vida sem agouro.

Mas, logo veio o mal
e seu seio decepou.
E, assim, como aleijada,
sua vida prolongou.

E, depois, veio velhice,
e o mal foi pro pulmão.
Não queria que a visse,
a não ser no seu caixão.

Hoje, lembro todo dia,
ao ver panela brilhando,
daquela que sempre via
o que me ia faltando.

Até hoje imprudente,
levo vida sem Prudência,
tomando minha aguardente,
na maior concupiscência.

Muita roupa, mas, sem nome,
meu dedo não decepei,
cargo alto de mim some,
só porque me deformei

na tal Administração.
Não entrei pro sindicato,
nem parti pra eleição,
dos meus dedos não desato.

Mesmo sem minha Prudência,
levo a vida nesta senda.
Com minha pouca vivência,
inda sobra pra merenda.

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