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Artigos-->A SAÚDE PÚBLICA NO BANCO DOS RÉUS! -- 29/07/2007 - 15:02 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Participei recentemente de uma reunião em que enfermeiras e diretoras da Secretaria Municipal da Saúde de Marília conclamavam os professores da rede oficial de ensino a uma guerra, sem tréguas, contra a Aids. Foi uma reunião “quente”, porque a certa altura, resolvi – logo eu - questionar alguns pontos da campanha em que discordo e a qualidade de certos materiais distribuídos ao público. A saber: se a intenção é controlar a contaminação pelo vírus HIV, hoje considerada uma Pandemia, porque então se utiliza do termo “redução de danos” ao invés de “eliminação de danos”? Quem produz e distribui as cartilhas do Ministério da Saúde?



Segundo a própria Folha de S.Paulo, em reportagem recente, o HIV tem sido tratado com certa “irreverência” pelos próprios agentes de saúde, afinal, se se deseja controlar algo, deve-se primeiro conscientizar, ser o farol no meio do oceano, a luz condutora da razão e não o semear do medo, da prática terrorista, porque se o medo inibisse de fato, ninguém usaria mais drogas, visto que de tão horrendas, as peças publicitárias de outrora mais amedrontavam do que os afastavam os jovens do mundo das realidades perversas.



A política do Ministério da Saúde de reduzir danos é muito parecida com aquela em que sendo o cobertor curto, cobre-se parte do corpo, enquanto outra permanece descoberta; ou como a do usuário de drogas que, para não contrair a AIDS, utiliza-se apenas de uma seringa individual, daí ele não morrerá contaminado pelo HIV, mas de overdose. E o que importa? Não entrará nas estatísticas oficiais da doença, mas em outra bem inferior, de menor “inflamação” popular.



Defendido com vigor por aqueles que assim o devem fazer, esse projeto, em minha humilde concepção, parece carecer de pilares de sustentação, tal a fragilidade de suas propostas (como convencer um jovem de que ele pode cheirar crack, desde que não compartilhe o cachimbo? Não seria melhor lutar em seu resgate ao invés de correr pelas bordas, tentando alicerçar rachaduras já condenadas ao desmoronamento?), aliás, prefiro ser considerado “tradicionalista” por querer abraçar uma causa e por ela lutar em sua integridade, do que acreditar na premissa irreal e fantasiosa “a la Lula” de que ao reduzir danos, o homem estará caminhando para uma vida melhor.



Durante o prólogo, questionei ainda sobre uma cartilha entregue aos soropositivos. E quase fui linchado por isso! E sabem por quê? Porque a tal cartilha pinta o mundo do doente de cor de rosa, é como se você contraísse uma gripe, sua vida vai ser longa, não se preocupe... Aquelas frases lindas que falamos a quem está com o pé na cova. Mas o problema não é esse. Em uma das escolas privadas em que trabalho, encontrei essa cartilha em cima da mesa dos professores e a confisquei, porque se uma criança imune tivesse acesso àquele material, poderia pensar que a Aids nada mais é do que uma simples doença e que o exercício do terrorismo ao vendê-la, seria força do hábito. Vocês duvidam dessa idéia? Nossos jovens ainda são ingênuos, tanto é que, em uma sala da rede pública, um garoto de 15 anos chamou a professora do lado e perguntou o que era o tal do “Chico” que sua mãe tanto falava. Esse garoto teria o discernimento para compreender o conteúdo dúbio da respectiva cartilha? E essa tal política de danos? Como compreender que o melhor é permanecer se drogando, ainda que com cuidados? Que cuidados há no ato de se entorpecer?



Fui informado de que essa tal cartilha fora elaborada por uma ONG e que o Ministério da Saúde nada tinha a ver com seu conteúdo. Concordo plenamente com a justificativa, não fosse no verso haver o logo do Ministério da Saúde patrocinando o material. Como pode um órgão tão importante do Governo patrocinar algo que desconheça? Novamente recorro a um provérbio popular para tentar clarear as idéias: “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”!



Durante o embate, a provocação ideológica se alterou uma vez mais quando perguntei sobre a distribuição do material. Insistiram em me dizer que era apenas dedicado a quem era soropositivo, porque ao pintar de cor de rosa o mundo, o “doente” deixaria de dar um “tiro na cabeça” (essa foi mesma a expressão utilizada), sendo a distribuição restrita a esse grupo. E como eu tive acesso, não sendo soropositivo? E não é só, outros professores também o tiveram de inúmeras maneiras. Daí se tem a impressão de que as coisas estão tão perdidas que se torna incapaz de acreditar numa política cujo único prazer é dizer aos quatro ventos que o índice que mede a contaminação está em via descendente. O que ainda esperavam? Torrar tanto dinheiro – bilhões em políticas públicas e fazer do cenário da contaminação o que a ANAC faz com os céus brasileiros? Poupem-me da hipocrisia – o pior dos males humanos!



Não quero dizer que a saúde pública não tenha êxito na questão da AIDS, é só perceber que no mundo todo somos conhecidos pelo nosso programa popular de medicamentos inibidores do vírus, os tais coquetéis, mas daí a assistir a uma obra farsesca do acaso e nela creditar algum resultado acima daqueles projetados em estatísticas puramente desvirtuadas da realidade, há uma grande distância. Não sou “expert” no assunto, mas de Brasil, assim como todo brasileiro, eu entendo, ainda mais quando se quer provar que algo está correto para poder arrancar-se aplausos e algumas verbas a mais desses bancos de fomentos mundiais.



Colaborarei em ensinar minhas crianças, pregando-lhes o BEM eterno como único antídoto aos males da carne, ainda que isso seja considerado tradicionalista, porque o único dano em que irei cooperar será o de reduzir a falsa idéia modernista de que o mundo se ajusta aos seus problemas, algo já tão previsível e recorrente em farsas do mestre Gil Vicente. É ler para aprender!

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