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Artigos-->Maridos na pescaria -- 04/11/2007 - 11:22 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Maridos na pescaria

Certa ocasião, passei uma semana no Pantanal Matogrossense na companhia de mais ou menos 60 homens entre pescadores e tripulação da chalana. Era a maior concentração por metro quadrado de machos barrigudos e carecas e cuecas puídas já vistas descendo e subindo o rio Paraguai.

Nos primeiros dias, ainda estávamos eufóricos com a paisagem, a diversidade de aves e animais ribeirinhos e a enorme quantidade de peixes. Passávamos o dia pescando e, à noite, nos reuníamos para ouvir música pantaneira, tomar uma gelada, contar piadas e lamentar as fugas dos peixões que escaparam dos anzóis afiados. Aliás, caro leitor, você sabia que o peixe que escapa é sempre o maior?

Nos primeiros dias era só dominó, baralho, piadas e mentiras (vejam que estou falando de pescadores). Lá pelo quarto dia rolou um filme com uma artista famosa e impróprio para menores de 18 e maiores de 70 anos. Nessa hora, apertava a saudade da esposa. Foi durante uma dessas sessões que eu e uns amigos, numa conversa regada a algumas cervejas, resolvemos falar de mulheres. Entre uma cerveja e outra, cada um contava suas desilusões, felicidades e aventuras amorosas. No início, ninguém se entendia, todos queriam falar ao mesmo tempo, mas a conversa foi avançando, e cada um foi cedendo espaço para ouvir o outro e à medida que falávamos nos emocionávamos lembrando das mulheres que mudaram nossas vidas.

Naquela noite, lembrei-me de um fato muito interessante acontecido há uns vinte anos. Eu estava numa feira de carros tentando vender meu fusca e, enquanto aguardava os compradores, eu jogava conversa fora com outros homens. Nesse momento passou uma moça perto de nós. Então alguns daquela roda elogiaram os atributos físicos dela. Realmente, ela era muito bonita. Em tom de chacota, um dos homens comentou que por ela deixaria a família. Outro disse que, após trinta anos de casado, o sexo com a esposa era só para satisfazê-la, para ele não fazia diferença. Mas um deles disse algo que para mim foi inesquecível. Disse que estava casado há mais de vinte anos e que nunca tinha traído sua esposa, pois ela “sabia ser mulher...”. A convicção dele foi tão grande que mudamos de prosa.

Já era alta madrugada, e a chalana ia rio acima, quando, por unanimidade, concordamos que as mulheres querem, ou melhor, exigem fidelidade acima de tudo. Na verdade, nem elas nem nós abrimos mão disso. Falamos também sobre o companheirismo e concordamos que sem ele a relação não anda. Dinheiro. Ah, o dinheiro! Sem ele não há amor que se sustente. Crise financeira foi um dos assuntos mais badalados na roda. Pela falta de grana alguns casamentos estiveram por um fio. Outro ponto em comum foi que o casamento acomoda os instintos sexuais e isso leva à traição. Embora uns já tenham dado algumas escapadelas, a maioria se recusa a se deitar com outra mulher. Um sem vergonha disse que quando sai com a amante chega em casa com a consciência pesada e por isso não poupa carinhos e afagos à esposa. Alguém perguntou se em alguns dias ela é mais carinhosa com ele. Foi riso pra todo lado. Outro disse que já era vasectomisado e a esposa apareceu grávida. Quase deu separação. Mas o médico dele o convenceu que isso era possível sim. Outro disse que até hoje sua frio e as pernas amolecem todas as vezes que vê a ex-namorada de há mais de vinte anos. Outro disse ser bem casado, ter uma mulher sensacional, mas vez ou outra pula a cerca. Ele filosofou que a infidelidade é como uma droga e se confessou um viciado.

Pois é, mulheres, é por isso que saímos para pescar: para podermos andar só de cuecas, tomar cerveja, falar mentiras e palavrões sem sermos censurados e também para sentirmos saudades, muitas saudades de vocês.

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