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Cartas-->6. ISABEL -- 25/07/2002 - 07:18 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não posso dizer que tenha falecido muito cedo. Vivi trinta e dois anos e deixei no mundo dois filhos pequenos.

Meu marido, não passaram dois anos, contraiu novas núpcias, o que me deixou extremamente cuidosa pelas crianças. É fato muito corriqueiro que as madrastas maltratam os enteados. Mas meu medo não tinha razão. Madalena cuidou muito bem dos meus filhos, melhor ainda do que do próprio filhinho, que teve três anos depois.

Essa a minha maior angústia. Eu não tivera queixa alguma de meu marido Roberto. Contudo, assim que Madalena engravidou, Roberto começou a freqüentar outras mulheres. Quando a esposa descobriu (essas coisas não ficam muito tempo escondidas, particularmente quando se tem avós invejosas...), não teve ânimo de aprontar nenhuma cena com o voluntarioso marido. Deu de maltratar o seu pequerrucho, talvez para chamar a atenção de Roberto.

Quando tentei descobrir por que motivo não fazia o mesmo com os enteados, desconfiei de que tinha muito medo da “falecida”, espírita que era. Queria se dar bem com os mortos, já que, com os vivos, tinha querela ponderável. De qualquer modo, Roberto poderia tornar-se extremamente violento, capaz que foi de esquecer a primeira esposa e de trair a segunda.

Por essa época, passei a suspeitar de que ambos pudessem ter tido relacionamento anterior ao meu passamento. Como não me afetava o fato de meu marido estar legalmente casado, nem quando se aproximava de outras mulheres, considerei-me imune ao sentimentalismo possível por ter sido traída.

Consultei o Professor José, nessa altura conselheiro e amigo, o qual me aconselhou a não vasculhar o passado:

— Que diferença irá fazer, agora, se o ex-marido a traiu ou não? Vamos supor que Madalena fosse a amante desde a época de solteiro. Não teria sido você a causa da separação deles? E se estivesse determinado que vocês teriam dois filhos, como propositura pré-encarnatória, simplesmente? Há muitos mistérios de difícil elucidação. A melhor postura espiritual é a de que a lei é sempre respeitada no campo da natureza, da qual fazemos parte. Quem deseja domesticar a sorte termina, quase sempre, por trocar os pés pelas mãos. O melhor que temos para fazer é dar de barato que haverá evolução, caso nos conformemos em auxiliar o próximo, sem requerer razões específicas para isso.

As palavras de José eram por demais singelas no conteúdo cotidiano, todavia, para se chegar a compreender e a praticar tais enunciados, com convicção e isenção de malévolos sentimentos, não é nada fácil. De qualquer modo, investiguei toda a peroração e, surpreendentemente, verifiquei que a poderia ter dito da mesma forma, se algum companheiro me pedisse socorro.

Hoje em dia, Roberto está mais caseiro, mercê de alguns sérios problemas de saúde que suas incursões sexuais lhe proporcionaram. Sofreu sensível queda nos ganhos financeiros, representante de vendas que é, dado ter-se viciado em drogas alucinógenas.

Foi o grande serviço que os do etéreo lhe prestaram, prendendo-o ao leito por depressão psíquica, para que não deixasse a carcaça mais cedo do que devia, vitimado, como eu, por acidente automobilístico. Na sua folha de promessas cármicas, está assinalado o compromisso com a criação e educação de quatro criaturas, três das quais estão encarnadas.

Eu mesma me empenho bastante para levá-lo a considerar as ações muitíssimo prejudiciais ao desempenho carnal, o que o remeterá, após o desencarne, ao negrume do báratro. Ainda bem que Madalena é espírita e compreende os percalços dos que agem contrariando as leis e mandamentos de Deus. Através dela, muito lentamente, Roberto está recebendo informações a respeito da doutrina. Ajuda-o o fato de não se ter fanatizado por qualquer seita ou religião.

Acredito que venceremos essa luta, principalmente se este texto ou algum semelhante lhes for dado para estudo no Centro Espírita. Para isso é que a “Turma dos Primeiros Socorros” vem trabalhando.

Gostaria de estender-me sobre outros aspectos de meus serviços, como o fato de estar “catequizando” os pequenos, por meio de sugestões psíquicas, enfatizadas quando desprendidos da matéria durante o sono. É tarefa menor, pois essas entidades estão fadadas a atividades de regeneração não muito dramáticas. Se estiverem cientes das normas evangélicas, pelo menos as que conseguirmos incrustar no inconsciente, as quais têm plena possibilidade de recapitulação durante o sono, será o suficiente para não desertarem do Espiritismo, facultando-lhes a análise evangélica dos atos da vontade e o exame cármico dos acontecimentos.

Estudo nas horas mais calmas, quando não se excitam os encarnados, espicaçados pela culpa, pelo temor ou pela raiva. São sentimentos não depurados, rudes, primitivos, o que nos permite avaliar que os protegidos estejam muito atrasados na percepção das sutilezas existenciais.

Este último tópico foi-me permitido, para que o leitor estabeleça a correspondência necessária entre benfeitor e beneficiado e não suspeite de que esta que lhe escreve esteja tão-somente obsidiando os encarnados. Esta distinção é preciso que se faça sempre, ou as vibrações espontâneas se voltarão contra os mensageiros, que necessitam de que o nível de receptividade seja o mais agradável e amoroso possível, para que os efeitos da doutrina se dêem em âmbito intelectual profundo.

Agir em dissonância com a intenção de benemerência será pior do que deixar de ler ou de se interessar pelos temas mediúnicos. E este é problema dos mais pungentes com que os missionários se envolvem, dado que as transformações morais e espirituais são dificultadas intensamente por atitudes de descrença. Que se dirá, então, quando o pobre texto está eivado de imprecisões, de falhas de redação ou de impropriedades argumentativas?

Presentemente, Roberto está em vias de volver ao trabalho. Por ter livre-arbítrio, irá decidir sozinho sobre como encarar o futuro. Enquanto esteve acamado, foram afastados os espíritos que o prejudicavam, atraídos pela vida desarmoniosa. Se não se mantiver íntegro moralmente, acabará nas mãos desses seres, cujo único objetivo é usufruir as emanações dos narcóticos e dos alcoólicos, sem qualquer preocupação com a derrocada do encarnado.

Se não for pedir muito, rogamos ao leitor que, sempre que se lembre, ore pelos entes que se dão a tais desleixos de procedimento, o que redundará em efetivo auxílio vibratório às equipes que trabalham pela recuperação deles.

Jesus reconhecerá os sacrifícios e as doações e recompensará com seu amor impoluto, favorecendo-lhe a compreensão do próprio carma.

Deus nos ajude!

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