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Artigos-->Silêncio -- 18/12/2007 - 17:57 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Manejar o silêncio é mais difícil que manejar a palavra.”

Georges Clemenceau

(1841-1929)

Político irlandês



Creio que descobri a importância do silêncio em dois momentos marcantes e opostos. O primeiro foi em Bariloche, no topo do Cerro Catedral, uma montanha majestosa coberta de neve e vizinha da Cordilheira dos Andes. Cansado de esquibundar e de me surpreender com a velocidade de um esqui, distanciei-me dos colegas e fiquei sozinho vendo a brancura da neve e admirando a patagônia argentina. De repente, percebi que eu não ouvia nada. Nem o barulho do vento, das árvores, dos pássaros nem a música do meu vizinho. Eu só ouvia o silêncio. Isso mesmo, ouvia o nada. Por um instante pareci-me surdo. Foi a primeira sensação do que é estar sozinho. Sozinho com o silêncio. Que maravilha!



Essa frase de Clemenceau caiu-me como uma luva porque já me deparei com alguns embaraços por abrir a boca quando deveria ter ficado calado. Assim como os demais da minha espécie, também estou em processo de evolução. É fato que sou muito falador e barulhento, mas estou aprendendo a ficar sozinho comigo mesmo num canto. Não se trata de solidão ou coisa parecida. É apenas ficar comigo e mais ninguém. E assim tenho reservado um dia da semana só para mim. Nesse dia, afasto-me de todos que me rodeiam e me refugio no meu mundinho. Depois volto mais feliz e mais cheio de amor para distribuir. Mas ainda tenho de convencer alguns familiares de que preciso me encontrar comigo. Como diz o meu amigo LB, “todos precisamos desses momentos para recarregar as baterias”.



Descobrir essa maravilha de silêncio só foi possível porque eu estava em paz interior. Tivesse um mar revolto aqui dentro, eu não poderia apreciar essa calmaria do mundo externo. Para essa calmaria interior contribuiu o fato de eu estar numa companhia maravilhosa, numa cidade convidativa para uma lua-de-mel e com o celular desligado.



Outro silêncio glorioso eu vivi quando mergulhei em Fernando de Noronha. Novamente o nada me acompanhou. Por cerca de meia hora nadamos por entre os corais, entramos no que seria uma caverna, toquei umas plantas de um vermelho ferrari, vi cardumes lindos e um peixão assustado levantar poeira numa desembalada carreira. Só percebi que estava em silêncio quando esbarrei numa rocha e um pedaço dela desceu para as profundezas num mergulho de seis mil metros onde fica a base da ilha. E nada de barulho. Então percebi que estava sozinho com o silêncio, embora estivesse num grupo de pessoas. Mesmo em paz interior, estivesse eu rodeado de pessoas com montanhas de problemas e eu não encontraria a minha paz. As pessoas que nadavam comigo estavam igualmente maravilhadas e curiosas naquele mundo novo.



Bariloche e Fernando de Noronha vieram-me à lembrança quando se completava a segunda volta de Fórmula 1 no autódromo de Interlagos. Apesar do barulho infernal, fiquei em silêncio interior porque eu não dirigia em São Paulo, porque eu estava com uma companhia maravilhosa e havia dois brasileiros disputando a corrida, Felipe Massa e Rubinho Barrichelo.



Essas são as minhas primeiras experiências com o silêncio, mas já tive outras. Ache a sua! Vale a pena!





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