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Cartas-->9. ROBERTO -- 28/07/2002 - 07:09 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Desencarnei excessivamente cedo. Se o caro amigo esperava outra afirmativa, deve preparar-se para ler a repetição da frase até o final do livro, uma vez que, antes dos sessenta ou setenta anos, não há quem não considere a morte prematura.

Tinha doze anos e fui vítima de atropelamento, quando andava de bicicleta. Se estivesse muito doente, incurável, com câncer ou AIDS, por exemplo, mesmo assim diria: excessivamente cedo... excessivamente cedo...

Muitos humanos julgam que as mortes, antes de concluído o ciclo biológico, representam que os indivíduos tinham poucos débitos para purgar. Essa idéia servirá, talvez, para espíritos muito evoluídos, que desejaram, por iniciativa própria, volver um pouquinho mais ao plano da matéria. É deliberação que os da “Turma dos Primeiros Socorros” não estão em condições de avaliar.

Muito temos discutido a respeito do tema, evidentemente, por estarmos a repetir: excessivamente cedo...

Quando nos disseram que poderíamos estar necessitados de um pouquinho mais de dores carnais, até que suspiramos esperançosos. A totalidade, contudo, dos integrantes do grupo, depois de algum tempo, chegou à conclusão, à vista dos progressos nos estudos evangélicos, de que o caminho pela frente necessita de novas encarnações, de inumeráveis peregrinações pelo orbe terráqueo.

Aí, caiu por terra a presunção do adiantamento moral.

Por que, então, fomos retirados de circulação antecipadamente, uma vez que a maioria tinha meios de prosseguir crescendo na aquisição dos valores evangélicos e de ir ajudando os familiares?

É que a programação pode ser interrompida, a qualquer hora, por inúmeras razões, principalmente quando sofremos acidentes que nos tornariam aleijados ou paralisados, o que não se coadunaria com o projeto de vida, tanto no que concerne aos resgates, quanto aos aspectos missionários possíveis.

Vejamos o meu caso.

Sempre fui criança feliz. Tive as doenças comuns ao restante da humanidade e não me dava mal na escola, onde progredia regularmente. Tinha o aspecto intelectual muito bem fornido de prendas socialmente valorizadas, como também era bom amigo dos que comigo conviviam.

Meus pais não eram abonados mas, comerciantes, me ofereciam todos os recursos para me estabelecer na sociedade, sem perspectivas desagradáveis. Éramos o que se denomina de burgueses ou de pessoas que conseguem usufruir regalias extraídas do capital acumulado. Era branco, o que me dava livre trânsito oficial. Era católico, o que me fornecia o passaporte para o Céu. Era equilibrado, o que me dava respeitabilidade e oportunidades. Era saudável, o que me permitia adentrar todos os ambientes.

Se tivesse continuado, iria perfazer os roteiros de vida, que incluíam a constituição de lar e a criação de filhos. Mas morri excessivamente cedo...

Como não tivera tempo de explorar ninguém, ao menos conscientemente, como não fora testado pelos princípios canônicos das leis maiores, como era tão-só aprendiz, não poderia sofrer acusações conscienciais. Deveria ir diretamente para o Céu dos anjinhos.

Esse “Céu dos anjinhos” existe, figuradamente. Trata-se de lar-escola, onde pessoal especializado recebe os espíritos perturbados pelo ideário infantil e os leva a se compenetrarem das principais leis, incluindo a do sistema de reencarnação, para que se interessem pelas vidas anteriores, o que irá, aos poucos, devolvendo às criaturas o sentimento da anterior personalidade.

Para que se evitem especulações, devo afirmar que o período desse despertar é muitíssimo variável, demorando mais para se aceitarem como seres adultos os que se ligaram aos pais afetivamente além da conta, impedindo-se de crescerem, para que não percam os carinhos intensificados pela morte prematura. Há quem fique nessa condição infantil até a chegada dos progenitores, muitos anos mais tarde, os quais se tornam importantes para a reeducação dos infelizes.

Não sei se estou demasiado didático ou técnico neste roteiro, cuja intenção manifesta é a de desiludir os pais que perderam filhos excessivamente cedo de vir a encontrá-los no etéreo ainda infantes. Se isso, por acaso, ocorrer, o que demonstramos não ser impossível, é bom saber que não é o fato mais natural e corriqueiro. Sempre que se lembrarem dos pimpolhos extraviados da vida, rezem com muita fé em que se desembaracem dos liames da idade, para que possam continuar aprendendo e trabalhando em prol dos entes amados e da comunidade espiritual de que participam.

Quase todos os amigos da classe têm esse problema em relação aos que deixaram encarnados. Poucos são capazes de receber a compreensão lúcida dos pais, irmãos e avós. Há até quem tenha tios e primos enleados nos sofrimentos morais advenientes do passamento antecipado. Isso nos torna preocupados pela falta de perspectiva de entendimento da realidade, o que nos faz pressupor que a luta para o encaminhamento doutrinário deles irá estender-se por tempo muito longo. E quando dizemos, nesse sentido, “muito longo”, estamos incluindo a necessidade de vários retornos ao mundo da carne. É sofrimento adicional que simples leitura de textos como o presente resolveria com facilidade, se se acreditasse na veracidade dos mensageiros.

Caberia discorrer sobre a importância de nos demonstrarmos sérios e argutos, bem diferentes das crianças e adolescentes da lembrança dos que ficaram. Contudo, estaríamos falando com a voz da razão para quem está imerso nos fluidos sentimentais, preponderantemente. Assim, quem, em sã consciência, admitiria que esta comunicação pudesse ter sido redigida por púbere, cujo interesse nas diversões ficou declarado, embora com lampejos de clarividência intelectual, mas nunca filosófica, pelo respeito que tive pela religião católica?

Fez a turma questão de determinar a alguém sem preocupações pessoais, dada a mínima experiência no campo da regeneração pela dor, que desenvolvesse o tópico da consciência da possibilidade de sermos acusados de incongruentes, de falsos, de maliciosos ou, simplesmente, de mentirosos.

Fique o presente desenvolvimento para a meditação dos que não mergulharam na leitura dos textos da codificação kardequiana.

Aos irmãos espíritas, deixamos a sugestão de que o texto possa receber tratamento mais adequado para as mentes infantis, dado que os roteiros das aulas para a Mocidade Espírita incluem discussões sobre quem veio para cá excessivamente cedo.

Resta configurar o auxílio mediúnico pessoal para quem desejar resolver questões com as quais não atinamos. Para isso, basta concentração idônea, confiante e sem agressividade, dado que muitos destes elementos que estamos passando aos terrenos podem provocar surpresas desagradáveis, mediante os preconceitos supra-referidos.

Fiquem na paz do Senhor!

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