Caro amigo, vai dar festa?
De aniversário seu,
ou de uma outra testa?
Já consultou o Orfeu?
A que horas vai dormir?
Lá pelas três da madruga?
Quem vai o povo servir?
E quem é a sanguessuga?
Vai ficar no usual?
Começar à meia-noite?
Já tomou seu gardenal?
Seu sono vem de açoite?
E quem é que vai dar conta,
quando alguém telefonar
perguntando pela tonta,
que saiu pra namorar?
O rapaz que não chegou,
depois da festa, em casa,
e que se embriagou,
e saiu, naquela brasa!?...
E do sobrinho mais trouxa,
que só busca o escuro
pra fazer seus bate-coxa,
justo no lugar mais puro?
Por aqui, tem dado certo:
às dez horas da manhã,
começa o que aqui acerto
pra festejar, no tranchã!
Ponho pinga e cerveja,
e garçom para servir
uísque, vinho, cereja
para melhor divertir.
Churrasco ou bom prato,
lá pelas duas da tarde.
Nem a gata, nem o gato
provocam maior alarde.
Ponho doces bem sortidos
para melhor sobremesa;
deixo todos aturdidos
por seus gostos e beleza.
E, então, lá pelas cinco,
todo mundo já pregado.
Plano feito com afinco:
em breve, sou liberado.
Cada um pra sua casa,
ainda, à luz do dia.
Um ou outro se atrasa,
mas, logo, se desconfia.
Quem quiser dar esticão,
pode dar por sua conta,
o risco de arrastão
em nada o amedronta.
Mas, aqui, boa faxina
já foi feita no lugar.
Protegi minha menina,
agora, vou descansar.
Pode ser que debutante
queira até protestar,
mas, mesmo que relutante,
com a festa vai vibrar.
E os pais das amiguinhas,
que sempre as vão buscar,
até, das mais traquininhas,
da madruga vão livrar.
A festa tem que ser boa,
para ninguém reclamar
que perdeu dia, à-toa,
e que não vai mais voltar.
Se é festa de coroa,
aí, é que vão gostar.
Ninguém do velho caçoa,
todos vão me imitar.
Chega de noites sem sono
e de no perigo ficar.
Se sua cuca tem dono,
é hora de planejar.
O vizinho vai gostar,
bebês vão poder dormir,
serviçais vão descansar,
ninguém de você vai rir.
Faça a próxima festa,
sem trazer nenhum pesar,
sem deixar qualquer aresta.
Alegria! Faz grassar?
Depois da festa, lucidamente, você poderá dar
um boa noite romântico para sua cara-metade,
dizendo:
Meu
bem, que
teu tapa-ouvido
te penetre e proteja
de todos os sons, de todos os forrós,
de todos os gritos histéricos, inclusive os meus,
e estereofônicos, dos ruídos de freadas bruscas, inclusive as minhas,
e das buzinas em geral;
dos rangidos da nossa
cama, também.
E que o teu
tapa-olhos,
te livre de
todas as lu-
zinhas dos
digitais do
quarto.Aií!
Ai!Ui!Ai!Ui!
Ai!Ui!Ai!Ui!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
Ai!
Ui!
Ai!
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