Tarciso Coelho, Cearense de Várzea Alegre (CE), 54 anos, 4 filhos, Bancário, Técnico em Contabilidade, MBA em Auditoria e estudante de Administração. Após 27 anos no Banco do Brasil, aposentou-se em 07.07.2004 e em outubro do mesmo ano foi aprovado em primeiro lugar no Concurso para Técnico Bancário do Banco da Amazônia S.A., em Soure (PA), onde desde 15.04.2005, exerce suas atividades. Teve oportunidade de conhecer quase todo o País e algumas cidades do exterior. As vivências das viagens como Auditor e os trabalhos exercidos em regiões distantes da sua origem o inspiraram a escrever poesias, já tendo publicado o livro Liberdade, Picos (PI), em 2002. Participou da Antologia Upeana I, Picos (PI), 2005, da I Antologia Literária da Região do Arari – Marajó, Soure (PA), em 2007 e de revistas e periódicos de várias partes do País. É filiado à UPE – União Picoense de Escritores, em Picos (PI) e do Clube do Poeta e do Escritor Marajoara (CEPOEMA), em Soure (PA).
Agradeço a Bruno, Sampson, Tarcisinho e Ariadne,
meus filhos, que me inspiraram a sonhar
com o Mundo mais justo, ordeiro e pacífico
e a Humanidade mais consciente, livre e feliz.
Foi-se embora Patativa
Foi-se embora Patativa
Que cantava em Assaré
As coisas do seu sertão
Com muito amor e fé
Deixando órfã a nação
Dos poetas de cordel
Cantou coisas alegres
E as tristes protestou
Grande acervo deixando
Sobre o que considerou
No seu poder de mando
Na forma como rimou
Sorbone lhe estuda
Sob a regência do Cantel
Que aqui se encantou
Com o seu belo cordel
E para França levou
A obra do menestrel
Embora semi-analfabeto
Passou lição em doutor
Que mesmo tendo cultura
Sofria falta de amor
E à Patativa sem estudo
Sabedoria não faltou
Nasceu predestinado
Para fazer cantoria
Sobre o sofrido sertão
Como ele mesmo dizia
“Se outros cantam sua cidade”,
"Eu canto a roça que é minha".
Muito perdeu o Nordeste
Veremos tempos depois
Que nosso cabra da peste
Deste mundo se foi
No dia oito de julho
Do ano dois mil e dois
Agora que está no céu
Ao lado do Pai maior
Cante o que é eterno
Ou o que achar melhor
Mas não esqueça o Ceará
E o Sertão que ficou só.
08.07.2002
Desejos
Sede, fome, desejos...
assim me sentia
e ávido queria
logo satisfaze-los
mas como não sabia
por onde começar
fiquei a meditar
o que realmente queria
em rápido lampejo
a sede desvendou
o desejo do teu beijo
e sem muito esforço
a fome divulgou
o desejo do teu corpo
Dez anos de Tarcisinho
Jesus nasceu em Belém
Lá na distante Judéia
E Santo como ninguém
Defendeu uma plebéia
Tarciso nasceu mais perto
No nosso Belém do Pará
Lugar que não tem deserto
E chove mais lá do que cá
Sofrendo a maior pena
Jesus salvou Madalena
E toda a humanidade
Deus do Céu me atenda
Tarciso de idade pequena
Tenha grande felicidade
Lula Presidente
No dia seis de outubro
do ano dois mil e dois
voto Lula Presidente
e o resto conto depois
No dia 27 de outubro
do ano dois mil e dois
voto em Lula de novo
e o resto conto depois
Em seis e vinte e sete
Do dez de dois mil e dois
Disse votar em Lula
E o resto diria depois
A eleição foi tranqüila
E o metalúrgico ganhou
Foi tanto voto pra ele
Parece até que sobrou
Que o povo Brasileiro
Tenha um governo bom
Que saiba administrar
E do rumo dar o tom
Não deixe americano
Vir aqui atrapalhar
E com o efe eme i
Querer nos assustar
Que seja o governo sério
Como Lula sempre foi
Que pense primeiro em nós
E em gringo pense depois
Não precisa dar calote
Quem deve tem que pagar
Mas só pague a americano
Quando nos alimentar
O nosso grande povo
Que tanto voto lhe deu
Merece um bom Presidente
Por isso lhe escolheu
Que tenha sempre pra nós
Café, almoço e janta
E de barriga vazia
Não durma uma criança
Com fé e esperança
Vai seu povo governar
Sabendo bem distribuir
Para a ninguém vir a faltar
Que fique o Brasil em paz
Como Lula sempre quis
E viva o povo Brasileiro
Sem medo de ser feliz
28.10.2002
Sina do Caboclo
Quão triste a sina do caboclo
Que padece na vida Severina
Semeia o grão qual Deus ensina
E espera a chuva de bom gosto
Mas o sol queima o seu rosto
E a enxada caleja a sua mão
De tristeza chora sem ter pão
Sequer pra dar a uma menina
Jesus salva a pobreza Nordestina...
Com três dias de chuva no Sertão
Fontes de Vida
A nossa percepção,
Juízo e inteligência,
É o que nos conduz
E tem o nome de luz...
A adesão e anuência a Deus,
Seus desígnios e manifestações,
É o que a vida requer
E tem o nome de fé...
A ausência de conflitos íntimos,
Tranqüilidade d’alma e sossego,
É o que a todos apraz
E tem o nome de paz...
A confiança em conseguir,
Aquilo que se deseja,
É o que trará a bonança
E tem o nome de esperança...
Noite de Vigília
Enquanto tu dormias
Eu ficava a te olhar
Grande apetite eu sentia
Mas pude me controlar
Tua alcova devassar
Muito me constrangia
Optei por esperar
Tua concessão um dia
Estático fiquei
Mas vós te contorcíeis
E meu ser todo doía
Doía mas não pequei
Ainda estou a esperar
Um dia pra te amar
O Banco do Brasil em 2026
O Banco vivia cheio
Da clientela abarrotado
Mas com o mundo mudou
em sintonia com o mercado
e hoje é mais agradável
do que fora no passado
As agências são virtuais
O dinheiro também o é
Nestes dias atuais
Pra Maria ou pra José
O Banco parece ser
Um lugar de muita fé
Não é uma igreja
Nem qualquer religião
É apenas um lugar
Em que o povo tem atenção
Nem que seja virtual
Telepática ou mão a mão
A moeda de mais valor
Não é dólar nem real
É um abraço especial
Que as pessoas se dão
Encostando peito a peito
E coração a coração.
2001
O Advogado e o Ladrão
Em toda profissão
tem um palavreado
que chamam de jargão
data-vênia, sed-lex,
contra-légia, prescrição
e até jurisprudência
para acertar na decisão
só não sei bem o porque
de alguém querer dizer
que advogado é ladrão
um dia um consulente
ao causídico perguntou
seu doutor como se sente
para ser meu defensor?
só peço um preço bom
pois eu sou bom pagador
e o doutor lhe respondeu
se for grande a confusão
não defenderei ninguém
a não ser por um milhão
e o pobre consulente
sem ter como pagar
perguntou se o doutor
poderia amenizar
aquele preço tão grande
para um colega de classe
e abismado o doutor
olhou pro desgraçado
e depressa perguntou
você também é advogado?
sou não senhor doutor
eu sou mesmo é flagelado
retirante do Nordeste
cabra da peste aperreado
se aqui vim lhe procurar
com esta grande aflição
foi pra ver se o Doutor
me tira da confusão
pois não sou advogado
o que sou mesmo é ladrão
Dr. Santinho
Até aqui foi brincadeira
agora vou considerar
a mais nobre profissão
que alguém pode abraçar
e que com justiça e zelo
da lei faz bom emprego
pra defender o direito
quer do rico ou flagelado
e viva Dr. Santinho
nosso grande advogado
Ele agora vai-se embora
para o grande Mato Grosso
só porque chegou a hora
não houve qualquer desgosto
O pequenino Piauí
que tão bem lhe abraçou
espera que sempre volte
para ver que aqui deixou
este magote de amigos
que sempre tanto lhe amou
24.01.2003
Casar ou não casar? Eis a questão.
"Nunca se justifique, os amigos não precisam e os inimigos não acreditariam". (Ditado Árabe).
Como vivemos, no dia-a-dia, a dar explicações sobre o inexplicável?
Na convivência conjugal, talvez na esperança de criar um clima estável e de confiança mútua, mentem-se com tanta facilidade que tais mentiras tornam-se verdades. Os romances extraconjugais ou mesmo simples e inocentes paqueras são sempre muito bem escondidos pelo parceiro “pulador de cerca”. E os motivos são os de sempre, criar uma couraça no aparente mar de tranqüilidade do convívio conjugal, para felicidade da família, amigos e sociedade ou mesmo pelo medo de uma desgastante separação com as conseqüências nefastas que ela traz – pensão, distanciamento de filhos, familiares e amigos.
Bom seria se pudéssemos sair gritando estar vivendo um novo amor e isso não trouxesse tantos problemas para todos os envolvidos, pois se o prazer do amor é amar deveríamos poder amar intensamente sem tanto sentimento de culpa ou de traição.
Porque temos que estar engessados em um casamento ou união estável?
Machado de Assis ensinou: "Deus para felicidade do homem criou a fé e o amor, o diabo invejoso fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento". Mais atualmente, o surto de liberdade e igualdade das mulheres em relação aos homens, levou aquelas a se sentirem mais donas de si, pois muitas dizem: “Nunca troque o seu pior emprego pelo seu melhor marido”. Diferentemente das saudosas “Amélias” que diziam: “ruim com ele, pior sem ele”. Acho isso saudável, na esperança de que um dia todos sejam realmente iguais, homens e mulheres ou toda a espécie humana, para felicidade total da humanidade.
“A família é a célula mater da sociedade”. Não podemos questionar a assertiva, porém a liberdade de viver na plenitude nossas emoções jamais deveria ser tolhida. As pessoas deveriam escolher entre seus amores, familiares e amigos os que deveriam compor sua família. “Escolhemos os amigos, os parentes não”. É bem verdade, mas não deixam de ser famílias as uniões que hoje surgem: homem com homem, mulher com mulher, amigo com amigo, que “dividem as despesas”. Claro, se em clima de respeito e confiança mútua e isentas de promiscuidades e mentiras.
Se isto é utopia, quimera ou fantasia, continuemos nossa vidinha hipócrita de sempre e quando sua esposa lhe pegar “pegando” aquela empregada gostosa, diga: querida, eu juro que não sou eu..
Perdoar
Parece fácil perdoar. E é... Eu sei perdoar. Por isso perdou Jorge Bush, que em nome de seu país são mortas milhares de pessoas em volta do mundo, perdou também os soldados, que no cumprimento do dever matam seus adversários de mesmo ofício, perdoarei também os pais de Isabella, se é que foram eles que brutalmente mataram sua filhinha indefesa.
Perdoarei, embora sabendo que meu perdão não terá o mínimo valor para o caso que será investigado, esclarecido e eventuais culpados condenados na forma da Lei. Lei dos homens, não de Deus. Pela Lei de Deus a maior condenação será o remorso que há de perseguir até o fim da vida os algozes de Isabella, quem quer que sejam, os pais ou reles bandidos.
O meu perdão serve quase que só para mim, para que meu coração não apodreça diante de minha revolta por tão brutal acontecimento que causou comoção Mundial. Estou comovido, sou pai e avô e imagino o sofrimento dos familiares, mas não tenho o direito de condenar quem quer que seja, como simples mortal meu direito resume-se apenas a perdoar.
Por dever de ofício tive que apontar culpados em algumas ocasiões e numa dessas vezes vi o réu confesso tentar se eximir da culpa dizendo: “eu estava fora de mim, pois em sã consciência eu jamais faria isso”. Entendi o que ele disse, foram forças superiores, demoníacas ou mesmo simplesmente ocultas, que já foram invocadas até por um ex-Presidente da República para justificar seu ato de renúncia a tão importante cargo.
O fato inquestionável, a prova incontestável e o réu confesso. Cumpra-se o dever quem o deva cumprir, porém o perdão caberá sempre, o que jamais implicará em concordar com os erros de quem quer que seja, apenas em perdoar.