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Contos-->Epaminondas, carroceiro, e Diolinda -- 30/06/2002 - 13:01 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



EPAMINONDAS, CARROCEIRO E DIOLINDA
CAMPEÕES DO MUNDO


Jan Muá
30 de junho de 2002


Foi um espetáculo lindo de se ver.
De longe, ainda mal definidas as linhas, enxerguei uma carroça degradada, com a parte de cima armada em desconchavadas tábuas. De cabeça baixa, um jerico meio sardacento. Fazia a diferença, em cima da carroça, uma menininha de camiseta amarela.Dois homens a cortejavam como se fora uma vestal entronizada nos romanos templos.
Dois homens se movimentavam, agitados, indo e vindo, na retaguarda da carroça, parada ali, de propósito, só para um ritual. E a princesinha dentro do palco da carroça, feliz, levantando os braços. Comemoravam o pentacampeonato do Brasil, ganho havia meia hora no Japão.
A cena estava rolando em Brasília, capital federal, mais precisamente na L-2 Norte, frente à Igreja do Verbo Divino, onde os carros estavam passando embandeirados, festejantes, com jovens cheios de alegria, comemorando o sucesso brasileiro.
Em frente da carroça onde a princezinha mostrava e representava a alegria das classes exluídas do Brasil, havia lindas buganvílias e flamboyant rosas, brilhantes pelo sol que os enchia de vida. Eram cores e expressão que se associavam a este grupinho plebeu que mostrava a a alma pura. Grupinho que não tinha latinhas de cerveja nem de refrigerante na mão para comemorar, grupinho que não ia receber condecoração de ninguém, que não tinha clube nem recinto de desfile para consagrar sua própria emoção.
O que fizeram foi parar o burro, colocar a princezinha de verde amarelo em cima da carroça e os dois homens, o Epaminondas, figura de um profeta de espessas barbas, e o Zé Quina, seucompadre, levantaram seu grito de de autenticidade espontânea, em plena pista, como se ali fosse o altar do Brasil, e onde elesd, possuídos do espírito de cidadania, se mostravam transformados pela carga emocional que invadira seus corações com maravilhoso espanto espanto e exuberante alegria.
- É verdade, dotô, qui somo campeão do mundo? - veio para junto de mim, se identificando e tentando conversar, o Epaminondas, carroceiro-chefe do grupo.
- Somos campeões do mundo, sim, amigão.
- Cumo póde, sinhô?
E esbanjava alegria, embriaguez de alma, andando em círculos, inquieto.
-Confirma qui somo campeão du mundo? Mais campeão que o resto do mundo, dotô...?
- Sim, somos cinco vezes campeões do mundo, Epaminondas. Você e sua Diolinda, a princezinha entronizada na carroça, são também pentacampeões. Já pensou nisso? Vocês, o compadre Zé da Quina,e todos os brasileiros, claro.
Epaminondas foi ver sua Diolinda, deu-lhe um emocionante beijo e pulou mais uma vez:
- Somo campeão. Pentacampeão...
Fiquei emocionado e vim escrever esta crônica quase sertaneja, sendo embora urbana. Para os brasieliros de Usinadeletras. Uma crônica de um cenário entre tantos que hoje aconteceram no Brasil inteiro. Ainda há buzinas nas ruas, mas a grande buzina que soa no meu espírito vem de meus olhos: a cena da princesa Diolinda vestida de ver-amarelo, em cima da carroça, sem público, oferencendo um espetáculo a quem viu o flash. Dando vivas ao Brasil. Vivendo a emoção de um Brasil alegre!
Lamentei não ter comigo uma máquina fotográfica para registrar a cena.
Achei esta cena da melhor qualidade e um exemplo de que todo o brasileiro, de todas as condições sociais, sentiu e fez questão de comemorar o penta da maneira que pôde ou sabia.
Epaminondas e Diolinda também são campeões do mundo...
Sim, senhores, todos os brasileiros, mesmo sem carteira, são pentacampeões do mundo.
Mas quem merece ser a surpreendente majestade coroada, nas festas de comemorações, pelo meu voto, é a Diolinda, de três aninhos, filha do carroceiro Epaminondas.
E o burrinho, criado do trio festejante, merece comer hoje, de justiça, um capim e uma aveia de sobremesa, como propina, pela colaboração.

Jan Muá
30 de junho d e 2002
12 horas
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