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Cartas-->13. CLIVANIR -- 01/08/2002 - 06:39 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não tenho muita habilidade com as palavras. Gosto de ir diretamente ao assunto e, por isso, temo não estar preparada para esta tarde de comunicações. Mas vou tentar, sob o incentivo do Mestre José e dos colegas amigos.

Desencarnei aos sete anos, vítima de doença pulmonar. Faz tempo isso, quando não tínhamos os recursos dos antibióticos e a penicilina estava em experimentação.

Coloco tais dados, para demonstrar que não tiveram culpa de meu passamento os meus pais nem os amáveis médicos, que de mim cuidaram com desvelo e preocupação, tão importante era minha família. Mas não houve jeito e todos se resignaram com a sorte. Naquela época, doenças, como a que me trouxe para cá, tornavam os pais transtornados muito mais com o sofrimento consciente do futuro, porque o paciente tinha a certeza da morte, do que com a morte em si, inevitável.

Existem pessoas, em circunstâncias gravíssimas de sobrevivência, que vêem na morte a saída melhor, para que as criaturas não sofram. Eu não presenciei, mas alguns companheiros me disseram que, ao adentrarem nos campos de concentração, os pais preferiam ver os filhos desde logo ir para a câmara de gás, pois a fome e os horrores do cativeiro eram muito piores. Se acrescentarmos ao espírito de comiseração a fé na misericórdia e no poder de justiça do Pai, compreenderemos mais facilmente a que desejo chegar.

Resta saber o que faço neste grupo de recém-desencarnados, tanto tempo faz que deixei a miserável carcaça entregue aos vermes.

Não gostaria de me fazer de vítima, perante o público encarnado, mas a verdade é que, ao nascer, carregava comigo pesados fardos e compromissos muito importantes. Minha existência não havia sido pautada por atos de caridade e sim por supremo egoísmo. Ao retornar muito cedo, não me foi dado obter assistência, a não ser no sentido de me fazer reassumir a personalidade o quanto antes.

Uma vez dona de meu caráter, acrescentei o fardo dos arremessos contra a justiça de Deus, pois me via credora de benefícios e honras por ter sofrido tantas horas amargas e por ter provado a tristeza dos pais, irmãos e avós. Aqueles seis longos meses de depravação física, até a agonia, me pareceram suficientes para compensar todos os malfeitos. Até entender que os seis anos e meio anteriores foram de sossego, uma vez que, se estivesse no etéreo, estaria em loucas correrias através da escuridão, demorei muitos anos, tempo suficiente para que meus avós, meus pais e meus irmãos viessem para cá.

Como julgava que me deviam os favores da criação e da educação combinados antes do encarne, quis aparecer-lhes na condição de menininha em idade escolar.

A história dessa reaproximação daria para um livro. Houve quem não me admitisse no grupo. Houve quem me protegesse dos assédios dos malvados. Houve quem não tivesse acreditado em que não houvesse eu crescido moralmente. Houve quem, simplesmente, se afastasse dos demais.

Esses fatos não ocorreram em conjunto. Conforme a parentela vinha chegando, cada qual oferecia reação diferente, de sorte que pude ir observando como é que as coisas iam dando-se. Mas o meu ponto de vista, uma vez que não progredira, estava muito prejudicado pelas sensações infantis da primeira hora. A minha mente era uma balbúrdia. Os pensamentos antigos se sobrepunham, evidentemente, mas assumiam a conformação da recente maneira de pensar, de modo que, aos olhos não argutos dos parentes, eu era um pequeno monstro, nem mais, nem menos.

Foi minha mãe quem me amparou, na lembrança do amor que me dedicara em vida. Era a criatura mais evoluída do grupo e me fez ver que estava perdendo precioso tempo.

Se estivesse chegando agora, por exemplo, não poderia oferecer-me a esta “Turma dos Primeiros Socorros”, tão atrasada estaria. Enquanto muitos aqui conseguem ir em apoio dos que estão no Orbe Terrestre, vaguei sem destino, durante muitos anos. Por isso, posso vir partilhar dos trabalhos, depois de me ter convencido de que os males da desventura se acresceram de distúrbios que poderia ter contornado, se não tivesse rejeitado o auxílio dos protetores.

Mas estou bem e livre para afirmar que não lamento mais tudo quanto passei. Se a compreensão me chegou mais demorada, ainda bem que chegou. Estou preparando-me para ajudar meus irmãos (não todos), que se têm na conta de injustiçados e vagam, como eu mesma, pelas trevas conscienciais.

Para que os amigos leitores possam entender a extensão dos problemas, apesar de termos constituído família muito abonada na Terra, reunimo-nos sob a bandeira das usurpações, montando considerável cadeia de bancos, enriquecendo-nos sobremodo, o que ampliou o espectro dos vícios e dos pecados relativos à ganância e à exploração das pessoas. Para cúmulo dos percalços de pós-túmulo, desde há muito, a família não tem admitido o ingresso de outras pessoas no clã espiritual, exercendo vigilância forte relativamente aos que se programam para as encarnações junto a nós.

Atualmente, os que estão na Terra estão merecendo dos que conseguiram amealhar “riquezas no Céu” os cuidados possíveis, para que se “salvem” de si mesmos. Mas a tarefa exige discernimento superior.

Não sei se caracterizei, essencialmente, o grande passo que estou dando, após tanta cabeçada. Às vezes, me ponho a chorar, lembrando-me do que era há apenas cinqüenta anos atrás. Comparo o tratamento da pneumonia nas duas épocas e me vejo a progredir. Se contraísse hoje a doença, com certeza, teria sido salva. Se tivesse os conhecimentos evangélicos que possuo, não teria tido o desvario que me condenou ao martírio e aos horrores do Umbral.

Sei que não deveria, mas peço, ao menos, aos que se fizeram sábios a ponto de respeitarem a doutrina dos espíritos resumida por Allan Kardec, que não se dêem como totalmente aptos a chegar ao etéreo e principiar, desde logo, a trabalhar. Comecem a fazê-lo agora e para sempre, sem esmorecimentos, sem titubeios, sem desconfianças, com o coração na mão, no interesse das pessoas. Se vocês tiverem empresa para administrar, banco, indústria, casa de comércio do tipo hipermercado, em suma, se estiverem ganhando muito dinheiro, analisem os parentes e vejam neles seres necessitados de amparo espiritual, no mais puro sentido do amor evangélico. Se possível (e sempre há meios de consegui-lo), mostrem interesse nos pontos das descrições de como os relacionamentos persistem depois da morte, para a evidência de que o importante é o amor, para o que todas as ações devem tender, inexoravelmente.

Disse que gostaria de ir diretamente ao ponto. Sei que dei muitas voltas. Fiquem, assim, com a frase final e vivam o Cristianismo Redivivo com a disposição renovada, para que cheguem ao etéreo prevenidos contra as armadilhas dos desejos materialistas. Deixem de lado a idéia de que tenham vivido uma boa vida, quando usufruíram o de melhor. Não é preciso que se façam sacrifícios, como os eremitas, mas se não tiverem feito tudo pelos irmãos, em cada circunstância de vida, vão ter de fazê-lo em condições bem ruins, para as quais não estão preparados.

José me acena para encerrar. Peço-lhe que me afiance que não tenha extrapolado os justos limites da turma. Ergue-me o dedo em sinal de “positivo”. Ainda bem, que estava ficando preocupadíssima com o “sermão”, cuja iniciativa se deveu ao fato de me considerar a irmã mais velha da turma. Perdoem-me os que me lerem.

Muito obrigada! Que Jesus nos receba as preces com muito carinho! Fiquem com Deus!

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