Textura é elemento
visual, que faz barato
o que do tato invento,
sem fazer nenhum contato.
Ela será percebida
por olho e pelo tato
ou, por ambos, na mexida,
quando sentimos de fato.
Suas qualidades táteis
nem sempre estão presentes.
Aos olhos não são voláteis,
não são nada reticentes.
Táteis e óticas juntam
mão e olho ao evento.
Ambos a tudo assuntam,
cada qual no seu segmento.
Olho percebe a lixa
do mesmo modo que mão,
mas esta não gera rixa,
dá sua confirmação.
Favor não tocar, só ver,
é o que mais loja pede.
A coisa parece ser,
mas do sentir se arrede.
Ficamos com pouco treino
pra perceber a textura,
pois, o tato nesse reino
recebe muita censura.
O brincar de cabra-cega,
dentro de um bom motel,
agrada se a gente pega,
discernindo por anel.
O envolver sensual
depende muito do toque,
mas na lei do social
quem tocar leva um coque.
Mais vale é o abstrato,
poder ver, mas sem pegar.
Adeus, meu querido tato,
olho vai me enganar.
Um veludo bem sedoso
numa foto de primeira,
tocado por curioso
não convence, é rasteira.
Materiais em geral
é que falseiam textura
e, o que é mais banal,
pelo olho se apura.
Básico significado
estará no que se ver.
Um falso bem arrumado
é que dá sobreviver.
Em água ou qualquer mato,
os bichos mudam de cor.
Procuram anonimato
pra fugir de predador.
Em guerra, qualquer patente
se camufla muito bem.
Do soldado ao tenente,
todos falseiam também.
Periquito se esconde,
produz barulho maior.
Está ali, não sei onde,
só lembro dele de cor.
Textura de funcionário
é mais difícil notar,
pois servidor ordinário
no guichê nunca está.
Mas, a de um candidato
é bastante sazonal,
vem no fim de um mandato
ou quando faz algum mal.
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