O ANJO PERDIDO!
Ana Zélia.
Pobre do homem que tem vergonha de si mesmo. Pior ainda, vergonha dos seus.
O anjo perdido! Pra início de conversa era negro, só tinha as asas brancas. Isto o diferençava dos demais.
Quantos anjos negros existem perdidos neste mundo de meu Deus?
Somos uma reunião de ossos que juntos nos mantém firmes, caveiras ambulantes revestidas com uma matéria para não assustar tanto.
Mas, quanto preconceito, indiferença, injustiça? Quanta maldade existe dentro do coração, do peito e da alma desta gente?
No espelho só enxergam a matéria corpórea, os cabelos que embranquecem eles logo os tingem de louro, preto ou até vermelho. As rugas no rosto os levam à plástica como se isto modificasse suas almas.
O defeito não está na matéria, mas na formação moral de cada um, há homens que se envergonham de si. E observem possuem bons corações, apenas não são ricos materialmente, não são organizados, não possuem a honra de um homem, o trabalho que dignifica qualquer ser. E quando o homem se envergonha do que não é dele, mas de sua família, fruto do suor do trabalhador. Envergonham-se da casa que moram, dos móveis, da roupa, comida, proíbe até visitas, o intercâmbio entre as pessoas, homens que se distanciam por culpa do preconceito.
Alguns fumam, outros bebem, outros em sua maioria são pobres, ou “pobres entre aspas”, pobres de espírito, sendo esta a pior pobreza do ser humano. Num mundo caótico há homens sem teto, sem roupa, comida, dormindo ao relento, comendo sobras do lixo e são mais dignos que aqueles pobres de espírito. Sim, porque estes são perigosos, rastejam como cobras e podem dar o bote a qualquer instante. São ocos como os alvéolos pulmonares.
Pobre vida! Pobre homem!
Reflitamos.
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