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Infantil-->CONVERSANDO COM CRIANÇAS QUE VIVEM NAS RUAS -- 25/05/2010 - 13:33 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CONVERSANDO COM CRIANÇAS QUE VIVEM NAS RUAS



Pela primeira vez, o menino Péricles Norivaldo Boaventura Lopes, conhecido por todos pelo codinome Pé no Bolo, deixou seus pais, seus amigos e demais pessoas da sua comunidade em polvorosas, procurando por ele, desesperadamente, em todos os lugares de seu convívio rotineiro, em virtude de seu sumiço temporário ocorrido dias atrás.



Em princípio, seus pais acharam que ele havia sido sequestrado ou abduzido por alguma nave espacial e, como é de praxe em situações de desaparecimento de pessoas numa família, eles não pensaram duas vezes: procuraram, de imediato, as autoridades policiais local para registrar o fato ocorrido.



Esse seu desaparecimento momentâneo teve uma repercussão muito grande na sua comunidade e regiões circunvizinhas e, além dos jovens e adultos conhecidos, todas as crianças se mobilizaram no intuito de tentar localizá-lo, criando, assim, um verdadeiro mutirão comunitário.



Felizmente, aquela mobilização comunitária surtiu o efeito esperado e ao anoitecer do mesmo dia ele foi localizado no centro da cidade, rodeado por várias "crianças que vivem nas ruas" que, por razões até então inexplicáveis, estavam ali reunidas, atentos e dispostos a escutá-lo.



Ao sentir a presença dos seus pais Pé no Bolo interrompeu o seu bate-papo, pediu licença aos garotos e foi saindo devagar, sem chamar muito a atenção deles, dando a entender a todos eles que retornaria noutro momento para continuar aquela conversa. No caminho de volta para casa, antes que seus pais o interrogassem, ele tomou a iniciativa de lhes pedir desculpas pelo transtorno familiar que causou e, em seguida, os implorou que lhe ajudassem, noutra oportunidade, a terminar aquele primeiro contato que ele teve com aquelas crianças abandonadas, por entender que se tratava de uma causa muito nobre.



Seus pais assentiram, em princípio, com um balançar positivo de cabeça, mas, em seguida, quiseram saber a razão de ele ter tomado aquela atitude estranha de sair de casa, sem ao menos consultá-los, previamente, para que eles pudessem acompanhá-lo. Ele simplesmente disse ter encasquetado aquela ideia, considerada absurda por todos, exceto para ele, evidentemente, a partir do dia em que esteve numa excursão escolar, visitando escolas-modelo no centro de sua cidade e, ao passar por ali, pode observar aquelas crianças abandonadas, sem uma razão aparente, perambulando pelas ruas.



Disse, ainda, que achou muito estranho o modo de elas viverem ali, desacompanhadas dos seus pais e, por não entender a razão de elas se comportarem daquela maneira, quis vê-las de perto, conversar um pouco com elas e saber o que pensavam a respeito de seus vínculos simbólicos e afetivos.



Ao chegar à sua casa, desta feita com os olhos rasos d’água, confessou que boa parte daquelas crianças com quem conversou tinha afirmado que não sabia o paradeiro de seus pais. Disseram, ainda, que apesar das pequenas brigas e desavenças existentes entre si, mesmo aquelas que disseram ter conhecido seus pais, revelaram muito medo de voltar para seus respectivos lares.



Eu notei que elas não têm sequer uma cama para dormir e que só se alimentam de vez em quando. Estão sempre esperando que alguém lhes dê um pouco de comida.



Ali, nos momentos em que alguma delas recebe um pouco de comida, ninguém toma a parte do outro. Quem tem a sorte de ganhar esse pouco de alimento tem o cuidado de dividir com as outras crianças que não tiveram a mesma sorte, naquela oportunidade - e prosseguiu.



Durante a conversa que tive com esses meninos e meninas, tanto os grandes como os pequenos, percebi que a maioria deles só está ali porque não tem um lugar tranquilo para poder viver em paz, assim como é aqui na nossa casa - murmurou - com a voz meio embargada.



Por fim, após contar detalhadamente tudo o que aconteceu naquele encontro com aquelas crianças carentes, Pé no Bolo pediu aos seus pais que lhe prometessem que, em alguma data futura, o acompanhariam numa eventual segunda visita, a fim de que ele pudesse continuar aquela conversa que, no seu entender, ficou pela metade. - Eu sei que não será uma tarefa muito fácil – disse para os seus pais - com um ar de muita preocupação. Talvez, dessa  próxima vez, eu consiga ouvi-los com mais calma, consiga analisar melhor os detalhes da história de cada um deles, tente entendê-los e possa até orientá-los um pouco mais, além do que já fiz quando da primeira vez que estive lá com eles - concluiu.


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