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Artigos-->Políticos Maranhenses -- 29/08/2008 - 22:55 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu nasci em Caxias, uma cidade ao sul do Maranhão. Havia quase 30 anos que eu não a visitava. E foram muitas as emoções que vivi ao rever a casa em que nasci, o riacho em que aprendi a pescar e a nadar e meus amigos de infância. Mas duas coisas me chamaram a atenção logo que cheguei à cidade: a enorme catinga e a propaganda política.

O fedor se explica pelos esgotos a céu aberto até nas ruas em que moram e passam diariamente as pessoas mais influentes da cidade. A propaganda política se explica pelas eleições municipais, que não há em Brasília. Enquanto o país canta jingles nos carros de som, agita bandeiras partidárias e tem os postes repletos de fotos de políticos pedindo votos, Brasília permanece em silêncio e limpa. À noite, no horário eleitoral na televisão, enquanto o restante do país vê os candidatos fazendo campanha, os brasilienses revêem a Minisérie JK.

Em Caxias, conforme os dias iam passando, eu ia (re)conhecendo mais a cidade. Fui notando as mudanças que ocorreram em minha ausência, como a enorme quantidade de motos e bicicletas e a criação de novos bairros. Percebi que a cidade não cresceu para o alto, apenas um prédio comercial fora construído. A violência foi o que mais me entristeceu. Fui aconselhado a não andar com minha câmera ou celular na rua e, quando eu fosse falar ao celular, ficasse atento, pois alguém poderia passar e levá-lo.

Embora as pessoas mantenham o português sem sotaques, gírias ou chiados, em Caxias, 31,3% da população são analfabetos (no Maranhão são 31%), ou seja, não sabem ler nem escrever. Este número fica assustador se considerarmos as pessoas que lêem com dificuldade e as que lêem, mas não entendem o que lê. Esses são os analfabetos funcionais.

Desde os meus tempos de menino, eu via cartazes dos candidatos prometendo trabalhar por educação e emprego. Hoje, vejo os mesmos candidatos fazendo as mesmas promessas nas ruas. Com um único diferencial: acrescentaram a segurança em seus discursos.

Quando deixei a cidade, eu tinha onze anos de idade. Hoje, páro e me pergunto: Como em 35 anos os candidatos continuam fazendo as mesmas promessas? Se há 35 anos eles já falavam que defenderiam a educação e o emprego, por que é que existem tantos analfabetos e tanta gente desempregada? Essas perguntas, repasso-as para as famílias Bacelar e Castelo, que são os nomes que mais trago na memória e que vi novamente estampados nas ruas. Mas aguardo resposta também dos políticos apoiados pelos Sarney, Lobão e Cafeteira.

Estive também em São Luiz. Para minha surpresa, soube que os Sarney há muitos anos não ganham na capital, embora sejam imbatíveis no interior. A capital tem o menor índice de analfabetismo. Será mera coincidência?

Em São Luiz, um fato que me aborreceu bastante foi o fracasso da tentativa de aterrar parte do rio Bacanga, o que provocou um grande desastre ecológico. E, o pior, ninguém foi preso. Parte do mar agora é um lamaçal a perder de vista. A minha indignação com a falta de punição é porque, dias antes da minha visita, o pecuarista Alvino Pedro Leite, de 79 anos, foi processado e preso por trinta dias porque utilizou áreas das margens da rodovia MS-395 para pastagem de gado.

Os políticos maranhenses mentiram e continuam mentindo para o povo. Se os maranhenses não se derem conta disso, daqui a 35 anos a cidade estará mais fedorenta e os analfabetos e desempregados serão em número ainda maior.

A maior asnice de alguns políticos é imaginar que, mantendo o povo na ignorância, eles manterão os seus empregos. Ora, quem é político, é político em qualquer circunstância. O político que deixa o povo na ignorância é muito mais ignorante. O eleitor educado ajuda a levantar o político. Discute com ele em pé de igualdade de conhecimento todas as idéias, aperfeiçoa-as e traz-lhe idéias novas. O diálogo entre um analfabeto e um político estudado que busca idéias inovadoras é produtivo para quem? As famílias citadas têm a política no sangue. Não deixarão de ser políticos se trabalharem em favor do povo. Se elas colocarem esgoto na cidade, melhorarem os salários dos professores, embelezarem e equiparem as escolas com equipamentos tecnológicos mínimos, o povo continuará votando neles. Isto é fato. É muita miopia, não vês isso!

Enquanto escrevo este desabafo, as pesquisas apontam que a família Sarney deverá levar outra surra em São Luiz nas próximas eleições. Quem quer que seja o vencedor, daqui a 35 anos voltarei para falar como está a cidade.

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