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Infantil-->LUZ DA MANHÃ -- 25/10/2010 - 17:51 (MARIA HILDA DE J. ALÃO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
 




LUZ DA MANHÃ
 
(A menina que virou princesa)
 
Maria Hilda de J. Alão
 
Era uma vez, num palácio sombrio,
Uma menina que morava sozinha
Num quarto atrás da cozinha,
Pois era escrava a coitadinha,
 
De uma rainha muito malvada.
Luz da Manhã era o seu nome.
Doente, ela passava frio e muita fome.
Nos poucos momentos de descanso,
 
Para aliviar tal tormento, ela comia
Umas folhas que brotavam verdinhas
Na água corrente e límpida do riacho,
Um quilômetro floresta a dentro.
 
A idade de Luz da Manhã variava
Entre quatorze ou dezesseis anos,
Ninguém sabia ao certo,
Era o que ela aparentava.
 
A rainha megera observava
Que o castigo que aplicava
De nada adiantava
Pois a menina melhorava
 
Da forte tosse que incomodava
O sono dos outros empregados.
Com a falta de boa alimentação
O mal deveria piorar, pensava a bruxa.
 
Mal sabia a desnaturada
Que outros empregados do castelo,
Com muita pena de Luz da Manhã,
Escondiam pães, nozes e avelãs
 
Nos bolsos dos seus aventais
E antes de se dispersarem
Cada um para os seus afazeres
Deixavam tudo num cesto de vime,
 
Escondido num buraco da parede do quarto,
Para que a infeliz menina,
Ajudada por eles e pela planta,
Pudesse se livrar do mal para sempre.
 
Luz da Manhã crescia e a cada dia
Ficava mais rosada e mais bela
Com grandes olhos azuis
E longos cabelos cor de mel

Despertando a inveja e o rancor
Daquela rainha sem alma,
Que a expulsou do sombrio palácio,
Para aquela floresta fria e nevoenta
 
Com uma trouxa de roupas e mais nada.
O tempo foi passando e Luz da Manhã
Ainda vivia no mato junto com alguns bichos
Que se tornaram seus grandes amigos.
 
Um deles, um lobo velho de cor cinzenta,
Foi quem abrigou a menina em sua toca.
A princípio ela sentiu medo, mas o animal,
Tranquilizando-a, disse que não lhe faria mal.
 
Um macaco tornou-se seu grande amigo.
Se ficasse ao lado dele ela não correria perigo, dizia.
Além de presentear a amiga com tudo que comia
Ensinou-lhe a diferenciar as boas frutas das nocivas.
 
Aprendendo com os bichos, ela não passou fome,
Nem sentiu frio. Solidão? Estranho esse nome.
Vivia sempre cercada de amigos sinceros.
Numa tarde de sol muito bonita,
 
E na companhia do amigo macaco,
Ela se aproximou do riacho onde nasciam
Aquelas folhas verdinhas e gostosas
Que a sua tosse curou. Ficou ansiosa
 
Porque dali dava para avistar as torres
Do grande palácio dos horrores,
Sua casa por um tempo, e ela muito queria
Esquecer para sempre o dia
 
Em que se embrenhou pela mata
Numa época de chuva e muito frio.
Estava pensativa olhando a água do riacho
Quando ouviu homens falando
 
Em tom nervoso e pesaroso.
Aproximando-se cautelosamente
E por entre os galhos observando
O motivo de tal confusão.
 
Foi então que viu um belo rapaz caído,
E por homens preocupados rodeado.
Ela foi chegando de mansinho,
Sem nenhum barulhinho,
 
Mas o macaco assustado
E com medo dos cavalos,
Gritou subindo rapidamente
Num alto pé de carvalho.
 
Ao avistar Luz da Manhã entre as folhas,
Um dos homens, com um chapéu em forma de bolha,
Aproximou-se e perguntou como podia
Tão bela jovem estar ao meio-dia
 
Naquela floresta tão distante do seu castelo.
Supunha ele estar diante de uma princesa
Tal era a suavidade e a beleza
Da moça desconhecida.
 
Luz da Manhã contou sua história.
Era uma vida sem glória,
Mas vivia muito feliz ali
Entre macacos, lobos e javalis.
 
Quis saber quem era o jovem
Estirado, imóvel ali no chão.
-É um príncipe de bom coração,
Filho do poderoso rei João
 
Que nada teme nem urso nem leão.
Ele sofre de um mal que ninguém conhece
Tosse muito e desfalece
E, ao acordar, não reconhece
 
Quem o ajudar tenta.
Médicos já foram mais de setenta
Nenhum capaz de descobrir
A causa de tanto tossir.
 
Respondeu o homem de chapéu de bolha.
Apanhando de uma árvore a folha
Ele se pôs a abanar o jovem desmaiado
Para que se sentisse ventilado.
 
Luz da Manhã contou ao homem
Que um dia sofrera de mal igual,
E graças a um vegetal,
De cor verde magistral,
 
Recuperou a saúde
E que ela, amiúde,
Faz dessas folhas refeição.
Com todo respeito e admiração
 
O homem pediu à moça
Que o levasse até a planta,
E sua ansiedade era tanta
Que ele tropeçou caindo numa poça
 
De lama negra e fétida.
Segurando a mão do macaco,
Luz da Manhã acompanhou o homem
E com ele chegou ao riacho coberto
 
De folhas tenras verdejantes.
Perguntando insistentemente
Ele obteve a resposta finalmente:
Era aquela a planta milagrosa
 
Que livrou a moça do mal terrível.
Recolhendo punhados da erva
O homem foi até o belo rapaz
Que parecia dormir em paz.
 
Chamou os companheiros
E pedindo uma faca
Improvisou uma maca
Para levarem de volta ao castelo
 
O doente jovem e belo.
Lá chegando contaram ao rei João
O fato acontecido na floresta.
Sentindo partido seu coração
 
O rei pediu a um grupo de soldados:
- Tragam essa moça a minha presença
Para que me ajude a libertar de tal sentença
Julian meu amado filho.
 
Horas depois o grupo voltou
Trazendo a jovem temerosa
De voltar aos dias terríveis
Vividos em outros tempos.
 
Luz da Manhã foi recebida
Pelo rei e pela rainha,
E nesse breve encontro
Ela sentiu grande simpatia
Pelo generoso casal real.
 
Os dias foram passando
E, com os cuidados da rainha
E de Luz da Manhã, o príncipe
Foi se recuperando do mal de tossir.
 
Todos os dias soldados iam ao riacho,
E em cestos traziam para o palácio
A milagrosa planta que virava
Grande prato de salada crua
 
Que o príncipe devorava com satisfação.
Numa tarde, quando ajudava a rainha
A enrolar lãs e linhas, Luz da Manhã
Contou que não conhecia seus pais,
 
Não sabia o lugar de seu nascimento
Tampouco como fora parar no castelo sombrio.
Ela percebeu que a rainha ficou triste.
-Majestade, eu disse alguma coisa errada?

Perguntou a menina assustada.
-Não, minha filha, não...
Mas não pôde esconder a lágrima
Que caiu morna na palma de sua mão.
 
Luz da Manhã soube da triste história,
Da longa busca sem vitória
Pela princesinha desaparecida
Aos dois anos de vida.
 
A rainha secou os olhos,
Deixou o cesto de linhas
E foi até a sala do trono
Onde estava o rei em pleno sono.
 
Chamou o marido que assustado
Perguntou o que ela queria.
Segurando a mão do rei João
Ela disse com toda a emoção:
 
- Majestade, já reparou nos olhos de Luz da Manhã?
São iguais aos da nossa Miriam.
Estou com um pressentimento,
Por isso peço que mande investigar
A origem desta menina e como ela foi parar
 
No castelo de Serafina megera.
Depois desse pedido o rei João
Mandou chamar o soldado Salomão
Especialista na investigação
 
De qualquer caso dito perdido.
Com as ordens do rei ele partiu.
Percorrendo várias estradas
Chegou a um vilarejo distante
 
E foi perguntando confiante
Se ali teria aparecido,
Há uns quatorze anos,
Uma linda menina
 
De olhos da cor do céu
E cabelos cor de mel.
Vinte moedas de ouro
Tinha ele na bolsa de couro
Para pagar regiamente
Qualquer informação convincente.
 
Foi aí que alguém disse
Que isso era sandice,
Tanto tempo se passou
E a criança já evaporou.
 
Saindo do meio do ajuntamento,
Uma senhora com esquisito paramento,
Segurando pela rédea um jumento
Pediu para falar naquele momento.
 
Fale senhora com clareza
Para que eu diga à realeza
Que cumpri a ordem dada
E que de mentira não tem nada
 
A sua informação. – disse Salomão.
- Foi num mês de quente verão
Que passou por aqui um gigante,
Vindo não se sabe de onde,
 
Procurando o castelo da rainha Serafina.
Ele trazia uma criança envolta
Em rica manta de veludo
Onde bordado havia um escudo
 
Com duas lanças e um coração.
Salomão ficou muito sisudo
Pensando: aquele era o escudo
Da família do rei João.
 
Continuou a mulher falando
Sobre o gigante e a criança.
- Soldado não tenha esperança
Porque a maldade da rainha é tanta
 
Que, talvez, tenha feito desaparecer
Aquele pequenino ser.
Salomão ligou os fatos:
- Nossa! Quatorze anos exatos...
 
Se fosse como ele pensava
A princesinha estaria agora
Com uns dezesseis anos de idade.
Seria Luz da Manhã a princesa?
 
Depois de tal informação
O experiente soldado Salomão
Entregou à mulher a bolsa de couro
Com as vinte moedas de ouro.
 
Voltou ao castelo cavalgando
Num cavalo que parecia voar.
Levantando poeira no ar
Parou estafado diante do castelo
 
Esperando a ponte descer,
E antes do completo escurecer
Estava narrando ao rei João
Todo o conteúdo da informação.
 
Então o rei valente decidiu
Ir pessoalmente ao castelo
Da rainha má Serafina,
Para esclarecer o mistério
 
Da origem de Luz da Manhã.
Nem bem rompeu o dia,
Vestindo uma armadura dourada,
Partiu o rei com seus duzentos soldados.
Depois de alguns dias, todos cansados,
 
Chegaram ao castelo sombrio.
Serafina ficou amedrontada
Ao ver diante de si o rei João
Que, em tom ameaçador, exigia
 
Que lhe dissesse quem era
A moça que, sem piedade,
Ela enviou para o meio da floresta.
O suor banhava a testa enrugada
 
Da malvada Serafina
Que outro jeito não teve
Senão pedir a um serviçal
Que fosse buscar a manta
 
Guardada no fundo de um baú.
Foi com aquela manta
Que Luz da Manhã lhe foi entregue
Pelo gigante Mussaregue. – informou a megera.
 
O rei chorou ao ver a manta.
Então aquela menina da floresta
Era Miriam, a sua amada filha,
Levada para ser escravizada
 
Por tal criatura desprezível.
Antes de partir levando a manta
O rei passou a ordem:
- Libertem todos os escravos!
 
Um dos escravos, respeitosamente,
Disse ao rei que Serafina
Mandara prender covardemente
Augusto, o rei daquele lugar,
 
Tomando seus bens e suas terras
Escravizando a todos sem piedade.
João, imediatamente,
Enviou o soldado Clemente
 
Para libertar os prisioneiros.
Devolvendo a Augusto o seu reino,
Tornou-se amigo e aliado.
Os dois, em comum acordo,

Baniram Serafina para um lugar pantanoso
Onde vivem corvos e jacarés.
Por toda a sua vida viveria
Sem o luxo do castelo sombrio
Aprendendo que não se deve fazer aos outros
Aquilo que não quer para si.
 
Enviando à frente um mensageiro
Para comunicar a todo reino
A grande descoberta feita,
Voltou para casa o pai feliz
Para abraçar e beijar a princesinha.
 
25/10/10
 
(histórias que contava para o meu neto)
  
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