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Cartas-->20. MARIA DO CARMO -- 08/08/2002 - 07:15 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não gostaria de me tornar motivo de desconfianças da parte do leitor que toma as comunicações como meio de se divertirem os espíritos, à vista da ingenuidade do médium e da crendice popular de que as almas dos mortos não têm muito o que fazer, dedicando-se a enfastiarem-se, em campos de paz transcendental, embora acostumados a bulício diuturno, durante a encarnação.

Nada mais injusto em relação aos que se esforçam para demonstrar que, sem conhecimentos de nível superior, não há como progredir rumo às esferas seguintes. Como adquirir a sabedoria, sem aplicar-se com denodo, com fé e com interesse aos estudos das matérias concernentes ao aparato de virtudes que se devem assimilar?

Na carne, desde a mais tenra infância (diríamos melhor: desde o ventre materno), todas as pessoas passam por etapas de crescimento, para as quais têm de preparar-se convenientemente. É o que vulgarmente se denomina de prontidão para o aprendizado. Para isso, o cabedal das estruturas potenciais vai desabrochando, segundo a necessidade. São fatos notórios que as criaturas mais lentas se atrasam e não adquirem as habilidades normais, e que há quem se destaque desde muito cedo, justamente por estarem melhor equipadas. De maneira geral, as crianças se aproveitam das heranças genéticas e vão desempenhando o papel que se espera delas, de maneira pessoal, típica, característica.

Por que, no etéreo, iria ser diferente? Somente a “herança genética” é substituída pelo acúmulo das experiências, seja qual for o campo em que se deu a vida do cidadão.

Eu vim para cá cedinho. Não me havia sequer dado a oportunidade de conhecer os parentes. Tinha alguns poucos meses de vida e pretendi eternizar essa condição alienada da realidade. É que deveria ter sofrido muito, em virtude de amplos resgates a executar, com pouca probabilidade de êxito, dado ter nascido em lar paupérrimo, tanto no sentido financeiro quanto no aspecto moral.

Aí, a consciência profunda quis fazer valer o direito de permanência no estágio de vigília, pelo menos durante seis ou sete anos, para o descanso a que tinha direito como reencarnanda.

Não preciso dizer que os protetores e amigos me despertaram, com dificuldade mas decididamente, pois não se compreenderia que me deixassem com a vontade soberana, quando deveria participar dos trabalhos seguintes, junto à comunidade familiar.

Para o efeito, prometeram-me proteção contra os arremessos dos sentimentos de culpa, dado que as recordações me levaram diretamente para a concepção dos projetos de vida, em função dos insucessos anteriores.

Tão bem exerceram o papel de beneméritos, que não percebi o quanto de dor deveria vir a sofrer, mediante a sobrecarga dos malfeitos. Essa condição de esquecimento moral nem sempre se alcança. Há que se movimentar grande equipe técnica, para a aplicação correta dos fluidos energizados por muito amor e benquerença. Graças a Deus, obtiveram êxito e me proporcionaram seis anos de trabalhos em equilíbrio espiritual, para a aquisição dos conhecimentos das principais leis, ignorante que eu era ao extremo.

A bem da verdade, esse acréscimo de misericórdia não irá desobrigar-me de cumprir todas as etapas planejadas, durante a vida subseqüente. Contudo, não precisarei ficar à mercê dos acontecimentos fortuitos de organização familiar tão irregular quanto aquela que me enviou de volta tão cedo.

Tenho medo de relatar os fatos que originaram o meu trespasse, não pela hediondez dos sucessos, mas pela influenciação negativa que se poderá emanar contra a família, especialmente mamãe. Assim, chegados a este ponto da leitura, solicito aos amigos que destinem alguns minutinhos para uma prece em que roguem a ajuda dos protetores pessoais, para que não estabeleçam qualquer mau contacto com os que me agasalharam sem o amor mais corriqueiro.

Fui filha de mãe solteira. A pobre se viu tão atarantada com as recriminações dos pais, que, sem saber o que fazia, deu cabo do neném, jogando-me no poço. É tragédia comum na sociedade em que os valores repousam na maior ou menor capacidade das pessoas de arcarem com os ônus pesados da criação dos filhos. Mamãe deixara de trabalhar e o seu ganho modesto acabou por desequilibrar as economias de subsistência.

Não sei se deverei expandir a narrativa pelos campos da materialidade mais grosseira. A verdade é que vim para o etéreo bem mais cedo que o programado, já que ninguém foi capaz de imaginar que o desespero da jovem mãe chegasse ao ponto de desfazer-se da causa de seu malogro familiar.

Quando tomei conhecimento dessa situação muito especial, fiz questão de adiantar-me o mais que pude, para providenciar ajuda extraordinária para aquela criatura que me agasalhara no ventre.

Pergunto mais uma vez: será que tudo o que relatei levará os leitores a julgarem a vida nesta colônia como de “dolce far niente”? Se assim for, rogo a Deus que me dê a mesma certeza, para poder amenizar as ânsias de realização, que me trazem num cortado, tantas são as atribuições de que me revesti.

Apenas devo esclarecer que tanta tribulação não me afeta a calma, a ponderação e a tranqüilidade com que desempenho todos os serviços, já que não me adiantaria afobar-me, errando as decisões que me cabem, o que me oneraria muito mais. O trabalho é muito mas os mentores velam para que não sejam excessivos. Por exemplo, para elaborar esta manifestação, deram-me alguns dias de folga, cuidando para que eu observasse como as tarefas inadiáveis iriam ser realizadas pelos substitutos. Se não fosse assim, tinham a certeza de que me recusaria, com a justa desculpa de que não escreveria peça condigna, como terminou sendo a expressão da verdade.

Modéstia à parte, fiz o que pude, prometendo desenvolver outras dissertações para apresentação em tempos mais apropriados, quando estiver a pique de ingressar na esfera seguinte. É promessa vã? Pois recomendo que os amigos também se esmerem para compreender o que se espera dos espíritos em vias de deixar o âmbito terrestre, o que os obrigará à elaboração de várias peças técnicas ou literárias, senão para serem transmitidas mediunicamente, pelo menos para servir como exame íntimo da capacidade de discernimento entre o bem e o mal, no setor da intelectualidade.

O que se pediu à “Turma dos Primeiros Socorros” foi que não nos dedicássemos à reprodução dos depoimentos emocionados de quem está a sofrer com as conseqüências da desencarnação, mas que efetuássemos revelações de aspectos novos das peripécias dos que estão a descobrir a identidade “metafísica”. Se essa for a impressão dos leitores, dar-me-ei por realizada. Caso contrário, enviem-me vibrações, no sentido de me alertar para o que considerarem cediço. Não irei prometer refazer a mensagem, mas tentarei entrar em contacto pessoal, para os esclarecimentos que se fizerem precisos.

Que o Senhor nos abrigue a todos em seu reino de luz!

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