FRENTE A FRENTE COM A VELHICE.
Ana Zélia
Passa o amor, passa o sexo, passa o tempo, passa a vida...
No inverno da existência, os hormônios também passam; passa o cheiro da gazela que atraia o parceiro.
Passa o tempo, passa a vida... Os órgãos atrofiam pelo desuso.
Nuvens negras num inverno sem fim.
O homem, pobre homem também passa.
Cobaia de laboratórios que impunes fazem rolar por terra a esperança.
A cada comprimido, desconhecido na pele dos fabricantes, faz crescer a massa de gordura, numa metamorfose suicida de magros a obesos.
Gritos ecoam no silêncio das mentes movidas pela “mola mágica” que move o mundo.
O representante torna-se mais importante que os estudiosos da Medicina.Que hoje se mostra ao mundo, não mais caótica, os cientistas descobrem fórmulas e curas para incontáveis doenças. Já não caminha pra falência.
Os “papagaios ambulantes”, produtos da decoreba, fazem morrer no homem a esperança.
Medo! Estratégia mental do ser humano a profissionais caóticos, máquinas robotizadas a serviço dos fabricantes.
Ouvintes atentos às informações dos representantes.
Pacientes: “Cobaias”, inertes, sufocados pelo medo inevitável.A Morte!...
Gritos de silêncio nos corredores hospitalares, “manicômios” ou nos divãs dos
Psiquiatras. Agora, virou sessão de cinema de tanta gente...
Decadência de um sistema que vai do primeiro ao terceiro grau.
Formando em sua maioria “profissional” que tal qual “deuses robotizados” não mais estudam, por falta de tempo.
Buscam o acaso. Esquecem que seu material de trabalho é o ser humano. E o resultado: A vida ou a morte...
Não importa. O produto final, não deixa rastros. É enterrado...
Infelizmente, senti isto na pele, com seis comprimidos, aumentei 14 quilos, vítima de um medicamento hormonal.
Parece que a solução é a morte pacífica ou a busca variada de profissionais.
Desconfiar sempre das medidas.
Até o grito final ou o suspirar tranqüilo aos noventa, cem anos.
Manaus, 17.07.1997
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