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Artigos-->O baú de cada um -- 09/10/2008 - 14:52 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Não emprestes. Presenteie. Quem te dará agradecimentos depois que morreres?”

Edward Morgan Forest

(1879-1970), escritor inglês



Abri o meu baú porque ontem a falante e sorridente Edméa me presenteou com seis músicas que têm a palavra Rio, numa alusão ao meu nome. São elas: Carta do Tom, Menino do Rio, Correnteza, Rio de Maio, Rio e Dois Rios. Gostei tanto da idéia que o disco já está quase furando de tanto eu ouvi-lo e o ouvirei muitas e muitas vezes. Junto com o disco ela colocou um bilhete chameguento que li e guardei no meu baú. Porém, ao abrir o tal baú comecei a ler outros bilhetes e cartas já amarelados pelo tempo. Fui-me entretendo e me deixei levar por aquelas doces lembranças. O saudosismo tomou conta de mim e fiquei quatro horas com o meu ‘mofo’. Mofo, é assim que uma colega chama os assuntos que remetem ao passado. Aliás, quem não tem seus mofos? A verdade é que reler aqueles bilhetes e cartas fez-me um bem danado!

Talvez a colega esteja certa de chamar o baú de mofo, mas gosto de me embrenhar no meu passado e lá, às vezes, acho as soluções para umas coisas do presente. Essa releitura trouxe-me algumas certezas: sou muito querido por umas poucas pessoas; gosto muito de algumas pessoas que sequer sabem que estão no meu baú, mas saberão agora; nos últimos quatro anos não tenho recebido cartões de natal nem bilhetes. Acredito que a internet e o telefone celular mudaram o jeito romântico que tínhamos de escrever um recado quando não encontrávamos alguém em casa ou no trabalho. Agora ficou fácil... e anti-romântico. Se a pessoa não está, a gente envia um correio eletrônico ou liga no celular dela, e pronto, o recado está dado. Acredito que a internet e o celular afastaram os colegas de me escreverem cartas e cartões de felicitações. Aí surge a pergunta, já que não se escrevem mais cartas e bilhetes, como será o baú dos nossos netos? Talvez seja um ‘blog’ na internet com a desvantagem que muita gente saberá o conteúdo do ‘blogaú’. O baú convencional tem a magia de que somente o dono sabe o que tem lá dentro e lembra-se do momento e das situações em que cada bilhete foi escrito. (No momento em que finalizo este artigo a Maristela, sem saber deste trabalho, me presenteou com um disco com músicas ocidentais e orientais dos anos 1200 a 1700. Mostrei-lhe a coincidência do presente com este artigo e ambos ficamos muito emocionados).

O que chamo de baú na verdade é uma mochila rosa que me acompanha há mais de vinte anos. Ela é da marca TuriSport e o bolso de fora é revestido com cinco faixas nas cores rosa, azul, amarelo, laranja e verde. Agora me dei conta que são as mesmas cores da bandeira do movimento GLS – Gays, Lésbicas e Simpatizantes. Será que essa mochila foi feita para o público GLS ou é apenas uma coincidência? Se o foi, neste momento me dou conta também da propaganda subliminar. Ela pertenceu à minha filha quando ela tinha uns três anos de idade, hoje ela tem 26. Se o fabricante dessa mochila tinha a intenção de propaganda, é muita maldade alguém querer induzir o público infantil ao movimento GLS; é muita irresponsabilidade de um adulto tentar atrair crianças para uma opção sexual que é escolha dele (adulto). Por essas e outras, cada vez mais apóio a CPI da Pedofilia que está engradando algumas dessas mentes pervertidas. Veja a foto da mochila no endereço http://fotolog.terra.com.br/joaorios:292

Depois de escrever esse desabafo, desliguei meu computador e saí à procura de outros baús. Minha casa está repleta de presentes e mimos doados por várias pessoas queridas. Logo de cara vi a sandália que meu filho me deu no Dia dos Pais; no meu guarda-roupa está um pulôver que ganhei de uma colega de trabalho, no porta retrato ainda está a foto de uma pessoa muito querida. Saí para o jardim e acariciei as minhas cadelas Balinha e Jujuba, ambas são presentes de uma colega de trabalho. Fui aos meus discos e quase não saí de perto emocionado com tantas lembranças. Tem o disco da Sarah Brigtman que a Suzana insistiu que eu desse a ela, Zizi Possi está lá como presente da Raposa, Maria Bethania e Omara Portuondo presente da Andressa, Casa do Samba, presente do meu sobrinho Fábio. Em vários discos senti a presença dos amigos. Em várias músicas revivi momentos inesquecíveis. Fui para a cozinha. Lá tem um jogo de xícaras amarelas dadas pela Telma Eustáquio e o sifon da pia foi presente da Lurdinha. Certa vez uma colega me decepcionou e pensei em devolver os presentes que ela me deu, mas recuei quando olhando para dentro de mim vi que eu estava repleto dessa moça. Percebi que eu era um baú ambulante, cheio de muitas lembranças muito boas e algumas poucas indesejáveis. Como poderei devolver um presente se não posso me livrar das lembranças que carrego no peito? Sou produto de cada pessoa do meu baú. Cada uma individualmente tem uma importância inimaginável para construção do meu ser.

Quando voltei do passeio pelos meus mofos, vi que minha casa e minha vida estão repletas de anti-mofos. Os meus baús estão cheios de boas lembranças e de pessoas importantíssimas. (Noutro momento viajarei pelas fotos e agendas que tenho guardadas)

A seguir uma pequena demonstração do que encontrei no baú:

22/12/1980 – cartão de natal do amigo Gelmirez;

Início da década de 80, minha homenagem a uma paixão proibida: “Iludidos... nós dois, seguimos lado a lado com passos firmes e seguros. E assim, caminhas ao meu lado como uma desconhecida qualquer. Quem há de imaginar o que aconteceu entre nós? Eu, na hipocrisia da ilusão com que iludo a vida. E, tu na esperança de outras vezes se envolver em meus braços e sermos felizes momentaneamente. Pessoa alguma, jamais pensa ou advinha. Eu não direi e também tu não demonstras que um dia eu fui teu e tu fostes minha. São inúmeras as noites, que amargurado, penso até quando continuaremos infelizes, alimentando essa hipócrita ilusão”;

1987 – uma tira de filme negativo com colegas motoqueiros em Fortaleza;

1987 – uma carta que escrevi de Fortaleza para a ex-namorada Maísa: “Gatinha, eu te juro, nunca derramei uma lágrima por você, mas são infinitas as vezes em que saio com meus primos e amigos para tomar cerveja, e, perco a “graça” quando estou bebendo, por que começo pensar nas cervejas que tomamos, e o quanto me faria bem se você estive comigo...”;

18/08/1987 – marcador de livro presenteado pela Margarida: “João, obrigado pela amizade”;

05/02/1988 – carta da Damiana, de Fortaleza: “Gato... estou mandando algumas assinaturas de colegas meus que você não conhece, mas a minha assinatura está no começo, espero que você prove a este presidente que você não está mentindo mas sim falando a verdade.”;

14/12/1988 – um cartão musical de uma moça que não devo identificar;

14/11/1988 – cartões postais de Parnaíba-PI, enviado pela Fancisca;

15/07/1988 – cartão postal de Guarapari-ES, enviado pelo Gedeon, Dita, Fabiana e Fábio;

19/09/1989 – um cartão postal de Anápolis-GO enviado pela Lucimar;

1990 – slides com fotos do Vandré e da Maíra em Aracajú;

12/03/1990 – carta da Jania Maria: “...Espero ter um rio de assuntos pra ti falar em uma próxima vez que sentar pra ti escrever.”

13/08/1990 – carta da Zandra, de Alfenas-MG: “Alô! Tem alguém aí?”

28/06/1991 – bilhete com assinatura não identificada: “Obs.: I- não estude demais; II- Cuide para não ficar gripado”;

27/12/1991 – cartão natalino do saudoso amigo Tadeu: “...que o tempo não apague nossas lembranças e nossa amizade”;

23/12/1992 – cartão natalino da amiga Nilde: “Mude apenas para o melhor de você”;

Data provável 1993 - bilhete de uma aluna. Nunca rolou nada entre nós e não o rasguei como forma de me defender de algum possível assédio moral: “Estou afim de você, no começo te achava um pouco chato mas agora dá para lhe aturar... Caso a resposta seja sim, não rasgue este bilhete e não mostre para ninguém”.

20/03/92 – uma poesia da eterna e sumida amiga Mércia Manfrini:

JOÃO,

Potinho de mel,

Que tem nos olhos

Pedacinhos de céu.

RIOS de ternura,

Coração,

Às vezes espalhando

Se MENTES

De emoção.

Viva a alegria

Contida, pro mundo sentir seu gosto,

Que gostar tem gosto de

...vida!

Data provável 1993 – bilhete da pequena Érika: “pai eu comi as suas bolachas toda. Pai eu arrumei a casa todinha... pai e as suas roupas foi a minha mãe que lavou, e elas estão no meu quarto”;

Data provável 15 de outubro de 1992/93 – carta da aluna Kellen Cristina em homenagem ao Dia do Professor: “professor, olhe bem para este mundo quanta coisa o homem fez... fez o ferro, o aço, as pirâmides do Egito, castelos, templos majestosos, na medicina fez transplantes... Feliz dia do Professor”;

27/12/1994 – bilhete de uma moça que não posso identificar: “João, você é demais né? Você sai de manhã e bem arrumado nem para sair mais tarde para receber uma visita... eu estava doida pra te ver mas você teve o prazer de atrapalhar, eu queria te fazer uma surpresa... já que estou com raiva de você SÓ LAMENTO...”;

21/01/1995 - cartão postal de Natal-RN, enviado pela Geruza;

14/02/1995 - Uma carta da sempre amiga Neide, onde ela me chama de “querido dádiva de Deus”;

30/08/1995 – uma folha de caderno dos meus alunos escrita em letras pretas bem grandes: “Fã clube Rios de amor!!!”

Sem data – bilhete de uma aluna anônima: “Se jogares fora este cartão, me ama; se rasgares me adora; se deres alguém me deseja; se rabiscares gosta de mim; se guardares por mim choras; se devolveres quer um beijo meu; se queimares quer namorar comigo; se quiseres namorar comigo, dobre-o”;

Sem data – um bilhete da filha Andressa com a palavra João: Jovem Otimista Ãmigo Otimo pai;

Sem data – uma carta de 2,80 metros da aluna Vera, com as palavras Viver, Felicidade, Amor, Sorriso e Esperança;

Sem data – bilhete não assinado de uma aluna engraçadinha: “Joãozinho você com esse corpo tão musculoso e essas pernas de saracura... te amo demais”.





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