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Cartas-->23. DORIVAL -- 11/08/2002 - 07:15 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Adotei o nome da penúltima encarnação, porque a última não valeu. Nasci, permaneci dois dias entre os mortais e desencarnei. Nem nome realmente me foi dado. A mãezinha desejava que me chamasse Gabriel, mas nem me registrou nem me batizou. Se valesse a tese católica, deveria permanecer no Limbo, região trevosa, em que não seria nem feliz nem sofredor. Ainda bem que não vale.

De que me serviu essa rapidíssima peregrinação? Para bem pouca coisa, conquanto me desse um tempinho para refletir sobre as peripécias da existência pregressa e sobre os débitos que deveria resgatar.

O mais certo seria volver ao estágio anterior, sem acrescentamentos ou diminuições. Contudo, todo o sofrimento pela perda da possibilidade do reencarne, toda a frustração de caráter emocional e físico, embora semiconsciente ou não inteiramente lúcido, me deixaram em estado de euforia, como se fosse merecer explicações superiores, pois me interessei muitíssimo pelo desenvolvimento dos fatos, já que me não lembrava de absolutamente nada sequer semelhante ao que me ocorrera.

Com o passar dos dias, revelou-se-me que outras ocasiões tivera de mortes prematuras, inclusive de ser abortado. A diferença essencial estava em que, desta última vez, não dinamizei a vontade de colocar os adversários em cheque, caindo, portanto, nas mãos dos benfeitores espirituais, que me resgataram do espírito de vingança.

Devo agradecer-lhes a interferência psíquica, sobretudo porque restabeleci os paradigmas da personalidade e pude refletir que me prejudicara, e muito, nas frustrações de reencarnação.

Quem está habituado aos temas espíritas sabe que existem rejeições fortíssimas, a ponto de se impedirem os nascimentos. Não é por estagiar como embrião ou feto no ventre da mãe que as criaturas não possuam poderes em relação às vibrações energéticas que emitem, ou que não estejam sujeitos à influenciação prejudicial dos que não desejam o nascituro na família.

Dessa forma, não preciso elucidar que estava nascendo em lares adversos, como forma de pagar tributo ao mal que praticara, como também de propiciar a quem me ferira condições de suplantar as deficiências cármicas relativas à minha pessoa.

Hoje, vejo todo o processo de maneira extremamente clara, pois pude estudar os fatores do desenvolvimento em clima adverso, verificando o que se passa em lares onde antigos desafetos se encontram.

Posso dizer que vi de tudo. Há quem aproveite, como há quem perca a oportunidade de reconciliação. Há quem provoque conflitos, como há quem não dê margem a que os maus instintos prevaleçam. As circunstâncias não determinam os procedimentos, mas a vontade íntima expandida na carne, em atos de amor ou de ódio.

No meu caso, a rejeição foi integral e recíproca, conquanto estivesse preparadíssimo para enfrentar as ondas negativas que me atingiriam, conforme fora fartamente prevenido. Enquanto me mantive isento de má reação, os protetores conseguiram anular o poderio exterior. Um dia, deixei-me abalar por certas palavras, estando meus pais no plano da espiritualidade, durante o sono, e isso foi suficiente para me expor aos dardos mortíferos.

Meus pais haviam refletido muitíssimo antes de me aceitarem na família. Ao me virem tão perto, entretanto, arrependeram-se e criaram os embaraços. Infelizmente para todos nós, voltamos à estaca zero do relacionamento. O que nos valerá é esta minha estadia inédita na colônia, para onde vim trazido pelas mãos maravilhosas do ilustre professor José.

Consciente de como se passam as coisas no âmbito das repulsas, não insistirei em me apresentar de novo para o reencarne, conquanto a jovem que me daria à luz esteja buscando engravidar. Só o fato de me perder já a deixou atormentada. Não quero acrescentar outra desilusão, pois me sinto impotente perante minha voluntariedade no campo dos desajustes morais.

Tenho medo, se é essa a explicação mais plausível ou mais compreensível, posto interfiram no processo muitos fatores cármicos. Se for possível, irei propor-me, futuramente, como neto, caso a benevolência divina permita. Caso contrário, dependendo dos anos que teremos até o retorno de ambos ao etéreo, estarei estudando para recebê-los sem titubeios, com o coração na mão. Até lá, examinarei inúmeros casos semelhantes e me esforçarei ao máximo para estar sob o amparo dos amigos e colegas, os quais me sustentarão fluidicamente, para não resvalar de novo para o negrume das inconseqüências sentimentais.

Mas não será fácil. Estou ensaiando subir o primeiro degrau dessa longa escada. E esse primeiro passo parece bastante seguro, por estar fundamentado nos raciocínios frios de quem não vem sendo atingido pelos influxos energéticos negativos dos inimigos, entretidos com recentes sofrimentos. Além disso, tenho estado resguardado pelas providências dos protetores da colônia, que impedem que os internos sofram o assédio dos litigantes, quando demonstram que desejam progredir nos estudos.

Não quero deixar para o leitor a dedução de que estou na corda bamba das deliberações mais agudas. Estou mesmo, e isso é para fazer o amigo pensar.

A pergunta mais provável se fará em torno da clarividência da situação. Como é possível que alguém tão certo do que se passa consigo mesmo e com os outros possa temer vir a falhar?

É porque o domínio que se exerce sobre o inconsciente é precário ou artificial. Uma vez em contacto com as vicissitudes do mundo objetivo, a pessoa passa a agir coerentemente com os impulsos mais fortes. Se o ódio estiver predominando, apesar da compreensão de que não se deve dar curso ao mal, mesmo subjetivamente, acabamos por favorecer que nuvens negras e inquietantes nos envolvam, impedindo-nos de visualizar o bem como norma superior evangélica.

Terei de passar por rigoroso treinamento de autocontrole emocional, para o que deverei investigar meus processos de comportamento, desde remotas eras, até caracterizar o que mais me afeta, para progredir na eliminação dos maus hábitos. Enquanto isso não ocorrer, farei longos exercícios com os amigos, refletindo à exaustão sobre todos os procedimentos negativos e positivos, tentando decifrar o que faz dos santos espíritos superiores.

O teor do discurso faz pressupor que tenha habilidades para alcançar esses conhecimentos com facilidade? Ledo engano. O procedimento intelectualizado, como disse acima, faculta passar essa impressão, que as palavras se compõem para o efeito. No momento da ação, a memória, desabituada às boas reações, tende a despertar os instintos adormecidos. É como aprender a dirigir automóvel. O treinamento deve educar as reações espontâneas, para que se eliminem os maus pendores.

Esta insistência nos pontos fundamentais visa a dar ao leitor o hábito de refletir sobre os temas da espiritualidade. Sendo assim, não se canse conosco e insista, todo dia, em pensar sobre como irá enfrentar a consciência, se não estiver satisfeito com os resultados de suas ações evangélicas.

Lamentavelmente, a tendência à orientação transparece muitas vezes, provocando o Irmão José, que nos pede ponderação e equilíbrio. De qualquer forma, essas pontas de iceberg servem para alertar para a montanha que se situa debaixo do nível temático.

Graças a Deus, aqui temos a augusta oportunidade de aprender e isso é bem inalienável. De minha parte, não me lembra jamais ter estado tão perto das lições de Jesus, não como aprendizado jovem do catecismo, mas como meditação adulta sobre o carma e sobre o Universo. Se conseguir ser agradecido ao Senhor, tenho a certeza de que poderei vir a obter sucesso, quando empreender a luta contra a maldade incrustada na mente, para juntar-me em amor com os adversários.

Reze por mim!

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