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Cartas-->24. CLÓVIS -- 12/08/2002 - 06:42 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sempre gostei de meu nome. Ao ler a história do rei e guerreiro, me ufanei por meus pais me terem concedido essa honraria.

Já se viu que um dos colegas também se orgulhava do próprio nome. Posso dizer que há outros, talvez a maior parte, que detestam os apelidos, por lembrarem coisas muito ruins. É como se se estivesse estigmatizado por mau destino resultante de vidas em atrito com pessoas da família ou com adversários casuais. Caso se pudesse escolher, por certo muitos nomes seriam trocados no ato, como se exercessem influência deletéria.

Aos quinze anos de idade, deixei a companhia agradabilíssima dos meus pais e avós e parti para a viagem definitiva. Vi-os muito tristes, lamentando não me terem dado oportunidade de conhecimento do mundo, uma vez que minha doença, naquela época incurável, não me destruiu de repente. A leucemia vai minando as resistências, de forma que o paciente pode ir fazendo tudo o que estiver desejando, como últimas vontades.

Tomei conhecimento da enfermidade aos doze anos, tendo vivido os últimos três com a impressão, dia a dia, de que seria o último. Isso contribuiu para que meus pais e avós fossem acostumando-se com a idéia do falecimento, preparando-se psicologicamente. No último dia, não foi surpresa alguma e não houve cenas de desespero. Pela derradeira vez, meu pai me lembrou a heroicidade e a religiosidade de Clóvis e me deu os conselhos de praxe, para que despertasse nos braços de Jesus. O padre veio dar-me a comunhão, pobre rapazelho sem pecados, acrescentando a extrema-unção. Creio que estava verdadeiramente emocionado, pois suas vibrações perduraram por muito tempo depois de ter chegado ao lado de cá, onde fui recebido por extraordinária figura de anjo, já que deveria sentir-me seguro e amparado.

Nem todos os amigos do grupo consideram necessário fantasiar a realidade, quando são recolhidos os espíritos pelos protetores. Dizem que o artifício, também empregado pelos infelizes do Umbral ou das Trevas, peca por falta de verdade. Outros, contudo, por terem presenciado estremecimentos sérios quando da revelação das condições reais do desencarnante, julgam que há muito de generosidade e de respeito humano, no tratamento subjetivo.

Não estou gratuitamente fazendo considerações a respeito das atividades dos socorristas. Levo ao conhecimento do leitor a necessidade de meditar sobre a forma que julga a melhor de ser recebido. Se o amigo estiver temeroso de que a recepção não vá ser das mais agradáveis, ore com muito afeto ao protetor, para que o ampare da melhor maneira possível, mesmo que seja para sustentá-lo, por algum tempo, crente de que está sendo recebido diretamente por Jesus. Ao se saber apaniguado pelo benfeitor espiritual, você, certamente, terá palavras de agradecimento, já que não tremeu a ponto de atrair os que desejariam vê-lo sofrer.

Após, naturalmente, muitos anos de convivência com textos mediúnicos, haverá motivos de sobra para se almejar recepção verdadeira, na declaração dos direitos espirituais de quem tiver praticado somente o bem, consciente de que não haveria maneira de realizar trabalhos mais substanciosos. Mas não venha esse amigo presunçoso de que haverá festa ou bimbalhar de sinos. O normal, no caso de espíritas convictos e trabalhadores, é serem recebidos pelos parentes e amigos, em lágrimas de felicidade e, imediatamente, encaminhados para as câmaras de recomposição espiritual, para reabsorção das habilidades específicas do plano etéreo, como seja a da transmissão telepática dos pensamentos, da volitação, da energização fluídica para efeito de cura, da magnetização, no ato mediúnico, da restauração da memória, pelo menos imediatamente anterior à encarnação, etc.

Estamos preocupados em trazer notícias que redundem em reflexões positivas, para aproveitamento pragmático. Entretanto, é preciso advertir para o fato de que todas as atividades devem encontrar embasamento nas leis cármicas, segundo as premissas evangélicas, o que significa conhecer e vivenciar os ensinos de Jesus e de Kardec, nessa ordem de prioridade.

De que adiantará, apenas para exemplificar, a pessoa aqui chegar trazendo decorados todos os textos espíritas, se não deu vazão aos sentimentos, esmerando-se por considerar todos os seres humanos como irmãos e todos os demais seres como criados por Deus? Assim, a prática e a gramática devem dar-se as mãos, em íntimo relacionamento, como se mente e coração pulsassem uniformemente, pelo comando de augusta vontade, na certeza de que Deus é pai de infinita misericórdia.

Em suma, quando se pede o aperfeiçoamento espiritual, não se pode fugir da enfadonha repetição das normas evangélicas: eliminação dos vícios e aquisição das virtudes, tudo realizado conscientemente, segundo o preceito de que fora da caridade não há salvação e de que o primeiro mandamento é o amor ao Pai e o segundo é o amor ao próximo, devendo considerar-se a reconciliação com os inimigos como de transformação em amizade.

Eis as lições que precisei aprender, o que fiz em curtíssimo tempo, dado que amava profundamente aqueles seres que me deram guarida na carne e que reconheci como familiares, na companhia de quem venho realizando as conquistas espirituais, desde há vários séculos.

Resta considerar o caráter cármico da moléstia que me trouxe de volta à espiritualidade.

Enquanto encarnado, ninguém da família, muito menos eu, poderíamos saber que fora por livre deliberação minha que me foi facultado sofrer a aspereza desse embate vital, em época muito precoce. Pude reviver, no etéreo, as longas palestras entre os familiares, até que todos concordassem em perpassar pela crise da perda gradual e, em seguida, definitiva, de pessoa integrada no seio da comunidade.

Se meus parentes estivessem habituados ao refletir espírita, receberiam as informações de molde a se tornarem conscientes de que a dor e as lágrimas deveriam constar do roteiro regenerador próprio do Planeta. Como católicos, necessitavam tornar mais arraigada a fé em que Deus é só justiça, na esperança de que me reencontrariam plenamente feliz, no Reino do Amor, a morada final.

Depois dos doze anos, desejei estudar em casa, lendo os livros mais interessantes a respeito do Mundo e de sua História. Como meus pais não tinham posses para me levarem a conhecer os lugares, compraram projetor de filmes e me deram a conhecer inúmeros locais e pessoas. Isso perdurou por dois anos, até que me vi por demais enfraquecido, ainda porque os medicamentos afetavam secundariamente quase todos os órgãos.

Atualmente, tenho visitado hospitais em que os pequenos são curados da doença que me matou e tenho conversado com muitos deles, durante o sono, para reconhecer-lhes a vontade de viver ou de morrer com honra. São poucos os que escolheram esse destino, de forma que devo prevenir o leitor para não generalizar o pensamento de que todas as crianças e adolescentes com câncer estejam concordes com a sorte. Cada pessoa tem reação própria, de acordo com a personalidade, o que vale para todas as circunstâncias da vida.

O mesmo se pode afirmar quanto à AIDS, que muitos espíritas, à vista da fatalidade da morte, estão considerando cármica, ou seja, predestinada para a purgação dos defeitos e dos vícios. Não. Na verdade, a picada da cobra ou da aranha peçonhentas é tão acidental como a aquisição dessa terrível infestação microbiana. Há que se lembrar de que Kardec discorreu a respeito do cólera, fazendo considerações preciosas, para o entendimento do quanto pode haver de predestinação na aquisição dos microorganismos. Não é verdade que a tuberculose e a hanseníase estão sendo tratadas eficazmente, com cem por cento de cura, quando não senhoras de órgãos vitais? Um dia ou outro, a AIDS será melhor compreendida e poderá vir a ser extinta, como a poliomielite. Aí haverá outras pragas, epidemias, endemias, já que o homem, desde algum tempo, se vê livre das pestes. Ou está fazendo por merecer mais alguma?

Que esta última perquirição seja levada às últimas conseqüências, no pensamento investigante do amigo leitor.

Fique com Deus!

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