A viagem do chão
Maria da Graça Almeida
O chão onde impune deslizo,
o vento subtrai-me abrupto.
Leva-o em pó e em dança,
rijos, meus pés não descansam.
Tristonha, tremo de frio
em ondas de arrepios,
pois seu caminho aéreo
é gelado, é etéreo!
Deslocando-o de mim,
transporta-o a ruas sem fim.
Os grãos que aqui eu pisei,
acolá alguém pisará,
mas só eu sinto o vazio,
no giro, dos rodopios
que os levam
a longínquas paisagens
deitando-os por outras paragens.
Pode parecer- lhes bobagem
dizer de um chão em viagem,
porém, é normal que o chão
viaje através de seus grãos.
Maria da Graça Almeida
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