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Artigos-->O SILÊNCIO. -- 18/02/2009 - 17:53 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:131420477791308800


O SILÊNCIO.

Ana Zélia

Sem poder falar, tal quais os escravos que no silêncio da noite

gemiam nas senzalas.

Qual o teu salário? __ Não tens.

Apenas obrigações.

Trabalhar acertado sem tolerância de atrasar um segundo.



Muitas coisas acontecem neste curto espaço de tempo.

Uns partem outros chegam; violências, um sorriso,

pequenos gestos de amor.

É tão importante um segundo que os poderosos mortais

dentro da era tecnológica não conseguem fazê-lo retroagir.



Comemoramos cem anos da libertação dos escravos.

São livres! Não!

__ Não somos livres!... Liberdade é abstrata.



Tão belo! Apesar do teu formato equiparado a uma harpa.

Não tocas.

Não és de ouro, mas teu pêndulo, tuas peças são douradas.



Não tens voz. Nem barulho pode fazer. Falta-te até o famoso “cuco”

tão característico nos relógios.

Trabalhas em silêncio sepulcral. Como os escravos nas rodas,

senzalas, como os mineiros nas minas.



Greve? Nem falar. Quando cansas, paras.

Logo aparece alguém se intitulando porta-voz, clama em teu nome:

__ Me façam voltar a funcionar.

Sou um marco neste prédio...



Teu gemido, só os sensíveis percebem quando giras teus ponteiros.

É o destino de alguns.

Tão importantes majestosos e mal recompensados.



Vês. Passaste tanto tempo parado que parecia castigo, eternidade.

Não emites notas sonoras como as harpas.

Elas se lhes falta o artista emudece. Tornam-se meros instrumentos.



Assim eras parado. Um vazio no espaço.

Uma beleza sem reflexo. Uma estrela sem brilho.

Precisas chegar ao ponto zero. Uma pena!

A partir daí deixarás de receber atenção e caminharás sozinho por dez,

vinte anos ou mais.



Lute para que os mortais não consigam isto;

é tão triste ficar sozinho, trabalhando tantas vezes despercebido.

Mas os deuses relojoeiros vencerão.







Eles se vão, ficarás aqui à espera que um dia tua harpa

emita sons ou pare de vez.



Não estarei aqui nesta época, estarei alhures.



Sem nunca esquecer, te prometo que você me deu

forças para levar meu carinho ou meu protesto.



Chego ao fim. Minha voz cala agora.







VENCEMOS. VOLTASTE A SER IMORTAL.



MISSÃO CUMPRIDA.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX







Artigo dedicado ao relógio tipo harpa da sala de sessões

do Egrégio Tribunal de Justiça do Amazonas, com o meu carinho e respeito a ele.

Talvez meu último ato.



Manaus, 18 de setembro de 1988 (14.30h)

Dra. Ana Zélia (Secretária da 3ª Câmara Criminal do TJA)







Sempre fui apaixonada desde criança pelo Tribunal de justiça,

fazia meu falecido pai me levar e ficar do lado de fora para ouvir

os debates no crime mais famoso de Manaus, Caso Delmo, anos de 1952.

Uma turma de motorista matou um jovem filho de um empresário porque

tinham certeza de que ele matara um motorista.



Cursei Direito, advoguei, fiz concurso para o cargo de Secretário

e fui nomeada em 1º de abril de 1982, entrei como Rainha e sai como Bruxa,

hoje o prédio tombado, é o Museu da Justiça. Passo ao largo.

Em homenagem resolvi publicar meus artigos dedicados aos relógios,

eternos confidentes. Ana Zélia (Manaus, 17.02.2009)











































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