O DEUS VENCIDO.
Ana Zélia
O que és frente ao mundo? A tudo?
Terei três opções para responder:
A primeira: _ Pelo teu porte tão pequeno. __ Nada!
E nada é tanta coisa: Emanação de ordem: _Nada menino!
Nada é a conclusão que tantos chegam após lutarem frente a vida e nada conseguirem.
A segunda: __ Por tua utilidade. És importante. Cumpres teu dever com lealdade,
sem atrasar ou adiantar.
“Quando as coisas dão certo, ninguém nota”. Não percebem sequer que
“importante não é o tempo de trabalho e sim o trabalho feito nesse tempo”.
O teu trabalho é marcar horas, minutos, segundos. És o controlador de tantos...
A terceira é pessoal: Não cresceste não te destacas, nem mesmo tua posição é a correta.
Apenas teu pêndulo é dourado, teu porte pequenino. Mas és bonito, diferente.
A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la, mas quem consegue,
descobre tudo. (Chaplin).
Por tua posição, demonstras o poder de chefia controlando os subalternos.
Só ao chefe me parece ser essencial tua presença. Estás frontal á sua mesa.
Quando se colocado na parede frente á porta, te farias notar. Ficarias marcante.
Lembra-te: “As estrelas sozinhas tem o mesmo o brilho das acompanhadas”.
Não precisas de “destaque”, de “imortalidade”.
É o que és! O “destaque” se porta na entrada como guardião.
O “imortal”, na sala das sessões do Pleno, com um formato de harpa, sem emitir som,
pois muitas vezes, o som aniquila a grande beleza do silêncio.
Frente a eles, és como a formiga diante do elefante, mesmo minúscula venceu o gigante.
Se os pequeninos fossem considerados insignificantes o que seria dos servidores que exercem funções
não tão significativas?
Veja o exemplo: O que seria dos grandes chefes, se não lhe tivesse a servir o datilógrafo,
o escriturário, os serventes?...
Eles nada fariam sem uma equipe. Servir um simples café depende de técnica.
Todos são importantes. A escala de valores é apenas hierárquica.
Já aprendi a rotular tudo. “Destaque”, “Imortal”, não encontrei um rótulo a você.
Aos outros escrevi espontâneo, a você resolvi me desafiar. Chego à conclusão de que:
“Difícil é ganhar um amigo em uma hora. Fácil é ofendê-lo em um minuto”. Adágio chinês.
Sinto-me tão pequena frente ao mundo que reflito em você. És importante, controlas o tempo.
Se os outros pararem, poderás permanecer funcionando e todos os olhares, atenção, se voltarão a ti.
Será a hora de analisar um outro adágio chinês: “Dragão atolado em água rasa, diverte as rãs”.
Não és vaidoso e quem se libertou da vaidade não atrairá atenção antes de estar preparado.
Se tivéssemos sido acostumados a considerarmos nossos irmãos como iguais, como seres humanos,
mesmo que admitam diferenças entre cargos, funções, salários, dimensão,
saberiam respeitar os mais simples e humildes.
Não fique triste porque não terás festas em sua homenagem mas tens o respeito e
o carinho dos que te consideram grande.
Coragem, não se entregue ao desânimo, sempre resta uma esperança.
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Dra. Ana Zélia da Silva, Secretária da 3ª Câmara Criminal, sala de sessões do TJA, 20.09.1988
(8.30h)
Artigo dedicado ao pequenino relógio da sala da Divisão Administrativa do
Egrégio Tribunal de Justiça do Amazonas. Hoje Museu da Justiça.
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Nota da autora. Sempre fui apaixonada por relógios. Tenho por eles o maior respeito.
Em dez anos de rádio, ao término do programa dizia.
Passa tempo, tempo passa, passam as horas, o momento, passamos nós.
O Senhor mandatário ordena e eu obedeço.
Escrevi uma série. O relógio da entrada titulei “Destaque”.
O da sala de sessões do Pleno “Imortal”. Com este concluo a série.
Apaixonada pelo Tribunal onde entrei Fada e sai Bruxa. Manaus, 21 de fevereiro de 2009. Ana Zélia
Leiam também: O imortal relógio. (poesias) O imortal relógio (II) (artigo),
O Deus vencido. (Artigo), A arte de ser. (artigo)e Deus vencido,
completam a série dos três relógios do TJA. Ana Zélia
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