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Cartas-->30. VLADIMIR -- 18/08/2002 - 07:53 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quero ressaltar, desde logo, que minha personalidade é muitíssimo diferente da do mediador. Digo isto para que se evitem confusões, uma vez que os encarnados, principalmente os espíritas cujas noções a respeito de mediunidade roçam pela impropriedade, o mínimo que fazem é suspeitar de que haja animismo ou fraude nas comunicações.

Não vamos exagerar na assertiva de que tudo o que se registra sob a denominação mediúnico o seja, na realidade. Entretanto, temos seguido as transmissões da turma e podemos afirmar que muito pouco se deve à vontade consciente ou inconsciente do mediador.

O restante do mundo é o Mundo...

Vim de lar abonado e, por isso, apto a freqüentar os cursos da “Escolinha de Evangelização”, no aspecto intelectual, já que a escolaridade foi primorosa. Quanto a redigir a mensagem, isso é outro “departamento”, que aqui se exigem discernimento, facilidade, fluência, conhecimentos e certa elegância no trajar os dizeres, de forma a torná-los apresentáveis.

Minha morte foi terrível. Caí, porta afora, de veículo em alta velocidade. Era o acompanhante. Comigo faleceram mais dois, no desastre que se seguiu, havendo o motorista escapado vivo. Coisas da juventude e da sorte (ou azar).

Estava com dezenove anos.

Meus pais me recriminaram o desafio ao destino e se consternaram sinceramente, sofrendo-me a perda com fortes emoções, tanto que mamãe não se restabeleceu mais completamente do choque e papai ficou com a seqüela de grave deficiência cardíaca.

Ao contrário da maioria dos colegas, me vi tendente à lamúria, ao choro convulso e ao desespero, nessa ordem. Começava por ficar pensando nos compromissos cármicos, na saudade da “gata”, no sofrimento da “trempe”, nos gozos perdidos da felicidade corpórea e principiava a lamentação. Quando me lembrava do planejamento de reencarnação, dava murros no ar, querendo a todo custo fazer volver o tempo, como se isso pudesse fazer-se. Punha-me a chorar, inconsolável. Aí vinha a recordação de tempos anteriores, a caracterização das debilidades morais, a necessidade da reconciliação, no resgate que se daria, conforme o projeto que arquitetara, e assumia a irresponsabilidade da loucura das acusações agudas, como se nada mais pudesse vir a ser feito, para contornar o acidente.

Foi num desses depressivos ataques conscienciais que o Irmão José se apresentou, para me falar, mansamente, a respeito do poder misericordioso de Deus, lembrando-me encarnação pregressa, em que perdi completamente as estribeiras e tirei a vida de dois desafetos, perfeitamente cônscio do mal que estava praticando. Claro que cego para as conseqüências cármicas. E essas desavenças estavam plenamente resgatadas, pelo trabalho que executara posteriormente, tanto que merecera volver à matéria em condições absolutamente favoráveis à conquista de diversas virtudes imprescindíveis ao progresso.

Não posso dizer que despertei para a verdade das explicações de uma hora para outra. Levei tempo demais para me compenetrar da inutilidade da desesperação. Enfim, como tudo na existência, houve glorioso momento em que a luz se fez, durante visita patrocinada pelos protetores ao lar terreno, em que me deram a conhecer quem tinham sido, na aludida encarnação, os meus pais e o colega sobrevivente.

Eram pessoas que tinham feito jus às preocupações que as perturbavam. Pelo amor e respeito com que as procurei, agüentei firme, suportando a angústia da revelação, prometendo intimamente que lhes daria sossego, o que as vibrações que vinha emitindo não estavam permitindo.

Meu pensamento era livrar-me do fantasma de ter sido o instrumento da justiça universal aplicada aos antigos desafetos. Do pouco que entendia a respeito dos valores evangélicos, não achava certo constituir-me em pedra de tropeço. Reconhecia que o escândalo adviera, sem que me visse consciente dele. Melhor ainda, alegrei-me por perceber, “a posteriori”, que não fora culpado diretamente pelas dores da perda, já que não dirigia o carro, embora houvesse incentivado a velocidade, tocado pelos eflúvios alcoólicos da festa de embalo daquela fatídica madrugada.

O que me deixa satisfeito, relendo a composição, é não conter muitos dos vezos do vestibulando que fora um ano antes do desencarne. Pelo menos nisso, é flagrante a evolução, graças a Deus! Haverá aí, com certeza a mão do escrevente? Não acreditem nisso ou irão esbarrar com sérios problemas, quando chegar a sua vez de elaborar e transmitir mensagens ao mundo dos vivos.

Atualmente, tenho estado investigando as causas imediatas dos sofrimentos provocados pelo acidente, para adquirir os conceitos das relações entre acaso e necessidade cármica. A conclusão óbvia é que não existiria sofrimento, se houvesse compreensão universal ou cósmica dos fatos. Melhor dizendo, se firmássemos fé na divina misericórdia ou na providência inalienável, segundo a qual o conhecimento dos eventos futuros como resultantes naturais dos circuitos impressos em nossos seres nos darão a segurança de que tudo se supera, pelo contínuo esforço de compreensão.

Quem mandou adentrar em aspectos filosóficos para os quais não me preparei?! Agora, criei a necessidade de explicitar as idéias, para não dar a impressão de que esteja ficando louco. Mas a verdade é essa mesma. Estou meditando muito a respeito da interferência dos sentimentos defeituosos nos resultados das ações que redundariam em benefício, apesar de extremamente desagradáveis. E tenho tido a felicidade de perceber que o crescimento espiritual deve muito à paz com que enfrentamos todas as situações adversas, embora não devamos abster-nos de nos emocionar com as dificuldades e sofrimentos alheios.

Querem palavras mais condizentes com o ideário cristão? Então, amem a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, quem quer que seja ele, da mesma forma que amam a si mesmos.

Se meu xará escrevente tem as mesmas dificuldades de expressão que eu, não terá futuro neste “métier”. Era o que tinha para dizer, ao iniciar minha participação junto a esta mesa. (Não se assustem. É apenas uma brincadeirinha! Tenho a exata consciência do muito que deverei prosseguir estudando, bem como da fragilidade do texto.)

Fiquem nas mãos de Jesus!

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