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Artigos-->Que lei é Essa? -- 27/04/2009 - 22:31 (Lita Moniz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Injustiça



Que injustiça tamanha Portugal está impondo aos seus idosos! A Todos? Não, só àqueles que têm seus filhos espalhados pelo mundo.

O emigrante volta. Volta porque nunca dali saiu. Muitos se negam a desfazer as malas de uma vez. Vivem no país de acolhimento se submetendo a toda a sorte de sacrifícios porque tudo vale a pena para um dia poderem voltar com um dinheiro a mais nos bolsos.





Às vezes a saudade é tanta que para enganá-la vão até lá passar umas férias. E muitas vezes encontram ali um triste cenário: a velha casa precisando de reformas, os pais idosos necessitando de tudo: pesam os anos, pesam os duros trabalhos a que foram submetidos ao longo da cruel Ditadura Salazarista; trabalhando na enxada de sol a sol para ganharem tão pouco que mal dava para o pão de cada dia. Tempos difíceis! Só quem os vivenciou sabe o que era aquilo. Imaginá-lo impossível.





Pois esses idosos são hoje procurados, tal qual criminosos, para, caso não os encontrem vivendo ali em Portugal, lhes tirarem imediatamente uma miséria de aproximadamente 200 euros, que o governo lhes concedeu para não morrerem à fome.





Os filhos, que por necessidade se viram forçados a deixar a sua querida terra, e ir procurar trabalho em outros países. Ao voltarem para umas merecidas férias, se depararem com esta triste situação dos pais vivendo em casas antiqüíssimas, sem qualquer conforto, que lhe alivie as dores dos ossos durante os rigorosos invernos; com a saúde abalada; prestes a serem encaminhados pela Assistência Social, a um lar qualquer. Que fazer? Muitos optam por tirá-los dali, trazê-los consigo. Este é o crime pelo qual pais e filhos irão pagar caro.





Segundo a lei todo o idoso que se ausentar do país por mais de três meses, acho que são três meses, desculpem-me se não fui aqui tão exata, mas é coisa pouca mesmo. Perdem o auxílio ao idoso. Claro que ninguém traz seus pais para sempre. Nem eles mesmo vieram para sempre, quanto mais os pais. Porém o tratamento às vezes requer cirurgias e acompanhamentos médico-hospitalares prolongados. Pronto, está caracterizado o crime. Os fiscais da Assistência Social para justificarem os altos salários que recebem, andam para lá a caçar idosos, como se caçam ratos nos esgotos. Os que têm filhos no estrangeiro são os mais procurados. Depois de caracterizado “o crime” enviam um relatório para que outros funcionários de maior escalão, que, igualmente para justificarem os altíssimos salários que recebem, decretam a extinção da pensão. Pronto, cumpriu-se a lei.





Esquecem-se, porém que a maioria dos pensionistas que aí vivem, e não precisam sair, têm filhos em Portugal muito bem de vida.

E é justo que recebam essa ajuda, independente de terem filhos com situação financeira estável ou não. Afinal são idosos que sofreram as agruras de uma ditadura infame, e merecem ter um fim de vida com um mínimo de dignidade. Não há idoso que se sinta bem vivendo às custas dos filhos, sejam estes residentes em Portugal ou não. Estejam estes muito bem, ou não tão bem de vida. A lei de amparo ao idoso independe destas circunstâncias, ou deveria independer, se fosse realmente justa. É assim que deve ser. Vamos entender isto como uma leve compensação por tantos danos causados ao povo português por gerações e gerações. E não é o único país do mundo a fazer isso. Bem poucos não o fazem, e não querem saber onde seus idosos gastam esse pequeno auxílio.





Estão de parabéns os países que assim procedem, aqui incluo o Brasil que ainda há bem pouco tempo o Sr. Ministro da Assistência Social fazia um pronunciamento à nação dizendo que todo o idoso pensionista deveria comparecer, ou constituir um procurador, caso se encontrasse ausente do país. Para regularizar a sua vida junto a este órgão. Parabéns Brasil.





Se o idoso voltar, necessita ficar três anos sem auxílio algum, e só então o poderá requerer de novo. Os que tiveram a sorte de não precisarem sair do país estão a salvo da famigerada lei. Questionados acerca desta monstruosidade vêm as seguintes desculpas esfarrapadas:





• Se têm dinheiro para viajar não precisam das esmolas do governo português.





• Se podem tratar de sua saúde em outros países, não precisam da Assistência Social Portuguesa.





• Se têm como sobreviver por uns bons tempos longe de Portugal é porque não lhes faz falta esta pensão.





Só que ninguém vai muito longe com duzentos euros no bolso. Ninguém poderá tratar de sua saúde e manutenção em outro pais com tão pouco. Se vieram, foram socorridos por filhos que não poupam esforços para ajudar seus pais. É inconstitucional, só pode ser, o decreto que tira essa pequena ajuda de idosos, só porque os filhos, sensíveis ao sofrimento dos pais, os trazem para junto de si para cuidarem melhor da sua saúde. Aqui quero registrar o grito destes idosos tão cruelmente tratados por Portugal. Por favor, deixem-nos morrer em paz!



Lita Moniz



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