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Artigos-->O que é o Senado para os senadores? -- 12/05/2009 - 23:19 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Senado Federal tem sido, desde abril, alvo de denúncias por diversas irregularidades. Estas vão desde a existência de mais de 180 diretorias e a emissão de passagens aéreas para familiares e amigos, até a cedência, gratuita ou por uma ninharia, de apartamentos funcionais a filhos de funcionários, além da dispendiosa despesa de 14 mil reais de celular por uma filha de um senador em férias no México.

Como funcionário desta Casa dói-me não poder defendê-la. A podridão é incontestável e chegou à área administrativa. Enquanto os delinquentes eram apenas os parlamentares eu a tolerava dizendo que os culpados eram os eleitores que os elegeram. Mas agora é diferente, a culpa é dos meus colegas, funcionários de carreira que deveriam zelar pelos seus nomes e o desta Casa.

Mas não criticarei os colegas. Eles são produtos das atitudes dos senadores. Nossos chefes há anos cometem deslizes com o dinheiro público e nunca são punidos. Como temos uma justiça com olhos vendados para uma camada da sociedade, é de se esperar, infelizmente, que os subordinados imitem seus superiores. Mais do que o deslize dos colegas, revoltou-me o fato de vários senadores irem à televisão dizer que não sabiam dos 180 cargos de diretores. Acredito que eles sabiam sim e agora querem posar de bonzinhos.

Os senadores não se interessam pelo funcionamento do Senado. À época da campanha eles percorrem seus Estados fazendo promessas de moralizar a política, valorizar a ética e trabalhar em favor do país. Acontece que quando chegam a Brasília sequer procuram saber como funciona o seu local de trabalho. Eles só vão até a sala principal e nunca visitam as demais dependências do Senado. Esse desprezo pelo local de trabalho desmoraliza o profissional sério preocupado com sua carreira. Se os senadores cuidam apenas da sala de estar do Senado, como podem dizer que são comprometidos com a Casa? Além de paredes, tapetes e granitos, esta Casa é feita de gente. Para um senador aparecer bem na foto existe uma multidão cuidando desde a imagem dele na TV, rádio e jornal, sua moradia, contracheque e despesas até à saúde dele e dos familiares.

Se eles não se preocupam em conhecer o funcionamento desta Casa significa que eles não pertencem a ela nem a Brasília. Dos senadores que moram há anos em Brasília qual deles foi a Taguatinga, Ceilândia, Gama, Guará? Estão só de passagem. Inúmeros deles já passaram, assim como nós funcionários. Só que nós ficaremos até a lei nos aposentar. Eles ficarão até os eleitores se despertarem e os aposentarem. Para esses senadores o Senado se resume à tribuna, a seus gabinetes e à porta de saída para o aeroporto.

É bom lembrar que esses mesmos senadores, que desconhecem o funcionamento do Senado, um dia foram presidentes da república, governadores de estados, ministros ou ocuparam outros cargos de alto escalão. Então, pergunto-me: quando eles estavam nesses cargos conheciam o funcionamento dos seus setores/pastas ou faziam cara de paisagem como o fazem agora com o Senado?

Fica claro que os senadores só vão ao Senado para se apresentarem na televisão ou nos jornais. Por que não há votações às segundas e sextas-feiras? Porque não tem jornalistas. Eles se esquecem que não tem jornalistas, mas tem eleitores. Os eleitores são como vulcões adormecidos, estão sempre vigilantes.

Quando estão em Brasília os parlamentares visitam com frequência o Palácio do Planalto, cerca de trezentos metros do Senado, para pedir ao Presidente da República que lhes arranjem emprego para os apadrinhados e dinheiro para fazerem as obras em suas cidades. Saindo dali, os parlamentares com problemas com a justiça caminham até o Supremo Tribunal Federal, cerca de trezentos metros do Congresso, para pedir aos ministros que não julguem os processos deles ou que abrandem suas penas. Saindo dali, vão à Catedral, cerca de um quilômetro e meio do Congresso, pedir que Deus os perdoem pelas passagens emitidas, pelo celular da filha pago com dinheiro público e outros pequenos delitos e que os eleitores se apiedem deles. Porém, antes dessa peregrinação, eles vão à tribuna do Congresso discursar e derramar lágrimas que emocionam até os mais experientes. É nesta hora que os eleitores se despertam.

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