Aos som da voz humana peço vênia,
Para tornar a trova mais capenga.
É que não vou querer a lengalenga
Do fúnebre expressar de triste nênia.
Assim, o bom poeta não arenga,
Se tem de descrever uma gardênia,
E fica a alimentar secreta tênia,
Que acaba por deixá-lo mais molenga.
É que a função poética deprime,
Se o gajo chega aqui não inspirado.
Requer, por toda a força, algo sublime,
Mas nada que compõe lhe sai de agrado.
Aí, pede perdão e se redime,
Dizendo claramente: “Mais cuidado!”
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