Neste domingo , dia 14 de junho , li no jornal de minha preferência a seguinte reportagem : Curitiba ao Relento , que falava sobre a situação dos mendigos moradores de rua da cidade . O artigo mostrou que muitos indigentes se recusam a entrar na “van”
do resgate social , porque ficam livres para beber e usar substâncias ilícitas . Porém a mesma reportagem revelou , também , a denúncia de muitos deles de que existe tráfico de droga e falta de higiene nos albergues públicos .
Como trabalhei no comércio por muito tempo tive a oportunidade de conhecer muitos mendigos e moradores de rua pessoalmente . Observando o comportamento deles , constatei que a maioria sofre de transtornos mentais graves , que vão muito mais além de alcoolismo e dependência química . O problema é que muitos políticos torcem o nariz para o internamento em clínicas psiquiátricas de pessoas com problemas mentais sendo elas moradoras de rua , ou , não .
Em 2007 eu sempre observava , na Praça Rui Barbosa , uma moradora de rua que discursava em público . Suas palavras eram repletas de coerência e inteligência . No mesmo ano arranjei emprego em uma loja no centro de Curitiba . Um certo dia esta mendiga entrou neste estabelecimento e começou a discursar . Como o vigia não estava presente , a gerente ordenou aos funcionários para que não fizessem nada contra esta mulher . Quando meu expediente acabou , a moradora de rua sentou – se na calçada e eu resolvi conversar com ela . Esta senhora disse – me que foi casada , teve filhos e trabalhou como professora durante muito tempo . Mas por ter sofrido estupro e incompreensão da família por causa disto notou que sua vida não tinha mais sentido . Fiquei assustada quando a mulher mostrou – me um documento , dos anos setenta , comprovando que ela foi professora universitária .
No ano de 2008 fui trabalhar em outra loja do centro de Curitiba . Lá vários moradores de rua entravam para pedir esmolas ao proprietário . O mendigo que mais me chamava atenção era o Cleiton , que além de possuir necessidades especiais era dependente químico e era ele quem mais incomodava o dono do estabelecimento . Pois sempre prometia que só pegaria dinheiro no sábado , mas acabava vindo todos os dias . Um dia Cleiton pediu para usar o banheiro e acabou defecando fora do vaso , causando transtorno a todos . Uma certa vez este morador de rua apareceu , justamente , quando eu estava atendendo a uma cliente que era psiquiatra . Então a médica comentou :
- Este rapaz não é somente dependente químico ...
- Ele é esquizofrênico também .
Aqui é possível constatar que o governo precisa ter políticas públicas organizadas para tirar mendigos da rua , através de : abrigos estruturados ; segurança ; e , principalmente apóio psiquiátrico aos moradores de rua . Afinal já foi provado que muitos mendigos possuem família . Por isto é necessário um mapeamento da vida destas pessoas para que elas possam voltar a suas origens e serem aceitas no âmbito familiar novamente .