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Textos_Religiosos-->Gênesis reescrito 1 -- 01/06/2019 - 16:48 (Pedro Carlos de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Gênesis (Ver nota Gênesis)

 

Criação do mundo.

 

Capítulo 1

 

1.         No princípio, Deus criou os céus e a terra.

2.         A terra era sem forma e vazia. As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre a superfície das águas.

3.         Deus disse: Faça-se a luz. E a luz foi feita.

4.         Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Às trevas, integrou Deus os monstros, os fantasmas, os zumbis, o lobisomem, o diabo, os sátiros, os cíclopes, os ogros, os gigantes, as bruxas, os vampiros, enfim, toda espécie de criaturas noturnas (e diurnas, também) que viriam habitar a mente dos seres que ainda viria a criar, para amedrontá-los. Permitiu-se um sorriso. Viu que isso era mau.

5.         Deus chamou dia à luz e às trevas noite. Houve tarde e manhã: foi o primeiro dia.

6.         Deus disse: Haja um firmamento entre as águas para mantê-las separadas umas das outras.

7.         Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento.

8.         E assim aconteceu. Deus chamou céus ao firmamento. Houve tarde e manhã: foi o segundo dia.

9.         Deus disse: Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca. E assim aconteceu.

10.      À parte sólida, Deus chamou terra, e, mar, ao conjunto das águas: E Deus viu que isso era bom. Bem, nem tanto, pois Deus criou também, na terra, os terremotos, os vulcões, os incêndios, os despenhadeiros, as montanhas geladas e os desertos; nos ares criou os vendavais, as tempestades, os trovões, os raios, os furacões, os tufões, os tornados e os ciclones; e nas águas, criou as enchentes, as tempestades marítimas, as trombas d’água e os tsunamis.

11.      Deus disse: Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente. E assim aconteceu.

12.      A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isso era bom. Mas (sempre tem um mas), disse Deus: Façam-se as ervas daninhas, as plantas venenosas e as híbridas, que podem dar prazer a curto prazo, mas fazem mal a longo prazo, como o tabaco, o ópio, a papoula, a maconha, a cana-de-açúcar – esta dará origem ao álcool e, também, ao açúcar, um doce, mas que irá, aos poucos, afetando a saúde dos seres que já já vou me dar ao trabalho de criar – e as plantas oleaginosas – estas darão origem aos óleos e às gorduras vegetais, que também comprometerão a saúde dos novos seres.

13.      Houve tarde e manhã: foi o terceiro dia.

14.      Deus disse: Haja luzeiros no firmamento dos céus para diferençarem o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos.

15.      Servirão, também, de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminarem a terra. E assim aconteceu.

16.      Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; fez também as estrelas.

17.      Deus colocou-os no firmamento dos céus para iluminarem a terra,

18.      para governarem o dia e a noite, e para separarem a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom. Mas viu Deus também alguns problemas. Primeiro: deu-se conta de que havia criado a luz no primeiro dia e só agora, no quarto dia, havia criado os luzeiros, isto é, havia criado o efeito antes da causa, a luz antes da fonte da luz. Mas viu que isso não era relevante. Ele era Deus, e a Deus tudo é permitido, tudo é possível. Segundo: viu também que o luzeiro da noite era, na realidade, um luzeiro secundário, pois apenas refletia a luz do luzeiro do dia. Ora, então em algum outro lugar da terra obrigatoriamente seria dia. Viu Deus, então, que a terra criada por ele era esférica, e não achatada, como havia pensado. Bem, entendeu Deus deixar esse problema para os novos seres resolverem. Terceiro: Observou que tinha cometido um desperdício descomunal ao criar um universo com cerca de 400 bilhões de galáxias, que seriam para os novos seres apenas uns pontos distantes de luz, que em sua maior parte não poderiam ser vistos, ou não poderiam ser vistos a olho nu, vindo a depender da fabricação de instrumentos potentes para que pudessem ser observados. Viu Deus que os novos seres teriam entretenimento eterno para vasculhar e tentar entender o Universo. Quarto: Notou Deus, também, que havia criado as plantas antes dos luzeiros, coisa cientificamente impossível. Mas isto também não o preocupou demasiadamente: cientificamente possível ou impossível não era problema seu. A ciência seria inventada depois pelos novos seres. Eles que se jactem em apontar suas incongruências divinais.

19.      Houve a tarde e a manhã: foi o quarto dia.

20.      Deus disse: Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que na terra voem aves, sob o firmamento dos céus.

21.      Deus criou, segundo as suas espécies, os grandes animais marinhos e todos os seres vivos que se movem nas águas, e todas as aves aladas, segundo as suas espécies. E Deus viu que isso era bom.

22.      Deus abençoou-os dizendo: Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar e, multipliquem-se as aves sobre a terra. E, quase que Deus já ia esquecendo (claro que isto é apenas um modo de dizer, pois Deus não esquece nada), disse ainda: criem-se as micro-algas pirrófitas, em aglomeração, para darem origem, juntamente com outros microorganismos, como as cianobactérias e diatomáceas, ao fenômeno da maré vermelha, de forma a causar muitos malefícios aos habitantes marinhos e aos seres que ainda serão criados. Deus anotou mentalmente que, além das aves, queria criar outros seres alados, mas deixou para o dia seguinte, quando criaria todos os insetos.

23.      Houve a tarde e a manhã: foi o quinto dia.

24.      Deus disse: Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies. E assim aconteceu.

25.      Deus fez os animais ferozes, segundo as suas espécies; os animais domésticos segundo as suas espécies; e todos os répteis da terra, segundo as suas espécies. E Deus viu que isso era bom (bem, com algumas ressalvas quanto aos animais ferozes e aos répteis). E Deus lembrou-se do que deixara para criar nesse dia. Deus disse: criem-se os insetos, segundo suas espécies: os mosquitos, os pernilongos, as moscas, as abelhas, as vespas, as borboletas, os grilos, os gafanhotos, as formigas, os cupins, os percevejos, as pulgas, as baratas, e, só por diversão, os besouros, mais precisamente 350 mil espécies deles. Efetivamente, Deus gostava de besouros. Quanto aos mosquitos, Deus reservou-lhes a função de picar os novos seres que ainda iria criar e preparou-lhes para serem transmissores de várias doenças. Deus aproveitou a mão e já criou os vírus, as bactérias e os fungos. Criou também os escorpiões, as aranhas e as centopéias. Deus lembrou-se, também, de dar a capacidade aos gafanhotos de formarem imensas nuvens para dizimarem as plantações dos novos seres. Pareceria (pareceria não, com certeza seria) uma contradição com a função de polinização dada às abelhas, vespas e borboletas. Mas Deus não estava se importando com a contradição.

            Todos os seres vivos criados até esse dia tinham a sua complexidade própria, segundo as suas espécies. Apenas a título de exemplo, quis Deus que ficasse registrado o caso da pequenina mosca da fruta Drosophila, que é o melhor sistema para compreender o desenvolvimento (desenvolvimento significa, em grande parte, células tornando-se diferentes de maneira ordenada). Muitos animais desenvolvem-se ao longo de eixos cartesianos. No caso da mosca da fruta, os dois eixos, o ântero-posterior e o dorsoventral, são inicialmente independentes e especificados por produtos de genes maternos, os quais fornecem gradientes de informação posicional. Após a fertilização, os gradientes ativam a cascata de genes zigóticos e o embrião é dividido em um número de regiões definido pela combinação da atividade de diferentes genes. Um padrão periódico de atividade gênica se estabelece ao longo do eixo ântero-posterior – o precursor dos segmentos. Cada faixa é especificada de forma independente, pela combinação local de proteínas. Cada segmento também adquire uma identidade única codificada por um grupo especial de genes chamados Hox. O omatídeo do olho da mosca constitui outro excelente modelo. Neste caso, oito células formam um complexo fotorreceptor, cada uma tendo a sua identidade única. Alguns dos genes e sinais envolvidos são identificados. Ao contrário de um mecanismo de formação de padrões baseado em informação posicional, existe uma sequência de interações celulares, de forma que cada uma das oito células é particularizada no lugar certo. Estas interações compreendem apenas sinalização de uma célula para suas vizinhas. Um alcance de sinalização ligeiramente maior está envolvido no espaçamento de omatídeos individuais. (Ver nota mosca Drosophila)

26.      Deus, a seguir, disse: Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança, para que domine, sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela. Terra.

27.      Deus criou o homem à Sua imagem; criou-o à imagem de Deus; ele os criou homem e mulher.

28.      Abençoando-os, Deus disse-lhes: Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai, sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.

29.      Deus disse: Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento.

30.      E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus e a todos os seres vivos que sobre a terra existem e se movem, igualmente dou por alimento toda a erva verde que a terra produzir. E assim aconteceu, ou melhor, não foi bem assim. Deus criou a fome, a miséria e a pobreza, que seriam sentidas por grande parte desses novos habitantes da terra.

            Aproveitou e criou as doenças que, a bem da verdade, deveriam constituir um versículo à parte, mas que integrarão este mesmo. Deus disse: façam-se as doenças, segundo as suas espécies: as doenças sexualmente transmissíveis, as doenças virais, as doenças contagiosas, as doenças do metabolismo, as doenças congênitas, as doenças de pele, as doenças causadas por fungos e bactérias, as doenças crônicas, as doenças cardiovasculares, as doenças infecciosas, as doenças autoimunes, as doenças genéticas, as doenças respiratórias, as doenças mentais, as doenças raras e as doenças e deficiências várias. Deus deu nome aos bois, isto é, às doenças (muitas delas somente serão descobertas depois, mas ficam desde já criadas): resfriado, caxumba, raiva, rubéola, catapora, meningite, mononucleose, herpes, derrame cerebral, hipertensão, infarto, hantavirose, epilepsia, anemia, artrite, cegueira, surdez, mutismo, alcoolismo, cirrose, leucemia, reumatismo, tuberculose, ebola, varíola, gripe, tifo, febre amarela, autismo, sarampo, malária, AIDS, poliomielite, esquizofrenia, demência, lepra (doença que os homens passarão a chamar depois de hanseníase), mal de Alzheimer, mal de Parkinson, doença de Chagas, obesidade, hemorróidas, cólera, câncer, diabetes, enxaqueca, dengue, hepatite, leishmaniose, psoríase, esquizofrenia, malária, glaucoma, hemofilia, vitiligo, esclerose múltipla, gota, dislexia, osteoporose, zika vírus, febre chikungunya, microcefalia, sífilis, depressão, alcoolismo, asma, pneumonia e outras mil e uma doenças que seria cansativo enumerar aqui.

            Mas Deus decidiu que fossem registrados os detalhes que caracterizam a criação de algumas dessas doenças, para que ficasse expresso o grau de complexidade que Deus preocupou-Se em integrar a esses males. Apenas a título de exemplo, será comentado o caso de quatro doenças: a hanseníase, o reumatismo, a gripe e o zika vírus.

            A bactéria da hanseníase se disfarça de vírus para enganar o sistema imunológico (os homens acabarão por descobrir isto, mas demorarão um longo tempo). A bactéria Mycobacterium leprae libera partes de seu DNA ao infectar as células – o comportamento é comum em vírus. Ao identificar o material genético estranho, o sistema imunológico ativa as defesas do corpo. A resposta é o envio de enzimas para quebrar o DNA viral, mas, como a bactéria tem uma superfície espessa, a substância não atinge o microorganismo. O bacilo de Hansen, como passará também a ser chamada a bactéria, é um parasita intracelular que ataca células da pele e dos nervos periféricos. Os sintomas da doença são: manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade. Área de pele seca, com falta de suor e com queda de pelos, além da sensação de formigamento, choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés. Há ainda o aparecimento de caroços, dor nas juntas, ressecamento nos olhos e perda da força dos músculos das mãos, pés e face, devido à inflamação dos nervos. Com o passar do tempo, os enfermos perdem os sentidos do gosto e do olfato. A voz débil e a “cara leonina” são outros dos flagelos da enfermidade. Alguns homens chegarão a perder os testículos e desenvolver seios, e a carne pútrida provocará um odor nauseabundo que marca o paciente como “impuro” (Ver nota sobre a hanseníase)

            A artrite reumatóide é uma inflamação crônica que acomete, em geral, as pequenas articulações, como mãos, punhos, pés e tornozelos. É autoimune, ou seja, o sistema de defesa do organismo ataca estruturas sadias do próprio corpo. Faz parte do grupo das doenças reumáticas, que chega a mais de 100 tipos. Façamos logo 250, 300 tipos de doenças reumáticas. Algumas acometem primeiro os órgãos internos. Um exemplo é o lúpus eritematoso sistêmico que, às vezes, começa pela inflamação do rim. Nesse caso, os primeiros sintomas são alterações na urina (presença de sangue e de proteína). Depois, o quadro vai se completando (as juntas incham, inflamam os músculos) e a doença adquire características reumáticas. Outro exemplo é a febre reumática, doença que acomete principalmente crianças e pode começar pelo coração e não pelas articulações. Aliás, quanto menor a idade da criança, maior probabilidade de comprometimento cardíaco. (ver nota sobre reumatismo)

            A gripe é uma doença infecciosa produzida pelo vírus influenza. Esse vírus está sujeito, ao longo dos anos, a dois tipos de mutações: mutações menores, que ocorrem praticamente todos os anos, surgindo, então, novas variantes de vírus capazes de escapar de imunidade conferida anteriormente; e mutações maiores, que ocorrem a cada vinte a quarenta anos e que provocam pandemias que se disseminam rapidamente por todo o mundo, não havendo, na população anticorpos para neutralizá-los. A grande questão relacionada às pandemias são os reservatórios animais, especialmente os de aves e mamíferos, que possibilitam o reagrupamento de genes do vírus que infectam humanos e animais. Isso significa que há intercâmbio de material genético entre o vírus humano e o vírus animal, no qual algumas espécies funcionam como portadores e transmissores. Essas mutações do vírus dão à gripe a condição de doença incurável, cujos sintomas, enumerados a seguir, têm várias gradações, podendo levar à morte (nos casos de pandemias, serão milhões de pessoas a morrer): febre, tosse, dor de cabeça, dores musculares, falta de ar, espirros, dor de garganta, fraqueza, coriza, congestão nasal, náuseas, vômitos e diarréia.(ver nota sobre gripe)

            O Zica é o único vírus transmitido por mosquitos que atravessa sistematicamente a placenta para matar ou deformar bebês. O Zica parece ser capaz de atravessar a placenta em qualquer época da gravidez. É também o único vírus cuja via de infecção se dá por um mosquito que pode ser transmitido sexualmente. O vírus Zica é a causa da síndrome Guillain Barré, da microcefalia e de outras desordens neurológicas. A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) está relacionada à síndrome de Guillain Barré, exceto pelos anticorpos desencadeados pela última reação imunológica que não ataca as células nervosas. Os anticorpos atacam as plaquetas, das quais o sangue necessita para coagular. Sem elas, uma pessoa simplesmente sangra por dentro até morrer. A morte do feto e a microcefalia profunda são apenas a ponta mais extrema de todo um espectro de danos sofridos pelos bebês diagnosticados. Alguns têm cabeça com aparência normal, mas também pequenos locais vazios e calcificações no cérebro, produzidos quando as células morrem e param de preencher os espaços que deveriam. Os orifícios aparecem em diferentes partes do cérebro, por isso algumas crianças podem ter problemas com a tomada de decisões, enquanto outras tenham dificuldade em correr ou caminhar. São observados igualmente danos aos nervos que ligam os olhos e os ouvidos ao cérebro. (ver nota sobre o Zica)

            Além disso, Deus resolveu criar os acidentes, decorrentes da imprudência, dos descuidos ou da irresponsabilidade da própria pessoa ou de outras, nas áreas de transporte, moradia, jardinagem, esporte, locomoção, entretenimento, cozinha, asseio, fabricação e uso de móveis, utensílios, equipamentos e veículos, construção e uso de imóveis, estradas, barragens, pontes, e muitas outras áreas, todas ligadas ao simples ato de viver.

            Não satisfeito em ter criado as doenças e os acidentes, além das catástrofes naturais e dos seres medonhos que passam a habitar a mente humana, Deus entendeu que, para afligir ainda mais os seres humanos, deveria atribuir ao homem a possibilidade de desenvolver características opressoras e violentas que seriam voltadas contra sua própria espécie. E Deus criou, então, os criminosos, os ladrões, os assaltantes, os prevaricadores, os contraventores, os assassinos, os serial-killers (embora ainda não estivesse na hora, fica aqui já registrada a criação do idioma inglês), os tiranos, os ditadores, os autoritários, os genocidas, os abusadores, os estupradores, os violentadores, os psicopatas, os seqüestradores, os corruptos, os senhores da guerra, os guerreiros, os mercenários, os atiradores, os traficantes de drogas, os falsificadores, os golpistas, os torturadores, os terroristas, os estelionatários, os briguentos, os provocadores, os malvados, os ameaçadores, os agressores, os perversos, os machistas, os possessivos, os dominadores, os caluniadores, os mentirosos, os mutiladores, os violentos, os devassos, os sórdidos, os degenerados, os escravagistas, os agitadores, os invasores, os preconceituosos, os envenenadores, os incendiários, os perseguidores, os poluidores e toda a sorte de opressores e maus elementos que, por ora, deixamos de nominar. O resultado disso, Deus compreendeu, seria o sofrimento geral: os praticantes do mal, mais cedo ou mais tarde, sofreriam perseguição, prisão ou morte; os alvos da maldade sofreriam as conseqüências diretas do ato; e os demais viveriam sempre temerosos do que poderia vir a lhes acontecer, cientes dos riscos envolvidos.

            Mas o trabalho ainda não estava completo. Deus decidiu, então, criar os males que o homem faria contra ele próprio. Deus iniciou pelos sete pecados capitais: o orgulho, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça. E continuou Deus a atribuir outros vícios, deficiências e defeitos a este indefeso ser: aspereza, brusquidão, cobiça, debilidade, desasseio, desobediência, desordem, displicência, egoísmo, indecisão, fatuidade, hipocrisia, impaciência, impulsividade, inadaptabilidade, inconstância, indiferença, indisciplina, indiscrição, indolência, intemperança, intolerância, irritabilidade, imprudência, negligência, intransigência, petulância, presunção, rancor, rigidez, soberba, teimosia, verborragia. (Ver nota sobre defeitos)

            Quis Deus perturbar um pouco mais esse ser já agraciado com toda a sorte de tormentos e criou as parafilias ou psicopatias sexuais, de forma a causar-lhe um misto de prazer, dor, culpa, infelicidade, padecimento, desajuste e infortúnio: masoquismo, sadismo, fetichismo, necrofilia, coprofilia, zoofilia, ninfomania, satiríase, exibicionismo, bolinagem, escravidão sexual, pedofilia, incesto, travestismo, onanismo, frotteurismo, voyeurismo, urofilia, bondage, asfixiofilia, lolismo, agorafilia, pregnofilia, escatofilia, adstringopenispetrafilia (prazer sexual obtido em amarrar pedras ao pênis – esta parafilia fica aqui especialmente registrada em tributo à criatividade de Deus)  e outras mais que ficam desde já criadas mas que estarão aos cuidados do novo ser descobrir e nomear.

31.      Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa, mesmo incluindo as coisas más. Mas não podia ser diferente, já que Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança. Houve a tarde e a manhã: foi o sexto dia.

 

Capítulo 2

1.         Foram assim terminados os céus e a terra e todo o seu conjunto.

2.         Concluída, no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou, no sétimo dia, do trabalho por Ele realizado.

3.         Abençoou o sétimo dia e santificou-o, visto ter sido nesse dia que Deus repousou de toda a obra da criação.

4.         Esta é a origem e a história da criação dos céus e da terra. 

 

 

 

 

 

Nota Gênesis: texto base extraído originalmente das duas Bíblias Sagradas citadas na Bibliografia. Nada foi suprimido do texto original. Os acréscimos estão em itálico.

 

Nota Mosca Drosophila: descrição extraída do ensaio “Desenvolvimento: o ovo é computável, ou podemos gerar tanto um anjo como um dinossauro?”, de Lewis Wolpert, do livro O que é vida? 50 anos depois, organizado por Michael P. Murphy e Luke A. J. O’Neill.

 

Nota Hanseníase: descrição da doença e dos sintomas extraída da reportagem “Batalhas contra a hanseníase” de Otávio Augusto, do Correio Braziliense de 17.07.2016 e do capítulo VII “La campana del leproso”, do livro Ciencia y Creencia, de Steve Jones.

 

Nota reumatismo: descrição extraída da reportagem “Combate alternativo à artrite reumatóide”, de Isabela de Oliveira, do Correio Braziliense de 05.07.2016 e de entrevista do médico Dráuzio Varela com o médico reumatologista Isidio Calich em 17.04.2012.

 

Nota gripe: descrição feita com base no livro A história da gripe, de João Toniolo Neto e no artigo “Vírus mutante da gripe preocupa especialistas”, de Lígia Formenti, no jornal O Globo de 15.03.1999.

 

Nota Zica: descrição extraída dos livros Zica: do sertão nordestino à ameaça global, de Debora Diniz e Zica: a epidemia emergente, de Donald G. McNeil Jr.

Nota defeitos: Deficiências extraídas do livro Deficiências e propensões do ser humano, de Carlos Bernardo González Pecotche.

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