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Artigos-->POR NOVOS TEMPOS DE CIVILIDADE E CIDADANIA -- 01/09/2009 - 02:19 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PRÉ-SAL CLAMA POR NOVOS TEMPOS DE CIVILIDADE E DE CIDADANIA

João Ferreira



Por vezes certas pessoas manifestam a ilusão de que o país já é uma sociedade civilizada. A idéia vem de que civilização para essas pessoas é o que gira em torno do umbigo delas. Elas pensam assim, em dimensão pequenina, porque ou moram numa quadra nobre ou num condomínio fechado com entrada digitalizada ou porque têm emprego e salário bom ou alto, carro do último ano, cartão visa ouro ou platina e outras coisas mais, próprias de gente afortunada e privilegiada. No banco suas contas estão em paz. Não têm dívidas nem preocupações financeiras e se precisam de dinheiro, o banco está à disposição. Têm facilidades e prazos. Têm planos de saúde para toda a família. Sua despensa está recheada de mercadoria abundante. Bebem whisky e licor importados. Têm babás na casa, empregadas para limpeza, empregadas de fogão e de mesa. Tudo a postos. No condomínio fazem a seleção do lixo padronizado em duas partes: lixo seco e lixo orgânico. Mais do que isso: na última reunião com o síndico já foi acordado que haverá contêineres diferenciados para cada tipo de lixo: um contêiner para metal, outro para plástico, outro para papel, outro para vidro, outro para lixo orgânico. Tudo direitinho, como manda o figurino. Como na Europa. Mas, digamos, desde já, que o mal não está nessas vantagens. Essas pessoas estão gozando das comodidades que a família e o emprego lhes dão. Ter organização e facilidades na vida não é defeito. Defeito é omitir-se, insensibilizar-se: fazer uma ideia errada de que o mundo verdadeiro é o que está à volta do umbigo ou o que protege seus interesses. Essa insensibilidade se apodera de muitas pessoas e esvazia sua cabeça. Pessoas desse tipo darão sempre prioridade às coisas secundárias. Os cachorros e os gatos da casa terão sempre ração de primeira, em contraste com a miséria dos filhos menores do caseiro ao lado ou do pobre da esquina que já não sensibiliza. Para essas pessoas, um cachorro sempre terá fidalguia na ração e nos cuidados veterinários. Jamais se moverão pensando nas crianças pobres com fome e sem casa, sem cuidados e sem pediatra. O que essa sociedade burguesa tem de perceber é que é urgente inverter as prioridades. É urgente voltar a ponderar e a praticar a civilidade e a cidadania. A civilidade como comportamento de relação correta entre pessoas educadas, ricas e pobres. E a cidadania como capacidade de levar em conta o dever e a solidariedade, a lei e a sensibilidade, a justiça social e a construção de vida decente dos excluídos. Solidariedade é atitude que nasce do coração, da sensibilidade, da leitura dos olhos e dos ouvidos, das crônicas sociais violentas e constrangedoras. A solidariedade nasce dos olhos limpos que têm capacidade para enxergar a necessidade ou a miséria do outro. É imoral que os cachorros ganhem a prioridade nas heranças. É injusto que certas pessoas sejam tão duras e tão mecânicas em relação aos outros e que não cultivem a capacidade de serem sensíveis ao óbvio que se estende a seus olhos em plena rua! Brasília pode tornar-se ainda a capital da solidariedade, da cidadania e da civilidade. Acredito que novos momentos de evolução social poderão corrigir a cultura da prioridade do cachorro em favor da cultura da prioridade do ser humano e da criança. Cachorro nunca poderá usurpar o lugar de uma criança. Há teorias humanistas na biblioteca de grandes senhores e intelectuais. Esses senhores conhecem-nas. Em contraste com isso, a sensibilidade desses senhores não ultrapassa a trajetória do canil nem os umbrais do portão de suas mansões. Entretanto, a realidade social pressiona. Escondidinha, lá mais adiante, chapinhando na água suja do bairro degradado, rota e esquecida, brinca a criança pobre, que não estuda, mas que é indispensável ser cuidada para o Brasil se desenvolver. O país precisa antes de tudo da consciência cidadã de todos. Depois precisa da mobilização de todos e de cada um. Com pré-sal ou sem pré-sal. O Brasil precisa de todos. Rumo a uma sociedade com novo rosto e dentro de uma ordem nova, econômica e social.



1 de setembro de 2009

João Ferreira
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