O Dia Internacional da Mulher foi criado porque as operárias da fábrica Cotton de vestuário e indústria têxtil, em Nova Iorque, foram protagonistas de um protesto no dia 08 de março de 1857. Para enquadrá-las, a polícia foi chamada, ateou fogo na fábrica e 129 operárias morreram queimadas porque reivindicavam melhores condições de trabalho e salário mais dignos. Naquela época elas trabalhavam de 16 horas por dia e queriam reduzir para 10. Ganhavam cerca de 1/3 do salário dos homens. (Achei mais de uma versão para esses valores)
No Ceará a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi agredida pelo marido durante seis anos. Numa vez ele tentou matá-la com uma arma de fogo e deixou-a paraplégica. Noutra vez ele tentou com choques elétricos e afogamento. Foi enquadrada por ser mulher e ter menos força física. Ela revoltou-se e não mediu esforços para aprovar no Congresso Nacional a lei que leva seu nome, Lei Maria da Penha. Antes de virar lei esse caso foi parar na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos – OEA e considerado, pela primeira vez na história, um crime de violência doméstica. Após 19 anos de julgamento o valentão ficou apenas dois anos em regime fechado. O nome dele, Marco Antonio Heredia Viveros, professor universitário.
Em 2004 a estudante brasiliense Maria Cláudia Siqueira Del’isola foi morta e seu corpo foi escondido dentro da própria casa pelos seus assassinos, o jardineiro e sua companheira. Cláudia foi enquadrada por ser jovem, bonita e mais rica que seus assassinos.
Todos os dias várias mulheres brasileiras estão nas empresas exercendo as mesmas funções que os homens e com competência conquistando, graças ao aumento do nível de escolaridade, os espaços que eram nossos. Estão sendo enquadradas com maior jornada de trabalho e menor salário que os nossos.
Neste ano de 2009 do século XXI a estudante Geisy Villa Nova Arruda, de 20 anos, da Universidade UNIBAN, em São Bernardo do Campo/SP, quase apanhou dos alunos porque foi à aula usando um vestido vermelho “curto”. A direção binladense da universidade concordou com os alunos talibãs e expulsou a moça. Ela foi enquadrada porque estava feliz com seu vestido “de festa” pouco acima do joelho e “maquiada como se estivesse numa festa”.
Sobre esse caso não tenho visto avaliações quanto ao comportamento desses estudantes. Além do dever do Estado de proteger a moça, deve-se estudar as razões da revolta desses alunos e encontrar respostas para algumas perguntas, tais como: eles estavam certos, se não estiverem qual punição receberão? Serão capazes de novos atos intolerantes? Observem que não se trata de um estudante isolado ou de um grupo pequeno. Creio que a atitude deles foi conseqüência de uma educação equivocada recebida em algum momento de suas vidas, seja na universidade ou nas escolas onde estudaram. Percebam que foi atitude de alunos de uma cidade, São Bernardo do Campo. Quais os valores morais (com relação às mulheres) o sistema de ensino, a família e a imprensa dessa cidade estão passando a sua juventude? Isso tem que ser respondido!
Amiga leitora desculpe-me se te cansei com essas leituras, mas quero alertá-la que você pode ser a próxima mulher a ser enquadrada – coisa que não desejo. Mas se acontecer não procure entender o porquê pois não existe explicação... É apenas por você ser mulher!
