I
Conquanto houvesse falhas tipográficas,
É sempre bom estarmos publicados,
Que as nossas rimas hão de ter bons fados,
Ainda que tão longe de seráficas.
O regozijo põe-nos preocupados
Com as maneiras clássicas ou sáficas,
Pois as virtudes, quando psicográficas,
Surtem alguns efeitos desusados.
Não vamos comentar as reações,
Que a humanidade é muito misteriosa,
Quando se trata destas escansões.
Nós aguardamos que haja alguma glosa
Que replete de amor os corações,
Estímulo gentil de que se goza.
II
Campeia pelo mundo tal desgraça
Que a gente não se lembra mais de Deus,
Embora poucos sejam só ateus,
Que as religiões lhes servem à trapaça.
Se, ao menos, não pensassem só nos seus,
Iriam ver que a dor os ameaça,
Que a vida, devagar, um dia, passa,
Dando aos bens da matéria triste adeus.
Ao despertarem, sentem que o mistério
Lhes reservou um trágico destino,
Que existe vida após o cemitério.
Por que desprezam tanto o nosso ensino,
Por mais busquemos algo muito sério,
P ra pôr de tema neste etéreo hino?
III
A turma que verseja neste dia
Não quer causar problemas ao amigo,
No entanto, não se foge do perigo
De ver que alguma rima nos judia.
Por isso é que nós temos bom abrigo,
Nesta terminação que imbricaria
Se fosse mais sutil a melodia,
Arranjo de um poema ao modo antigo.
Enseja-nos o verso esta ocasião
De pôr em pratos limpos nosso tema,
Conforme nos obriga a opinião.
Com arte, com sutil estratagema,
Os nossos companheiros dão o tom,
Para que o médium nunca o verso tema.
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