I
Declaro o meu amor pela existência,
Embora eu tenha muito o que fazer.
Mas peço ao Pai apenas o poder
De demonstrar ao mundo essa excelência.
Em versos rudes, cumpro o meu dever,
Conquanto sinta pouca competência
P ra promover, nas almas, refulgência,
Que a minha luz mal dá para escrever.
Às vezes, sinto um certo desconforto,
Por ter Jesus calado a sua pena,
E penso neste versejar tão torto.
Que triste é ter a mente tão pequena!
Poema que já surge natimorto,
Que o coração da gente não condena.
II
Jesus sempre caminha pelo etéreo,
A promover o amor pela existência.
Aos homens deste mundo deu ciência,
P ra que se leve a vida mais a sério.
E quando viu na Terra intransigência,
Kardec desvendou mais o mistério,
Propondo a quem sofria refrigério,
Se à lei se mantivesse obediência.
Enxames de entidades se apiedam
E vêm trazer mensagens de valor,
Que, nesse caso, as vozes não se vedam.
Seja mambembe o verso quanto for,
As normas do evangelho não se azedam,
Pois sempre existe alguém que sente amor.
III
As vozes que nos chegam doutra esfera
Fornecem diretrizes p ra virtude:
É sempre uma esperança que se mude
Para melhor o povo, nesta era.
Que tal se definir qual atitude
Irá convir melhor com que se espera
De quem apenas pensa e nada gera,
Por suspeitar que o etéreo nos ilude?
Fazer o bem ao próximo é de lei.
Amar ao inimigo é o supra-sumo
P ra quem defende os vínculos da grei.
O amor ao Pai do Céu é bem o rumo
Que vai levar do pobre até o rei.
Não está bem assim nosso resumo?
IV
Nostálgica figura compromete
A limpidez da idéia que floresce.
É como se, em velório, alguém nos desse
Um tamborim e um saco de confete.
Por isso é que é difícil que não cesse
A inspiração de um verso que repete
A mesma rima, sete vezes sete,
Podendo ser mui farta a nossa messe.
Mas, que fazer, se veio de Jesus
O mandamento que nos faz amar
Mesmo quem nessas trilhas se conduz?!
Amar, que nesse caso é perdoar,
Que assim é que se acende a clara luz
E sai o pando barco pelo mar.
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