LÁGRIMAS DE UM RIO.
Ana Zélia
Oi crianças, façamos um trato, eu cuido de vocês, vocês cuidam de mim.
Já fui um mero “olho d’água”, borbulhante, louco pra nascer, crescer, correr mundo, encontrar o mar.
Na caminhada trilhei pontos tortuosos, deparei com homens maus que tentaram me sufocar a todo custo, ora devastando as florestas que me davam abrigo; em meu leito atiram entulhos, fogões, geladeiras, mesas, cadeiras, colchões, garrafas que sobrevivem séculos. Virei lixeira a céu aberto. Pobre homem!
Meu Deus! Vi irmãos meus desaparecerem em meio às cidades de pedras; seus meandros cortavam bairros, alegravam a garotada que faziam festas nas enxurradas, muitas se foram na flor da idade, afogadas em minhas águas.
Hoje o mundo assiste catástrofes, só pagam o preço do mal que causaram a si mesmos.
Minhas margens foram destruídas para dar vida ao “progresso”, aos grandes latifúndios, à ambição sem trégua do homem.
Pobre homem! Aterrando os pequenos riachos que cortam as cidades, eles clamam pela desgraça do aumento do calor, num contraste à diminuição das chuvas, um deserto de terras rachadas, sem uma planta, sem uma árvore.
Pobre homem! Atentem mais para o meu Lamento, cabe a vocês crianças advertirem os pais, professores, autoridades para respeitarem a natureza. Os poucos riachos que ainda sobrevivem à maldade humana.
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Manaus, 02 de janeiro de 2010-01-02
Nota da autora- Assisto frente à telinha destruições anunciadas, o homem adentrando os mangues que sustentam a vegetação, as margens, os grandes lixões são os igarapés e não há sistema de esgotos que lhe dê vazão à quantidade enorme de águas pluviais. Continuem e logo, logo, a natureza cobrará em dobro as maldades praticadas por nós. Reflitamos. Ana Zélia
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