Jesus pediu para o povo
Que acreditasse de novo
Nas palavras de Moisés.
Relembrando os mandamentos,
Deu sujeição aos tormentos
E os esmagou com os pés.
O povo o escutou calado,
Pois estava escravizado
Ao ódio pelo inimigo.
— “Ao perdão as primazias?
Não dissera Jeremias
Que de Deus vem o castigo?”
Era difícil a glosa:
Por que via misteriosa
Cumpriria o seu dever?
Da força o poder mantinha,
Mas fugiria da linha
De amor estabelecer.
Começou a pregação,
Demonstrando que o perdão
Atingia a toda a gente:
Evitou que lapidassem,
Fez também que se curassem,
Dos crimes indiferente.
Como punir os culpados,
Se forem regenerados
Pelas crises da consciência?
Após curar as doenças,
Para manter suas crenças,
À lei queria obediência.
Para dar o bom exemplo,
Adentrava todo templo,
A pregar seu evangelho.
E mandava respeitar
Esse sagrado lugar,
Pelo “Testamento Velho”.
A lei deviam cumprir,
Para alcançarem porvir
De paz e prosperidade.
Mas, acima desses gozos,
Seriam mais generosos,
Para toda a humanidade.
Kardec veio depois,
E, no meio deles dois,
Avulta a igreja do Papa.
E prospera, enriquecida,
A paz acaba perdida:
A antiga lei se solapa.
Em nome de Jesus Cristo,
Muito homem foi malquisto,
Sem perdão nem caridade.
As Cruzadas foram “santas”
E as cruéis fogueiras tantas
Que a igreja virou maldade.
O povo que mais sofria
Viu que, pela rebeldia,
Não iria perder nada
E chamou os poderosos,
A repartir os seus gozos:
A lei seria mudada.
Mas a “crística” doutrina
Acabou na guilhotina:
O perdão foi enterrado.
Quem sofrera o tempo todo
Julgava errado o denodo:
Dos covardes era o brado.
Houve um terrível momento
De universal desalento,
Que a moral estava em crise.
Agiriam os do etéreo,
Desfariam o mistério:
— “Quem for bom se mobilize!”
Começou o movimento,
Que, no início, foi bem lento:
Pancadinhas sob a mesa.
O homem, sempre guloso,
Viu nisso um pequeno gozo,
Desde a plebe até a nobreza.
Mas havia inteligência
A propor nova ciência:
Começava o Espiritismo.
Uma pancada era “sim”;
Duas, “não” e três, o fim.
Dos médiuns era o batismo.
Escreveram-se mensagens,
Mas poucos viram vantagens
Nos processos primitivos.
As perguntas eram tolas?
Como fazer p ra dispô-las
Com melhores objetivos?
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