A VINGANÇA DAS FLORES.
Ana Zélia
Ela odiava verde. Se uma plantinha tentasse crescer, ela a arrancava e virava a raiz pra secar.
Não sonhava escrever livros, nem plantar árvores, filho já tinha.
A natureza em sua rebeldia pensava em como mudar aquele ser que nunca via beleza nas cores, nas flores, nas árvores frutíferas que podiam saciar a fome de seus netos quem sabe um dia. Nem de frutas gostava.
O tempo passou, a velhice chegou tão depressa e quase sem forças após cirurgia, já não se abaixava para destruir as plantinhas. E elas cresciam como o capim que fornece alimento às aves, coelhos, preás...
A cada dia surgiam flores, brancas, amarelas, daquelas que as “frumigas”, como dizia meu neto, ferram ao menor contato.
Vida efêmera, elas só abriam até o meio-dia como se vingando da velha senhora que nunca jogou sequer um copo de água fria em seus pés, elas floriam, cercando de beleza o quintal rodeado de capim: em suas pétalas o multicolorido das belas borboletas.
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Nota da autora- programa do dia 19/09/1998-Rádio Rio Mar de Manaus, Momento Poético.
Semana da árvore. Um fato me chamava atenção. Assim como pessoas adoram o verde, outras odeiam. Observando isto, escrevi A Vingança das Flores, daquelas que Deus planta para enfeitar a vida e que meu neto Karlheinz aos 4 aninhos, vendia pra vovó e ainda se preocupava com as frumigas. Manaus, 31 de janeiro de 2010. Ana Zélia
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