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Infantil-->O SABIÁ SABIDINHO -- 09/03/2018 - 21:37 (MARCIA OLIVEIRA ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SABIÁ SABIDINHO

Marcia Oliveira



Nós, quando brigamos com alguém, ficamos com raiva ou magoados e não queremos saber de desculpar.

Mas o sabiá de nossa história era diferente.

Chamava-se Zezo. Um nome curto, cheio de zês, tão cheio de zês, quanto seu coraçãozinho de alegria.

Sabem por que era tão alegre? Por que sabia desculpar. Ele não guardava raiva, nem mágoas.

Assim, era um animalzinho muito, muito feliz.

Vivia cantando e saltitando daqui pra lá e de lá pra cá, com a maior energia. Às vezes dava longos passeios, voando de um bairro a outro da cidade.

Sim, Zezo morava em uma cidade. Era um passarinho urbano.

Embora estivesse sempre voando e passeando pelos diferentes bairros, ele possuía uma residência fixa.

Morava no galho de um abacateiro, no quintal de um sobrado. Na verdade, aquele era um quintal antigo, cheio de árvores frutíferas.

Bem na direção do galho onde Zezo fez seu ninho, havia uma janela que dava para o interior do quarto das crianças: um menino chamado Pedro e uma menina chamada Bárbara.

Esqueci de dizer que além de ser sabido porque sabia desculpar, Zezo também era sabido porque sabia falar.

Mas ele só falava com crianças. Não gostava de conversar com adultos. Achava os adultos muito sérios e um pouco burros. As crianças não. Elas eram mais parecidas com ele. Eram alegres e muito inteligentes. Aprendiam rápido. Além disso, criança sempre fala o que pensa. Elas são muito sinceras. E Zezo gostava disso.

Quase toda a manhã, quando Pedro e Bárbara estavam brincando em seu quarto, o pássaro voava até o parapeito da janela e eles batiam um papinho. Mas isso era um segredo deles. Nenhum adulto podia saber, senão iam achar que as crianças estavam mentindo.

Conversavam sobre muitos assuntos. As crianças queriam saber se era bom voar, o que ele via lá de cima, se ele também brincava, como eram suas brincadeiras, quem eram os seus amigos, se ele tinha irmãos, se ele também ia à escola, enfim, faziam uma porção de perguntas como faz toda criança inteligente.

Uma noite, do galho onde morava, Zezo percebeu um movimento no quarto de Pedro e Bárbara. A avó deles chegou, deu um beijo e um chocolate para cada um e saiu, foi embora.

As crianças adoraram. Qual criança não gosta de chocolate?

Pedro comeu logo o dele. Bárbara não. Ela estava com piriri e teria de esperar o dia seguinte para comer seu chocolate. Guardou-o no armário e foi ao banheiro fazer o que a gente faz toda hora quando está com piriri.

Muito guloso e pouco amigo, Pedro aproveitou a ausência da irmã, foi até o armário, pegou o chocolate dela e comeu todinho.

Quando Bárbara chegou, resolveu colocar o chocolate na mochila da escola. Mas onde é que ele está?

- Foi você que comeu meu chocolate – disse ao irmão, e começou a chorar. Era um choro tão sentido, que Zezo resolveu ir conversar com Pedro.

- Pedro, você acha certo o que fez? – perguntou.

Pedro já estava arrependido e respondeu sinceramente:

- Não. Agoniado, perguntou:

- E agora?

- Agora converse com ela. Diga que não foi mesmo legal. Prometa que não vai mais fazer isso e peça desculpas.

Não é muito fácil pedir desculpas, mas Pedro reconheceu que estava errado e falou com a irmã, do jeito que Zezo sugeriu.

- Nunca! Nunca vou desculpar você, seu idiota! Não vou mais brincar com você, nem ser sua amiga. – respondeu Bárbara.

Aí foi a vez de Pedro ficar triste. Sua irmã não queria mais ser sua amiga! Puxa vida, que mais podia fazer? Já havia se arrependido, já havia pedido desculpas e estava disposto a nunca mais fazer aquilo...

Como já era tarde, todos foram dormir.

No dia seguinte, Zezo não foi passear. Ficou por ali, prestando atenção nas crianças.

Viu que os dois estavam chateados.

Vocês já sabem o motivo pelo qual Pedro estava chateado: a irmã não quis desculpá-lo. E Bárbara também não estava feliz porque estava magoada. A mágoa deixa a gente muito triste.

Então Zezo resolveu conversar com Bárbara. Disse:

- Olha, Bárbara, você tem razão de estar brava e magoada. Mas seu irmão reconheceu o erro e prometeu não repeti-lo. Por que você não o desculpa? Veja como ele está triste. Você também não está alegre. Vá lá, faça as pazes com ele. Assim vocês podem brincar juntos outra vez.

Bárbara pensou bem e resolveu dar uma chance ao irmão.

- Está bem, Pedro, eu desculpo você. Mas nunca mais faça isso, está bem? E da próxima vez que ganharmos um chocolate você vai ter que me dar um pedaço do seu, certo?

- Certo, maninha – respondeu Pedro, todo feliz por ter sido desculpado.

Bárbara também se sentiu melhor sem aquela tristeza apertando seu coração e, juntos, foram até a janela contar para Zezo.

Para comemorar as pazes, Zezo deu um show para os meninos: voou de ponta-cabeça, com uma asa só, deu piruetas no ar, vôos rasantes, saltos mortais e imitou os trapezistas, balançando-se e jogando-se de um galho a outro.

Um caracol que passava embaixo do pé de abacate vendo tudo aquilo falou:

- Que sabiá maluquete!

As crianças ouviram e Bárbara respondeu:

- Ele nos ensinou a desculpar e a não fazer de novo. Ele é um maluquete legal e muito sabidinho!

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