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Artigos-->Indispensável -- 20/03/2010 - 19:37 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certa vez o médium Chico Xavier fora convidado para uma reunião numa cidade vizinha a Belo Horizonte, onde seria homenageado e sua presença, segundo o convite, era indispensável. Quando estava a caminho, Chico recebeu uma mensagem do seu guia espiritual Emanuel que dizia o seguinte:

- Então, você se julga indispensável e, por isto, rompeu todos os obstáculos e viaja assim como quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico, que o serviço do ganha-pão é indispensável a você? Pense bem...

O Chico pensou... E, na estação seguinte desceu do trem e tomou outro de volta...



Pouco antes de ouvir esta história contada pelo meu amigo Antonio Luiz, retirada do livro de Ramiro Gama, biógrafo de Chico Xavier, ouvi certo senador na Rádio CBN dizer que os servidores que trabalham em seu gabinete “não assinarão o ponto”. Que estariam liberados para chegar e sair do trabalho a hora que quisessem. E com autoridade ele arrematou: “quem manda no meu gabinete sou eu não é a Administração do Senado”.

A fala do senador deu-se pela repercussão na imprensa nacional que 20 senadores dispensaram 270 servidores de assinar o ponto, conhecido também como controle de freqüência.

Confesso que achei muita coragem do senador chamar para si a responsabilidade sobre os horários dos seus funcionários e no fim do mês eles receberão os salários completinhos, sem faltar um centavo. Estamos em ano eleitoral. Época em que geralmente os políticos são muito cautelosos com as palavras.

O senador esqueceu que o gabinete não é dele, é do povo sergipano que o elegeu e, já que seus eleitores batem ponto em seus empregos, podem cobrar dele o ponto dos seus funcionários. E até pior, podem julgá-lo indispensável lá em Sergipe e não mandá-lo a Brasília nas próximas eleições.

Outro exemplo. Vendo as imagens das pessoas desabrigadas pelo terremoto no Chile em fevereiro, uma ficou-me na memória. As pessoas saqueando um mercado em busca de comida. Só que entre elas um homem, em vez de pegar comida, levou uma geladeira, ainda na embalagem, nas costas. Enquanto as pessoas disputavam comida, a geladeira era o bem mais indispensável para ele.

Não me cabe julgar o comportamento do ladrão de geladeira mas uma coisa é certa: ele aproveitou-se da fome dos seus vizinhos para levar um bem de luxo. A sua fome era de geladeira. Creio que ele deixou a geladeira em casa e voltou ao mercado para levar o que colocar dentro dela.

Por último, na minha adolescência conheci a mulher dos meus sonhos e marcamos encontro numa Discoteca. Atrasei uns 20 minutos porque o ônibus não passava – eu não tinha carro e ainda não havia celular. Vi-a encostada na parede. Ao me aproximar, ela disse: “você está atrasado vinte minutos. Como você não me respeitou no nosso primeiro encontro nunca me respeitará pelo tempo que estivermos juntos”. Tentei me explicar mas foi em vão. Fiquei toda a matinê vendo-a dançar envolta em meus sonhos. Eu era “dispensável”.

Já conheci muita gente que se julgava indispensável e hoje está fora do páreo. Neste momento lembro-me de algumas pessoas queridas e indispensáveis que hoje moram no cemitério. Muitas vezes julguei-me indispensável, mas expulsaram-me de suas vidas. Hoje posso dizer com tranqüilidade: só o ganha-pão é indispensável ao ser humano.



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